Zaranler - Parte X

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ATO XVIII (Tanri)

Observando a morte de Toihid, sinto uma sensação de triunfo, mas é rapidamente emaranhada por uma emoção, mesmo que por um breve momento, mais sombria e complexa.

A lembrança de uma frase dita por Máterum surgindo em minha mente: - Toda vida tem seu valor. - Essa frase me faz pensar no que Toihid poderia ter sido em outra vida, um planeta majestoso orbitando o Sol, um lar para inúmeras formas de vida, não um monstro de batalha.

Negando esse sentimento, endureço minha expressão, e comento, tentando extinguir qualquer traço de emoção: - É feia até mesmo morrendo. - menosprezo, observando a poça de sangue fluindo por entre seu cadáver, misturando-se com a lança, que volta a ser água.

Córpulus, seu rosto coberto por lama e o peitoral de sua armadura destroçada ainda aderida ao corpo, ergue-se trôpego ao lado do cadáver de Toihid. Seus olhos, enterrados em uma cova de luto e raiva, fixam-se em mim. Com a voz embargada pela emoção, ele murmura: - Toihid... - Em seguida, seu olhar se endurece em uma promessa silenciosa, mas clara. - Você morrerá por isso!

- Não. Não irei. - afirmo. Desafiadoramente, ergo minha mão esquerda em sua direção, desencadeando uma força telecinética que o puxa para perto. - Senão posso te repelir, - declaro, concentrando minha energia em uma corrente invisível que o arrasta implacavelmente em minha direção. - te trarei até mim!

Córpulus resiste, cravando os pés no solo, mas é inútil. Com um grito de resistência, ele é arrastado, a terra se rasgando sob seus pés enquanto ele luta inutilmente contra a força que o arrasta.

- Meus poderes estão diminuindo. Estou sentindo a exaustão se instalando em meu corpo. Preciso terminar essa batalha antes que seja tarde demais - reflito, fechando a mão esquerda e aumentando a intensidade.

Mas, quando bem próximo de mim, Córpulus desaba abruptamente no chão.

- O quê aconteceu? - Questiono, surpreso com a anulação repentina de meus poderes telecinéticos. - Ainda tenho poder, por que não... - Minha atenção é subitamente desviada por uma lança de fogo que corta o ar em minha direção. Com reflexos afiados, salto para o lado, esquivando-me por um triz da arma incandescente. Mas, antes que possa reagir, sou lançado de volta para a cratera por uma força telecinética avassaladora.

A queda é brutal. Meu corpo choca-se contra o solo com uma força violenta, quase ofuscante, enquanto tento recuperar o fôlego. Olho em volta, procurando o autor desse ataque surpresa. Deitado na cratera, escuto uma voz grave ressoar de fora da cratera. - Estás bem, Tera? - A voz questiona com preocupação.

Erguendo-me trêmulo da cratera, o cenário diante de mim é um caos. Diante de Muntera, ferida e desamparada, está Máterum, imponente em sua armadura de zérum, ostentando a espada primordial em suas costas.

- Não deverias ter ferido ela, filho - Máterum profere com uma voz carregada de repreensão, enquanto se inclina para Muntera. Suas palavras são como um estalo, despertando uma fúria arrebatadora em mim.

- E você não deveria ter aprisionado seus próprios filhos! - rebato, as palavras saltando de minha boca como chispas de raiva. Com um impulso telecinético, deixo a cratera para trás, canalizando cada fragmento do meu poder oculto, direcionando-o totalmente em Máterum. Contudo, duas muralhas de fogo descomunais surgem em sua defesa, suas chamas rugindo como bestas enfurecidas. Mas meu poder telecinético as assola, dispersando as chamas, embora resistindo o suficiente para protegê-lo.

- Ficaste mais poderoso, filho. - Máterum reconhece, ficando de pé. - Mas não te iludas pensando que podes te igualar a mim - adverte, conjurando uma lança de gelo, adornada com chamas espirais, e a disparando em minha direção.

As Crônicas de Marum - O PrimordialWhere stories live. Discover now