Capítulo I

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PONTO DE VISTA DO NARRADOR(A):

Quando a Princesa Isabel de Portugal, acompanhada por seu séquito de damas de honra e nobres da corte portuguesa, chegou à fronteira entre os Reinos de Portugal e Espanha, foi recebida calorosamente pelos duques de Calábria e de Béjar, assim como pelo arcebispo de Toledo e seu protegido, o cardeal arcebispo de Sevilha, D. Alonso Javier Habsburgo de Áustria, irmão bastardo de Carlos V.

Rumores pairavam sobre a corte acerca da Rainha Joana, conhecida como Joana, a Louca, grávida de Carlos, enquanto seu marido, Filipe, se envolvia romanticamente com uma jovem dama de apenas dezasseis anos. Após o nascimento de Carlos, a jovem dama deu à luz um menino no palácio de Gante, sendo ambos enviados para Sevilha por Filipe, que providenciou uma quantia para garantir seu sustento. Quando Alonso Javier completou quatro anos, foi matriculado numa escola eclesiástica, seguindo ordens de Filipe, que desejava proporcionar uma vida condigna ao filho bastardo, semelhante à de seus filhos legítimos com Joana I de Castela.

A partir dos quatro anos, Alonso Javier dedicou-se aos estudos na Escola Capitular de Santa María de la Sede, conhecida como Escola da Catedral de Sevilha. Em 1517, tornou-se Cardeal de Sevilha, ascendendo em 1523 ao título de Cardeal Arcebispo de Sevilha, com a influência de seu meio-irmão, Carlos V, agora Rei de Espanha e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, além de controlar territórios nos Países Baixos.

Com o título, Alonso Javier passou a residir na corte de seu meio-irmão, alternando entre o Real Alcázar de Sevilha e a Arquidiocese de Sevilha. Conservando sua posição clerical, ele era respeitado por sua erudição, rigidez e compaixão pelo próximo.

Foi somente em 1526, ao receber a Princesa Isabel de Portugal, noiva de seu meio-irmão, que Alonso Javier percebeu, entre as Damas de Honra, a deslumbrante Isabella Constança Belmonte de Bragança Albuquerque de Almeida, recém-completados 18 anos.

Isabella Constança, de beleza notável para a época, possuía olhos cor de mel, longos cabelos castanhos cacheados, uma estatura de um metro e sessenta e quatro centímetros, rosto oval delicado, pele alva e um corpo esculpido como uma obra renascentista.

A atração repentina por Isabella desviou Alonso Javier de sua devoção clerical e celibato, desafiando sua natureza inabalável. A presença de Isabella na corte de Carlos V prometia tumultuar o equilíbrio da vida do Cardeal Arcebispo de Sevilha.

Ao desmontar de sua égua branca, Isabel de Portugal aproximou-se dos duques de Calábria e de Béjar, do arcebispo de Toledo e do cardeal arcebispo de Sevilha, D. Alonso Javier.

"Bom dia, nobres senhores," saudou elegantemente Isabel de Portugal. "Espero não tê-los feito esperar demasiadamente por minha chegada."

O duque de Béjar reassurou a Princesa Isabel: "Oh, vossa alteza, a vossa chegada foi pontual, até mesmo antecipada em relação ao previsto."

"Certamente, vossa alteza. Aguardávamos a vossa chegada com as damas de honra e os nobres para mais tarde. Entretanto, estamos felizes que tenhais chegado adiantadamente," acrescentou o duque de Calábria à Princesa Isabel de Portugal.

"Bem, então, por que não seguimos o nosso caminho? Estou ansiosa por ver o meu futuro marido," disse Isabel aos duques de Calábria e de Béjar.

"Certamente, vossa alteza está," respondeu o Arcebispo de Toledo à Princesa Isabel. "Mas devo informar-vos que houve algumas mudanças de planos. A vossa alteza terá de acompanhar-nos até Sevilha, pois o Rei deseja que o matrimónio seja realizado lá."

"Bem, se é desejo do meu futuro marido e rei, então devo obedecer imediatamente," declarou Isabel firmemente decidida.

Sem mais demoras, Isabel de Portugal foi conduzida a um luxuoso coche, enquanto os nobres portugueses a seguiram a cavalo, alguns também em coches. As Damas de Honra acompanharam Isabel em outros coches. Contudo, Isabella Constança recebeu uma surpresa inesperada. D. Alonso Javier, ao perceber que o coche ao qual Isabella se preparava para entrar já estava lotado com o número máximo de damas de honra, aproximou-se dela e solicitou que fosse com ele no coche em que havia chegado.

Isabella, tímida como era e vendo que o coche ao qual se preparava para entrar já estava ocupado pelas outras damas de honra, simplesmente acenou com a cabeça em um gesto simples, mas delicado, indicando um "sim".

Assim, D. Alonso Javier e Isabella Constança seguiram no coche, acompanhando os demais. Eles partiram rumo a Badajoz, onde o povo local aguardava a chegada da Princesa portuguesa e de seu cortejo luxuoso. Lá, ficaram apenas dois dias para celebrar algumas festividades locais antes de seguir para Mérida, onde mais uma vez a Princesa Isabel foi calorosamente recebida pelo entusiasmado povo.

Entretanto, foi em Mérida que D. Alonso Javier, incapaz de conter seu crescente interesse por Isabella Constança, decidiu abordá-la. Encontrando-a sozinha, sentada sobre uma pedra e absorta na leitura de um livro, enquanto as outras damas de honra interagiam com a Princesa Isabel sobre o que esperar pessoalmente de Carlos V.

Ao se aproximar, D. Alonso Javier saudou-a com um "Boa tarde, senhorita." Isabella abaixou o livro ao seu colo, olhando para D. Alonso Javier e timidamente respondeu, "Boa tarde, Vossa Excelência Reverendíssima."

O cardeal, ouvindo as palavras tímidas de Isabella Constança, ofereceu-lhe um sorriso caloroso e disse, "Oh, senhorita, por favor, insisto que me chame de Alonso ou Javier. Estas formalidades estão tão ultrapassadas." Ele sorriu para Isabella, que timidamente concordou, "Claro, D. Alonso Javier."

Assim, D. Alonso Javier e Isabella Constança começaram a conversar mais durante a viagem de Mérida rumo ao sul, em direção a Sevilha. Nesse trajeto, D. Alonso Javier discutia e conversava com Isabella Constança sobre o que ela faria ao chegar a Sevilha e o que aconteceria enquanto fosse uma das Damas de Honra da Princesa Isabel.

Isabella explicou que, como dama de honra, era esperado que permanecesse ao lado da princesa. No entanto, expressou seu desejo de explorar um pouco da cidade, conhecer os costumes locais, experimentar as comidas típicas e mergulhar na cultura literária. Observando o interesse de Isabella, D. Alonso Javier sugeriu: "Bem, senhorita Isabella, já que tens interesse em conhecer Sevilha, eu poderia lhe mostrar um pouco da cidade."

"Seria uma boa ideia, D. Alonso Javier. Mas penso que será impossível, pois não terei tempo suficiente," disse Isabella Constança ao cardeal.

"Oh, senhorita Isabella, claro que a senhorita terá tempo. Afinal, a princesa estará ocupada com o rei durante estes meses que se seguiram ao casamento entre os dois," explicou Alonso Javier para Isabella Constança.

Assim foi passando o tempo de viagem. E no dia 10 de março de 1526, depois de dois meses e dez dias desde que a Princesa Isabel de Portugal saiu de Elvas até Sevilha com o seu séquito de damas de honra e de nobres, chegaram finalmente em Sevilha. Carlos e a sua corte estavam esperando a chegada da Princesa Isabel e do seu séquito, juntamente com os duques de Calábria e de Béjar, com o arcebispo de Toledo e o cardeal arcebispo de Sevilha.

CONTINUA.....

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