CAPÍTULO 11

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   Após minha triunfante vingança, voltei para casa e me despedi de minhas primas, admito que assim que elas partiram, o palácio pareceu extremamente vazio, como nunca havia visto em toda minha vida, e com a partida delas — fervorosamente felizes e se sentindo vingadas pela minha ação — eu e Amelie nos aproximamos ainda mais, como se algo estivesse faltando uma a outra.
   O Natal passou tranquilamente, fizemos nosso jantar beneficente para todos os súditos, o qual é feito todos os anos e amado pelo povo. Tivemos alguns ataques como já é de costume, afinal, abrir os portões sempre ocasiona na mesma situação, por sorte, não se tornou algo maior e logo foi controlado. Uma das poucas situações em que fui atacada verbalmente e fisicamente fora neste evento, então após este ocorrido, sempre tenho um pé atrás, mas confesso que nunca entendi como em dias quaisquer em que eu frequentava livremente a vila, eu era amada por todos, mas quando acontecia um evento da coroa lhes dando algo, era motivo de fúria, talvez seus egos fossem muito grandes para aceitarem ajuda.
   Assim que a festividade passou, meu pai havia ido viajar a negócios, e Amelie assumiu o poder, o que por algum  motivo, o qual não entendi, gerou raiva em Kristine. Amelie e seu amado estavam mais felizes que nunca, eles se conheciam a menos de um mês, mas ela já esperava o pedido por sua mão. Ela andava por todo lugar sorridente, até mesmo o trabalho não estava a estressando como antes. Ela fez o pedido a nosso pai, que a coroação fosse adiada até que o casamento acontecesse, pois ela queria que fosse um evento de cada vez, o que me surpreendeu e admito que me deixou com uma pulga atrás da orelha, mas o mais importante era o desejo dela, então resolvi não interferir.
   Enquanto isto, todas as três reuniões da aliança que ocorreram neste mês, me empenhei em derrotar Lawrence sob quaisquer circunstâncias. Ao iniciar estes 31 dias, iniciei também, aulas com um general, que me dava aulas frequentes sobre estratégias para derrotar o inimigo, inimigo este que estava despreparado, pois sempre que um problema era discutido, Lawrence oferecia uma solução e eu o contra atacava. Na primeira reunião, estávamos discutindo sobre os limites de onde poderiam ter construções, pois os cidadãos estavam fazendo novas moradias muito perto da divisão entre o reino de Winsford e Halcion, Lawrence sugeriu que um rio fosse criado para as fazer as limitações, então eu contra pus, explicando que se um rio fosse criado, atrairia ainda mais os plebeus, além de abrir um novo caminho para possíveis inimigos, e ofereci a solução de usarmos uma grande montanha que havia perto da fronteira como limite. Como previsto, escolheram minha solução, e me senti uma vencedora ao ver seu olhar de ódio. Essa situação se seguiu durante as outras reuniões, eu contra atacava, mesmo sem ter uma solução em mente, apenas para irritá-lo, e os outros membros estavam se divertindo com nossa "guerra particular".
  
   Acordei assim que Angeline abriu as cortinas, fazendo a luz do sol bater em meu rosto e logo vi seu rosto, sorrindo para mim. Levantei da cama sem forças alguma no corpo, para minha infelicidade, a minha eu de ontem havia ido dormir tarde, e hoje tenho que lidar com as consequências. Levantei os braços e outras duas criadas tiraram minha chemise, logo após adentrei na banheira e apreciei um banho demorado, o que foi bom para que eu pudesse despertar. Assim que saí do banho, fui para o quarto e comecei a escolher meu vestido para o dia, hoje Angeline havia trazido três opções: amarelo suave, vinho e um verde claro. Optei pelo amarelo, não queria nada extravagante como o vinho, e apenas não me pareceu um dia para vestir verde. Assim que a sobreposição foi colocada em meu corpo, Angeline começou prender o cordão do meu corset.

   Enquanto a observava fazer tal ato no espelho, começamos a ouvir um grande barulho vindo do lado de fora, assim que escutei um pouco, pude notar: eram gritos. Me apressei em pegar o roupão que uma das criadas ainda segurava e vesti imediatamente.
  — vocês precisam ir para o outro andar— expliquei e logo elas obedeceram a ordem saindo do quarto, eu fui logo em seguida.
   Sempre que gritos eram ouvidos, era certo de ser uma coisa: Kristine descobrira sobre uma amante. Em situações como essa, todos os criados se afastavam, não como se eles não soubessem que isso ocorria, Kristine só não podia saber que eles sabiam.
   Andei ligeiramente, que quase corria em direção aos gritos, até finalmente encontrá-los próximo a escada.
  — Como pôde!? Tudo o que pedi, era a minha única exigência — nunca havia visto Kristine tão estérica, estava gritando em meio à soluços, ela gesticulava com as mãos segurando algumas folhas, seu rosto estava completamente manchado já que as lágrimas haviam desfeito sua maquiagem — Mas você não conseguiu se contentar com todas as outras rameiras que você arranjou. Não! Claro que tinha que ir atrás dela, justo dela! — ela caiu de joelhos e logo sentou sobre os próprios pés, com as mãos no rosto.
  — Kristine, está entendendo tudo errado, por favor se comporte como uma rainha, levante se! — meu pai exigiu, oferecendo uma mão para ela.
  — O que houve? O que aconteceu desta vez?
   Eu não podia imaginar do que se tratava aquela confusão, mas já sabia o culpado de tudo isto: meu pai. Observei aquela cena por alguns segundos, quando de repente noto a presença de um par de olhos verdes em mim a alguns degraus abaixo. Senti uma felicidade genuína que quase esqueci a situação em que estávamos, após ver que notei sua presença, ele me respondeu com um meio sorriso, mas antes que eu possa retribuir, Kristine grita para mim.
  — E é tudo culpa sua! Sempre vai ser culpa sua! — apesar de sua situação, que se assemelha com uma criança fazendo birra, o ódio em seu olhar era mortal, eu conhecia aquele ódio — Ele — ela aponta para meu pai sem tirar os olhos dos meus e se levanta caminhando em minha direção, dou um passo para trás — ele estava se encontrando com a rameira da sua mãe!
   Senti meu coração parar de bater por um segundo e o mundo a minha volta ficar zonzo. Não podia ser verdade. Aquelas palavras não eram verdadeiras.
   Vi meu pai sinalizando para os guardas, e logo dois surgiram, agarraram Kristine a levando a força, no começo ela se debateu, mas logo se deu por vencida, caindo no choro novamente.
  — Tudo o que venho fazendo durante todos esses anos é tentar ser amada por você, o que eu fiz de tão errado? — ela disse por entre o choro, aquela declaração doeu em meu coração, pois eu sabia muito bem o que aquilo significava.
   Meu pai seguiu junto os guardas, sem dar nenhuma explicação. Me encostei na parede por alguns segundos, tentando controlar minha respiração, mas logo lembrei do par de olhos verdes que estavam em mim, eu não podia desabar ainda, tinha que fingir um pouco mais, eu sei que consigo.
   Desci alguns degraus até chegar a ele e peguei sua mão, o arrastando comigo até meu quarto.

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