Jantar

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Gabriel

Andei até o sofá com o balde de pipoca. Hoje era sábado e eu estava de folga ou seja, irei passar o dia com a pequena Vitória, que estava nesse exato momento em pé em cima do sofá cantando a música da Barbie castelo de diamante.

"Tudo que eu quero pedir.É o que te faça sorrir.E que cultivemos pra sempre essa união.Sigamos sonhado assim,eu cantarei por você e você por mim ou oua,a nossa canção"

Sorri negando com a cabeça, achando uma graça. Vitória era uma menininha incrível, alegre e muito inteligente, mas o que me deixava triste e que também ela era muito carente pelo que eu pude ver nos dias que passaram.

As vezes ela me perguntava ou falava umas coisas que me deixava pensativo mas também triste. E eu simplesmente não entendia, o porque da mãe dela ter abandonado uma garotinha tão amorosa e encantadora como Vitória para trás.

E por mais que ela tivesse Felipe para lhe dá carinho, não era a mesma coisa, a falta materna que ela sentia ainda estava ali e eu sabia bem como era ter um vazio desse no peito.

As vezes quando ela estava carente, ela vinha até mim e perguntava se eu podia abraçar-la e eu nunca negava um pedido tão doce daquele.

"Aqui sua pipoca" — Entreguei o balde para a pequena, que sentou começando a comer.

"Será que elas vão conseguir encontrar o castelo?" — Perguntou e eu assenti, já sabendo do final do filme. Era um dos meus preferidos da Barbie também.

"Pode ter certeza que sim" — Falei e a vi concordar.

"Toma titio, come comigo" — Me estendeu o balde e comecei a comer. "O papai está demorando hoje, será que aconteceu alguma coisa?" — Perguntou e eu a olhei.

"Ele já deve está vindo" — Respondi olhando a hora em meu celular, vendo que já era quase oito da noite ou seja teria que ir fazer algo para comermos. "Está com saudades dele?" — Perguntei.

"Eu sentia muita saudades dele, quando ele saía para o trabalho. Mas depois me acostumei a ficar sozinha" — Respondeu o que me deixou triste. Como alguém se acostuma a viver sozinha? Numa casa sem ter basicamente ninguém para conversar?

"Vitória porque você não vai a escola? Você já tem idade para tá em uma" — Perguntei curioso. Talvez a escola fizesse bem para ela se socializar e fazer amigos.

"Meu papai disse que aqui na favela não temos uma escola, porque as pessoas do asfalto tem medo de vim para cá ensinar e eu não posso ir estudar na escola do outro lado porque o papai falou que tem muita gente do mal que pode me fazer mal para atingi-lo" — Respondeu. Era surpreendente como Vitória só tinha apenas cinco e era uma garotinha tão esperta e inteligente.

"Mas você tem vontade de ir para a escola?" — Perguntei.

"Sim, mas acho que o papai não deixaria" — Falou um pouquinho triste.

"Talvez eu possa conversar com ele, quem sabe ele não deixe" — Falei, logo vendo um sorriso grande iluminar seu rosto.

"Você faria isso por mim titio?" — Perguntou animada.

"Se for para ver esse sorriso, com certeza sim" — Sorri a vendo me abraçar e depois soltar pulinhos no chão animada.

"Obrigada, obrigada. Você é o melhor tio do mundo" — Respondeu sorrindo e eu sorri mais aínda.

Voltamos a ver o filme e eu fiquei ali fazendo trancinhas em seu cabelo, enquanto escutava ela comentar sobre o filme, quando terminei falei que iria para a cozinha fazer o jantar e a mesma assentiu.

•O DONO DO MORRO || Destinados •Where stories live. Discover now