1. Corrompidos

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"O homem  nasce bom, a sociedade o corrompe."

7 anos depois

Três batidas na porta, e Billie tomou um susto. A noite anterior havia sido agitada. Billie sabia dos riscos de ir xeretar os bailes da alta sociedade da cidade, mas não ligava para os perigos da noite. Havia aprendido desde cedo a se defender dos traidores. Principalmente os de sua casa.

—Billie abre essa porta! — a voz de Jesse a fez pular da cama com raiva— Não me faça chama-la novamente!

Os passos estrondosos do primo a irritavam. Jesse era na maioria das vezes um pé no saco dela. Queria gritar, logo pela manhã. Mas decidiu não chamar mais atenção por enquanto.

Levantou e bebericou o resto de água de sua caneca que estava na cômoda pequena ao lado da cama. Havia uma fresta de luz vazando pelo pedaço de madeira na janela, Billie observou atenta para a hora que deveria ser.

—Quase oito. —suspirou prendendo o cabelo curto em um coque. — Belo dia pela frente. — disse a si mesma em tom de deboche.

A garota pegou se casaco e desceu apurada tentando calçar a bota preta quase rasgada de tanto uso. Ela sabia como era viver daquele jeito, como se todos os dias fossem ser os últimos.

—Você tem sorte sabia? —Jesse riu irônico .

—Vê se me esquece, Jesse! —esbravejou

—Onde conseguiu essas coisas? Pão, trigo, café? — Jesse se aproximou da prima firmando o olhar—Tem algo pra me contar?

—Consegui da mesma forma que você consegue primo. Algum problema? —Enfrentou.

Jesse era um rapaz esperto. Entendeu o recado da prima e deu um passo pra trás. Ele não era a pior pessoa do mundo, mas com certeza não estava na lista dos melhores. Jogou o cabelo escuro de lado antes de responder.

—Nenhum. Está aprendendo com sua mãe, afinal. Ela teria orgulho —deu de ombros — Tenho que ir. Fiz café já que você trouxe. Não tem muito, mas deve dar. Precisa comer alguma coisa antes que morra de fome prima.

—Seria tão ruim assim? —Billie questionou e não houve resposta.

***

Laboratório da cidade 1

3 p.m

Os algoritmos eram os melhores amigos de Simon. Ele sabia que talvez devesse ser mais agradecido por ter sido tirado da fome por causa deles. Foi adotado desde muito pequeno por uma família de estudiosos que haviam acabado de perder o filho. Pra surpresa deles, Simon era um gênio. Havia crescido entre os mais nobres e ricos da cidade 1 e suas notas escolares eram as melhores. Passava tanto tempo dentro do laboratório que era como se fosse sua segunda casa.

—Benito! — A voz do amigo o despertou de seus pensamentos.

—Você quase me mata de susto! —esbravejou Simon sabendo que sua raiva não duraria nem 1 min.

—Simon Benito pego no flagra. Qual será sua próxima criação? —o amigo se aproximou encarando o frasco aquoso esverdeado.

—Se meus pais me pegam aqui essa hora da noite, estou ferrado! —disse voltando-se para o frasco.

—Duvido que fariam algo com o gênio da cidade. —o loiro deu de ombros.

—Você não conhece essa gente, Tony? Não dá pra confiar nessa gente!

—Não diga coisas que você não sabe, Simon. A culpa não é deles, sabe bem que a nossa sociedade não é justa.

—Talvez nenhuma sociedade seja. Quem se corrompe faz porque quer Anthony. Você tem sorte de ser filho do magistrado! —deu de ombros.

FRAGMENTADOSWhere stories live. Discover now