𝐎𝐩𝐨𝐬𝐭𝐨𝐬 | Vɪɴɴɪᴇ Hᴀᴄᴋᴇʀ

capítulo 1.

𝐌𝐢𝐜𝐡𝐢𝐠𝐚𝐧, 𝟎𝟕:𝟎𝟎 𝐏𝐌
Kᴀᴛʜᴇʀɪɴᴇ Rɪᴄᴄɪ

― MEU DEUS, EU PASSEI! ― Grito eufórica, pulando da cama com as mãos sobre a boca, soltando o notebook com o tão esperado e-mail aberto na tela. ― Kadence? Eu passei! ― Chamo alto pela minha irmã, enquanto caminho pelo quarto passando as mãos em meus cabelos ruivos, totalmente incrédula.

Em um segundo Kadence adentra o quarto, sorrindo. Ela para por alguns minutos e encara a tela do notebook.

Posso ver os olhos de Kadence marejar.

A mais nova corre para o meu abraço. Celamos este momento em um abraço apertado, em total silêncio, apenas aproveitando da emoção.

― Quando você tem que ir? ― Kadence perguntou, se desfazendo do abraço.

― Em dois dias. ― Respondo, fazendo beicinho.

Eu olho para Kadence por um instante, ambas um pouco triste apesar da notícia.

Essa seria a primeira vez que nos separaríamos. A primeira vez em 19 anos.

Nos abraçamos novamente. Porém, agora com os sorrisos escondidos.

Eu tinha um grande sonho de estudar moda e me tornar uma estilista global.

Meu esforço, dedicação e empenho eram a minha maior virtude. Me considero talentosa, cheia de ideias e transbordo criatividade.

Sempre ocupando lugares de destaque em todos os projetos, trabalhos e eventos propostos pelo meu antigo colégio.

Eu era ambiciosa, e tinha por objetivo seguir os mesmos passos de minha falecida mãe, que foi por muito tempo o braço direito dos departamentos criativos de marcas globais, como por exemplo Chanel, Dior, Ralph Laurent e Versace, ocupara o título de diretora criativa principal.

Eu estava a espera de minha aprovação para a Universidade da Parsons desde o ano passado, na mesma época em que minha mãe descobriu o câncer. Era a mesma faculdade em que ela se formara, e estudar lá significaria o mundo para mim.

Era um dos meus maiores sonhos de vida receber o canudo da minha formatura pelas mãos de minha mãe, mas a mesma se foi antes mesmo de poder ver a minha aprovação, e essa era uma dor que eu carregava todos os dias em meu peito.

Eu ainda sentia muito a falta da minha mãe, nós éramos como melhores amigas. Uma parte de mim morreu quando o coração dela parou, mas eu precisava ser forte. Pela Kadence.

Eu me lembro por alguns minutos da minha mãe. Ela estaria correndo de um lado para o outro, ligando para toda família para contar a novidade. Um meio sorriso apareceu em meus lábios ao me recordar da alma alegre e divertida de minha mãe.

Eva Jane Ricci.

Foi e, era, a maior inspiração da minha vida.

― Você já contou para o papai? ― A voz suave de Kadence invade a minha mente, me fazendo voltar para o mundo real.

― Ainda não. Vou fazer isso. ― Digo tomando o celular em mãos e ligando para o meu pai.

A ligação não dura muito tempo e também não é muito emocionante.

― Você fez aquela cara... De quando fica apreensiva. ― Kadence diz, assim que eu desligo o celular.

― Você sabe como ele é, mas nada que eu não estivesse esperando. ― Dei de ombros, passando a mão entre meus cabelos.

Leonard Vittorio Carlo.

Meu pai. Atual procurador-geral do Estado.

É um relacionamento de pai e filha completamente instável. Nós nos respeitamos, mas nem por isso concordamos em tudo.