- Sabia que é muito educado oferecer uma água quando vê que a pessoa está igual um camelo? – Digo, por fim. 

Na verdade eu não estou nem com tanta sede, mas não aguento mais um minuto ficar com esses olhares sobre mim. Ele apenas abre um pequeno sorriso e enquanto vai buscar a agua aviso que vou ao banheiro. Fecho a porta e minha vontade é de me jogar no chão. A essa altura todo meu calor já passou e volto a sentir frio. Lavo o rosto e pego um elástico que encontro em cima da pia para prender parte do cabelo. 

Cabelos curtos podem ser muito práticos para lavar, secar e arrumar. Mas é uma merda para prender. Volto a me olhar no espelho e meu rosto está vermelho, não sei se é pela falta de ar causada pelo Brian ou a dificuldade em respirar por causa da dança. Aposto na primeira opção. 

 Quando volto para a sala vejo que ele está jogado no sofá e tem um copo de agua vazio e outro cheio na mesa. Pego o copo cheio e me sento ao seu lado. Seus braços que está esticado praticamente sobre meus ombros. Finjo não notar tamanha proximidade. 

 - Eu estive pensando... 

- Dizem que faz bem pensar– Digo e tento beber a água sem rir. Ele revira os olhos e se senta de uma forma que ficar voltado para mim. Faço o mesmo. 

 - Se a grande filósofa me dar a honra de continuar, tem coisa a acrescentar ainda. –Faço uma pequena reverencia com a mão ele continua a falar. – Você tem razão sobre tudo aquilo. – Percebo meus olhos arregalarem um pouco mais e começo a beber mais água. – Eu sou completamente um covarde. 

 Seus olhos fixam nos meus e me sinto nervosa o bastante para não conseguir focar em nada especifico. Por isso começo a mexer no copo, me obrigando a focar nas unhas. 

 - Não foi bem isso que quis dizer. – Digo após alguns segundos eternos e volto a olhar pra ele, como uma criança pedindo desculpas após quebrar algo. 

 - Foi isso sim, Rebeca. – Meu nome em sua voz me faz estremecer, é tão raro ele me chamar pelo nome todo, sem apelidos nem nada. – Eu me escondo do que sinto de verdade, e eu sei que não são boas justificativas, mas é a verdade. Eu não sei como lidar com nada. E eu preferi por muito tempo ficar com alguém em que eu me sinto confortável de uma forma acomodada a ficar com alguém que me atira em um caos de insanidade. 

 - Preferiu? – É a única palavra que consigo expressar, pois sinto minhas mãos tremerem e meu coração disparar ao passo em que minha respiração vai ficando cada vez mais falha. 

 - Sim, preferi. Porque eu terminei com a Cecilia. 

Um barulho estridente toma conta da sala e eu percebo no mesmo instante que deixei o copo cair da minha mão. Olhamos para os cacos quebrados no tapete, mas nem eu, nem ele fazemos menção de pegar nada. O susto é tão grande que eu sou forçada a me beliscar porque parece que estou dormindo. 

 - Sério? – É tudo que consigo exprimir, com muita força, aliás. 

 - Não. Nada sério. Tudo isso foi uma brincadeira Rebeca! – Ele diz e parece ficar bravo, e dessa vez eu tomo um susto maior ainda. Se ele estiver fingindo agora ele realmente deveria ganhar um Oscar. – É claro que é sério. Por isso eu não fui pra escola hoje. Não faço menor ideia de como ver ela. Vamos dizer que não foi muito agradável fazer isso, de romper, pessoalmente, mas não quis ser ainda mais canalha e terminar as coisas por mensagem... 

 - Eu não sei o que te falar. Você está bem com isso? – Pergunto sem ter mais nada para falar. 

 - Não estou bem com o fato de isso ter abalado tanto ela, apesar de eu sempre ter deixado claro que os sentimentos não são profundos. Mas me sinto mais leve. O que é estranho. – Ele passa a mão nas penas como se tivesse desconfortável e se levanta. – Acho melhor pegar uma vassoura e uma pá. 

 - Não, deixa que eu faço isso. Sou um desastre ambulante! – Digo enquanto me levanto com ele e vou ajudá-lo. 

 Passamos o resto da manhã juntos, em determinado momento fizemos alguns exercícios de matemática que estavam acumulados e pude perceber como Brian é inteligente ou talvez eu seja muito burra em exatas mesmo. No fim, fico com as duas alternativas juntas. O resto da manhã passa lentamente, mas de maneira agradável, a chuva alivia e o frio passa um pouco. Não tocamos mais no assunto, mas ambos pensamos em tudo que foi dito. Nosso olhares entregam o que não dizemos.  


Amoreeeees, estão vendo que estou tentando publicar com mais frequência novos capítulos não é? Não sei se a qualidade está a mesma ou se diminuiu, mas é por conta da falta de tempo. Espero que tenham gotado desse capitulo e da música escolhida para ele, escrevi quase ele todo ouvindo essa banda (que eu amo, aliás). Não esqueçam de votar e me contar tudo nos comentários. Ah e fiquem de olho que estamos na reta final, mas ainda muita coisa vai rolar por aí... Beijos e espero vocês nos comentários!

Just a Year - (COMPLETA)Where stories live. Discover now