CAPÍTULO 6

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   Assim que terminamos de tomar café, nos levantamos da mesa e cada um foi para um lado, me senti deslocada, não tinha certeza se seguia alguém ou simplesmente fingia que estava fazendo algo. Demorei tempo suficiente pensando e acabei desistindo de seguir alguém, então subi as escadas e fui para o quarto em que estava instalada para organizar minhas malas, para assim podermos partir. Juntei todos os meus pertences que estavam em cima da penteadeira, sabia que a criada poderia fazer isso para mim, mas queria fingir que tinha algo para fazer. Após acabar, decidi encontrar os outros, ainda não tínhamos recebido a resposta do reino de Glinter, estava ansiosa para isso, quando vejo uma criada limpando um espelho do corredor a pergunto onde o príncipe Rodolpho estava, então ela para o que está fazendo e me guia até uma sala que ficava na parte baixa do castelo.
   
   O guarda que estava ao lado da porta abre a porta para mim e eu entro no local. A sala era uma adega, seu tom era vermelho e suas paredes eram com várias garrafas de bebidas, a maioria vinho, Rodolpho estava sentado do outro lado da mesa do centro com um charuto na boca, Dot estava apoiada na mesa de bebidas e com os olhos em Lawrence, mas quando me vê abre um sorriso, ao contrário de Lawrence que estava com um sorriso no rosto que some ao me ver. Arqueio a sombrancelha  ao ver Lawrence com um charuto também, roupas informais e o cabelo não estava penteado, havia um copo com uísque sobre a mesa, de quem seria?
  - Estão se divertindo e não me chamaram?
  - Estávamos te esperando na verdade Abby- Dot faz um sinal com as mãos e me aproximo dela.
  - Agora que a senhorita Abigail chegou, podemos tratar dos negócios- Rodolpho coloca seu charuto de lado- aliás, lhe peço mil perdões pelo ocorrido de ontem a noite, estava fora de mim, bem, nem me lembrava do que tinha falado, mas Dot me disse que errei e quero seu perdão- ele junta as mãos para reforçar seu arrependimento.
  - Claro, eu entendo- na verdade não entendia, mas tive que perdoar por um bem maior.
  - Bem, então podemos começar. Então, em que beneficiaria nosso reino entrar em vossa aliança?
  - Primeiro, estar dentro de uma aliança, lhe fortalece em todos os quesitos - Lawrence se arruma na cadeia e apaga seu charuto- seja nos conflitos, recursos, mãos de obras, navegações... Como sabe, o reino de Lowell é conhecido por ter grande mão de obra - Lawrence me olha e entendo que é minha vez de falar.
  - E o reino de Winsford é conhecido pelos grandes navios, fazemos todos os anos no nosso reino uma temporada onde servimos nossos navios aos nossos aliados, acredito que seria de grande ajuda para os negócios.
   Todos os olhares da sala estão em mim.
  - Allendorf tem grande poder de guerra, pois tem muitos soldados, Callanham e Halcyon são os maiores produtores de armamento dos reinos, se entrarem na aliança, terão tudo isso disponível e para um reino de grande expansão como o vosso, acredito que seja a melhor oferta para o momento.
  - Poderíamos entrar em qualquer aliança que quisermos, algumas tem as mesmas coisas que a sua, o que diferencia a vossa?
   Olho para Lawrence.
  - Nossa aliança é uma das mais antigas, lhe garanto que é a mais leal que irá encontrar e ainda há um motivo ainda melhor... O reino de Glinter entrar em uma aliança onde Winsford está, selaria todos os conflitos e todas as guerras que já houveram, ao menos formalmente, já que não há mais conflitos entre nós.
  - O que acha Dot?
  - Bem... Vamos ficar com a decisão que já havíamos discutido.
  - Certo.
  - E então, qual é a resposta?
  - Já havíamos conversado antes, e nós concordamos que entrar na aliança seria um bom negócio, nossa resposta é sim.
  - Que maravilha, não irão se arrepender- Lawrence aperta a mão de Rodolpho.
  - Você é muito boa em persuadir alguém Abby, mesmo que nossa resposta tivesse sido não, acredito que você mudaria nossa mente- Dot me abraça- fico feliz, agora iremos nos ver mais vezes!
  - Obrigada Dorothea, também fico feliz!
  - Aqui está o contrato já assinado, vocês são uma boa dupla aliás- nos olhamos - vamos marcar uma festa para comemorar!
  - Esta é uma ótima idéia!

   Conseguir que eles aceitassem entrar na aliança foi uma grande conquista para mim, estar participando dessa decisão talvez fizesse com que papai confiasse mais em mim, e me deixasse participar das reuniões com o conselho. Nos despedimos deles e partimos nas carruagens, a neve dessa vez estava fraca.
  - Até que você não é tão ruim quanto imaginei que seria.
  - Isso seria um elogio disfarçado? E quem disse que pode me tratar de forma informal?
  - Ah desculpe vossa alteza, aliás, de jeito algum isso foi um elogio- ele pega uma garrafa de bebida que estava ao lado do banco - vamos comemorar vossa alteza?- ele fala com um tom de deboche.
  - O que há de errado com você?- pego uma taça que ele estava me oferecendo- só vou aceitar porque estou realmente feliz.
  - Nunca participou de uma negociação... Vossa alteza?
  - Está bem, já pode parar, por favor me trate informalmente.
  - Mas isso seria um grande desrespeito com a princesa- seu tom de deboche persiste.
  - Não se preocupe vossa majestade, eu não irei me importar com isso mais.
   Ele me olha com o rosto sério e depois se volta para garrafa e continua tentando abrir.
  - Fiquei surpreso quando mencionou os antigos conflitos entre seus reinos- ele diz ainda com os olhos na garrafa.
  - Queria convencer eles a qualquer custo.
  - Afinal você não é incompetente, apenas desinformada.
  - Como ousa...- então ele quer mesmo fazer esse jogo?- tive que fazer tudo, já que ficou calado e esperou que eu fizesse tudo.
  - Haha, fizesse tudo? Antes de você chegar, eu que fiz amizade com eles.
  - Ah claro, não ia nem mencionar como foi humilhante de sua parte, logo você que é tão certinho com as normas, usando roupas informais para negociar, sem dizer que estava fumando charuto apenas para ganhar atenção- seu olhar finalmente se volta para mim.
  - Não foi você que estava seduzindo príncipe Rodolpho na noite passada?
  - E pelo o que vi, você estava fazendo o mesmo hoje pela manhã, desabotoou a camisa para chamar atenção de Dorothea e estava funcionando perfeitamente quando entrei.
   A garrafa então se abre.
  - Estava fazendo o mesmo que você.
  - A mesma coisa que julgou não foi?
   Ele faz um barulho que parece um rosnado. E então coloca a bebida em meu copo, que acaba derramando, fazendo cair sobre meu vestido e me espanto.
  - Ah então agora vai querer me sujar?
  - Perdão, vossa alteza.
   Seus olhos estavam furiosos, depois virou o rosto para o lado contrário e fiz o mesmo, bebi minha taça ainda enfurecida e quando acabei, ficamos em total silêncio o restante da viagem.

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