— Ainda gosta de voar?
O Black contorceu sua expressão em retalhação. Não queria contato com aquele homem.
— Principalmente quando não há ninguém para me incomodar.
O sonserino ergueu o queixo de maneira petulante, e o maxilar de James se repuxou em resposta. Perfeito, pensou. Se eu o irritar o suficiente, talvez ele saia daqui.
— Percebo que você ainda tem aquele senso de humor peculiar.
— Pelo menos tenho um senso de humor. — Desceu os olhos diretamente para o peito do grifinório. — Sua gravata está torta.
Os lábios do segurança tremeram como se ele tivesse bufado, e Regulus segurou uma risada, mordendo o interior das bochechas com força enquanto Potter ajeitava e alisava suas roupas. Linhas de expressão que pareciam aspas se formavam ao redor dos lábios carnudos conforme James dizia:
— Nunca mais nos vimos.
— Uma benção disfarçada. — Regulus forçou seu coração a se acalmar, estava explodindo alucinadamente na garganta. — Está incluído em seu contrato de trabalho tentar puxar assunto comigo?
Potter correu os longos dedos de sua mão enorme - como podia ter mãos tão grandes? - pelas madeixas castanhas em sua cabeça. Os fios do cabelo pareciam pintados um a um, tonalidades de marrom, caramelo e dourado mesclando-se perfeitamente. Seus olhos escureceram, e a espinha de Regulus gelou de cima a baixo. — Cuidado, Black. Fui contratado por seu pai para te proteger. Seria lamentável se, acidentalmente, você saísse voando por esta janela.
Ah, aquele era James Potter que Regulus já conhecia muito bem.
— Se eu tiver de passar mais um minuto nesta conversa, talvez você nem precise se dar o trabalho de cometer o crime. Eu mesmo me jogarei daqui de cima. — Entortou a cabeça, deixando seus cabelos pretos cobrirem um dos olhos cinzas. Parecia um anjo.
— O que você quer?James abriu um pouco as pernas para se acomodar na cadeira. As bochechas de Regulus esquentaram por alguma razão.
— Leu as orientações que te passei e decorou o itinerário?
Regulus colocou as mãos sobre o rosto e ensaiou sua melhor expressão de confusão, formando um biquinho sarcástico nos lábios:
— Que itinerário?
— Pare de brincar comigo.
Black se jogou contra o assento, afundando-se no acolchoado macio. Somente aquela poltrona devia custar em média uns duzentos mil dólares americanos, e ele poderia aproveitar a mordomia, servir-se de um bom champagne e ignorar a missão que o aguardava do outro lado do oceano. Mas, é claro, James não deixaria que relaxasse por um segundo que fosse.
— Sim, Potter, eu li sua lista de regrinhas estúpidas. Pode me deixar em paz?
— Repita.
— O quê?
— Repita as regrinhas estúpidas para mim.
O pomo de adão de James subiu e desceu conforme ele dizia aquilo, e o sonserino imaginou qual seria o tom de sua voz. Quando era criança e a época de chuvas atingia seu lado do continente, a devastação o apavorava tanto que ele fazia xixi na cama. Sirius trocava os lençóis, ajudava o irmãozinho a se vestir e deixava que dormisse com ele. Os trovões ecoavam pela mansão Black e faziam os tímpanos doerem, e o pequeno Regulus só conseguia pensar que aquela era a fúria dos deuses.
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Vozes do Coração • Jegulus/StarChaser
FanfictionRegulus Black, filho do Ministro da Magia, é designado para representar os bruxos na assinatura de um histórico acordo de paz com os trouxas durante a Conferência Internacional de Washington. No entanto, quando uma equipe paramilitar executa um ataq...
2. Jatinhos Particulares e Politicagem
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