Capítulo 1 - Piper

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" — Coloca ...minha música amigão!"

Essas foram as últimas palavras de Emmet, ele aparentemente havia morrido por conta da hidrazina em sua roupa, essa gravação estava em nossas mãos já fazia alguns meses, nós interceptamos um sinal vindo da galáxia vizinha e quando abrimos vimos esse vídeo, aparentemente ele havia sido gravado de alguma microcâmera, provavelmente uma de pulso embutida em relógios ou algo do tipo, além de que podemos ouvir algumas vozes como a de Oliver.

— Piper? Está vendo isso de novo? — Finn disse entrando na sala de comunicação — Connor já disse para ignorar isso!

— E desde quando nós obedecemos ao que Connor diz? — Indaguei fazendo o moreno ficar em silêncio, voltei a prestar atenção naquela gravação, o pouco do lugar que se era gravado parecia bem devastado, talvez antes dele perder o ar eles estivessem em um lugar comprometedor, eu conseguia ouvir a pulsação de Emmet e em alguns minutos um lampejo de sua roupa espacial, que convenhamos era muito antiga e de certa forma não tão tecnológica quanto as que usávamos hoje em dia.

— Você acha que eles estão vivos? Quer dizer, este garoto claramente não está, mas talvez essa tal de Ó esteja!

— Eu realmente não sei Finn, mas é exatamente isso que quero descobrir! Connor ficou muito cético quando mostrei isso aos reitores, eu não confio nele!

Connor era um viajante interplanetário, de acordo com o que sei ele veio do planeta K já faz quase um ano para nós, porém como nosso planeta tem os períodos solares¹ menores é bem provável que para O planeta K, já tenha se passado apenas alguns meses.

Talvez você deva estar se perguntando o porquê de estarmos interessados em uma simples gravação, e a resposta é simples, no mesmo dia em que recebemos esta transmissão nós conseguimos sinal de um androide, nós precisamos encontrar eles para que possamos pegar quem os criou.

Desde que crescemos em Airon nós aprendemos que androides são uma ameaça, eles são praticamente robôs sem nenhuma humanidade, Henry nosso chefe geral nos disse isso, ele tinha conseguido a muito tempo atrás roubar os arquivos de pesquisa de uma das cientistas que trabalhava nesses robôs, Clara, era o nome dela, ele sempre foi contra a decisão dela então ela o cortou do projeto. A partir disso Henry vinha tentando a todo custo acabar com Clara e seus robôs, e bom... Nós estávamos apoiando—o até que um dia ele supostamente achou um rastro e resolveu seguir sozinho sem que ninguém soubesse, no dia seguinte quando deram falta da nave dele e foram procurar não havia nenhum sinal, foi como se ele simplesmente nunca tivesse existido, coincidentemente foi no mesmo dia que recebemos a gravação.

— Você ao menos conseguiu achar algo novo dessa vez? Parece que estamos dando voltas e nunca chegamos a lugar nenhum! — Finn disse, ele era o tipo de garoto que se preocupava com tudo, seu porte alto e atlético demonstrava seriedade, ele podia encantar qualquer pessoa com seu sorriso quase perfeitamente alinhado e suas covinhas profundas que apareciam vez ou outra sob sua pele escura, seus olhos castanhos tinham contraste com seu cabelo negro.

— Tem alguma coisa que não estamos vendo, não sei, parece que está bem ali e nós só precisamos achar! — Eu sei que isso não fazia sentido nenhum, mas eu só queria mais tempo para tentar achar qualquer coisa.

— Seja lá o que você acha que está vendo, eu espero que você encontre logo, Hazel está esperando a gente na sala de mecânica.

— Ela está de novo com aquele Bicho? — Finn acenou positivamente fazendo com que eu revirasse os olhos.

Hazel era nossa especialista em tecnologia, ela havia recentemente encontrado um animal de quatro patas semelhante a um cavalo, mas ele tinha uma deformação fazendo com que um chifre saísse bem no centro de sua cabeça, de acordo com nossas pesquisas esse animal havia vivido em um planeta a muito tempo antes dele ser destruído.

— Eu tive respostas positivas do projeto que estava fazendo, essa mensagem saiu de perto de uma Zona deserta, acho bem provável que tenha algum buraco de minhoca ali, ou ponto de fuga! — Liguei a tela de projeção a minha direita e logo um mapa apareceu demonstrando o que eu havia dito.

— Não me parece uma má ideia! Isso explicaria a interferência na gravação — Finn olhou o mapa e logo sua visão se focou em um ponto na tela preta — o que é isso? Parece algo massivo, porém, pequeno!

— Posso tentar ver pelo localizador.

Me dirigi até a tela ao lado e liguei nosso dispositivo, ele captava objetos e massas espaciais, basicamente tudo que já sabíamos sobre universo era captável. Demorou alguns minutos até que conseguisse redirecionar para a localização correta mostrando dois planetas girando em lados opostos.

— Você tem razão Finn, possivelmente é um ponto de fuga! — Ele me encarou sério, provavelmente já sabia o que viria a seguir — Precisamos ir até lá!

— Ficou louca? Sabe que nunca receberíamos permissão para tal coisa!

— Então vamos sem permissão mesmo!

— Não! Podemos nos tornar desertores! Na melhor das hipóteses, na pior, podemos acabar mortos! E também precisaríamos de pelo menos mais três pessoas.

— Podemos chamar a nossa galera! Eles toparam sair daqui! — Finn parecia relutante a qualquer coisa, ele sempre foi o "certinho", as vezes chegava a ser chato.

— Vick... — Finn sempre me chamava pelo segundo nome quando algo era sério — Nós teríamos que esperar Calisto ao menos, ela volta amanhã da viagem de exploração.

— Sabe que as chances de ela vir com a gente são poucas, não é? — Podemos dizer que Calisto amava sim um desafio, mas ela seguia fielmente as regras de Airon.

— Bom, sem ela eu não vou, ela é a melhor estrategista que temos! Precisamos dela, ou de James.

Dentre esses dois a melhor opção claramente era Calisto, eu odiava o machismo de James e sua soberba, o que me levou a conclusão de que teríamos que esperar a loira.

— Tudo bem, isso me dará tempo para ver como iremos fugir daqui e analisar as possibilidades.

— Sim senhora, mas agora temos que ir ver Hazel, ela estava te chamando para ver o transmissor, parece que a parte elétrica dela está comprometida.

— Tudo bem já vou indo — falei indo em direção a tela, desliguei o monitor e me virei para Finn — Só vou terminar de desligar aqui e já vou, se quiser pode ir.

Sem mais nenhuma palavra ele saiu, comecei a desligar os aparelhos e deletei o histórico de visualizações para caso alguém acessasse e visse que eu havia mexido em algum arquivo supostamente indevido.

Havia acabado de desligar todos os aparelhos e já estava de saída meu comunicador interdimensional vibrou, ele era parecido com um relógio de pulso, virei a palma da mão esquerda para cima e pressionei o botão com o dedo indicador fazendo com que uma tela azul digital aparecesse, havia uma mensagem de Lise, minha mais nova amiga, ela era especialista em engenharia como eu, nós temos trocado mensagens já faz um certo tempo, basicamente meses depois que recebemos a mensagem de Emmett, eu até havia comentado por cima sobre isso com ela, mas ela precisava de algumas respostas que eu infelizmente não poderia dar. Abri a tela digital e depois a expandi para que ficasse um pouco maior de largura e até mesmo altura abrindo o aplicativo logo em seguida.

Como acordou hoje Sra.Exp? Espero que bem, conheci um novo lugar de Arthorius, posso te falar mais sobre quando não estiver tão ocupada é claro.

Lise era meio fechada sobre sua vida, ela não me disse de onde exatamente veio, mas eu sentia que podia confiar nela.

Claro que quero saber, pode me contar mais tarde? — Respondi sua mensagem e logo desliguei meu Transmissor e fui em direção a sala onde Hazel me esperava, este seria um longo dia e eu ainda teria que planejar como sairíamos de Airon.

Períodos solares¹: como são contados os anos em determinados planetas. 

Vidas OpostasWhere stories live. Discover now