- Vou me esborrachar no chão igual o Samuel. - ela resmunga. - Eu estou de shorts, vou me ralar toda.

- Para de frescura e pula logo. - Bento resmunga.

- Me recuso. - ela cruza os braços e Sérgio se aproxima.

- Eu te ajudo, 'bora.

- Não, tu vai me deixar cair igual aquele dia na boate. - ela nega e Sérgio revira os olhos.

- Vem, eu te ajudo. - Dinho se aproxima do palco e estende a mão para a menina. - É só pular, não vou te deixar cair. - ela assente e segura a mão dele, logo pulando do palco. Quando seus pés atingem o chão e os joelhos fraquejam por conta do impacto, Dinho a puxa para cima a impedindo de cair. - Pronto, pitchula.

- Filha da puta, com ele você nem exitou em pular. - Sérgio fala incrédulo enquanto encarava a irmã, ela apenas força um sorriso e Dinho o encara de forma convencida.

- Porra, Dinho. - Samuel xinga enquanto eles caminham em direção ao caminhãozinho estacionado a alguns metros. - Poderia ter me ajudado assim também.

- Você não pediu ajuda. - Dinho da de ombros.

- Dinho... - Sérgio coloca as mãos na cintura e respira fundo ao ver o caminhãozinho.

- Fala, meu querido. - Dinho para ao lado dele e apoia o braço no ombro do amigo.

- A cabinezinha do caminhão só cabe duas pessoas e eu estou vendo três pessoas espremidas lá dentro. - Sérgio fala com toda a paciência do mundo. - A bateria está ali na parte de trás do caminhão, considerando que a porra da parte de trás é aberta e a bateria está toda solta, vai voar no meio da estrada.

- Não se preocupa que vão segurar ela. - Dinho fala tranquilizando o amigo.

- Eu ainda nem cheguei na pergunta final que é, onde caralhos nós vamos? - Sérgio pergunta em um tom levemente irritado. Alice e Bento trocam olhares e seguram a risada.

- Não é óbvio? Nós vamos aqui na parte de trás e por isso a bateria não vai sair voando, nós vamos segurando ela.

...

Dinho acena para o motorista assim que terminam de tirar todos os instrumentos do caminhão.

- João, você é demais. - o rapaz sorri agradecido. - Muito obrigado pela carona.

O homem apenas buzina e dá a partida, todos estavam em frente a casa dos Reoli e eram aproximadamente dez horas da manhã.

- Eu não entendi uma coisa até agora. - Samuel fala enquanto observava seu baixo milimetricamente, verificando se tinha sido danificado na viagem conturbada que eles tiveram durante algumas horas. - Como o Dinho acordou cedo? Ele hiberna.

- Ele nem dormiu. - Júlio responde. - Ficou a noite toda compondo uma música.

- Sério? - Alice se vira para Dinho. - Posso ver?

- Não. - ele responde rapidamente, fazendo todos estranharem.

Era inexplicável a conexão que os dois tinham criado nesses últimos anos, eles eram melhores amigos e viviam juntos, não escondiam nada um do outro. E em todos esses anos de amizade nunca brigaram, sempre estavam um ao lado do outro e isso as vezes gerava algumas briguinhas com os outros do grupo, porque ambos tomavam as dores um do outro até sem saber o motivo.

Os meninos estavam fazendo pequenos shows afim de conseguir juntar um dinheiro para gravarem o seu primeiro álbum e Alice sempre estava presente em todos os shows, após terminar a escola decidiu ajudar os irmãos e os amigos a realizarem o sonho e depois pensaria nela. Talvez, quando eles tivessem o álbum gravado as coisas melhorariam e aí Alice teria um tempo para pensar no que ela queria para seu futuro, mas no momento acompanhava a banda em todos os shows, fazendo papel de fotógrafa, caixa e algumas vezes até empresária, onde ela tentava encaixar os meninos para abrirem shows e procurar lugares com cachê para eles tocarem.

Em seu sorriso - Dinho Alves (Mamonas Assassinas)Where stories live. Discover now