Zaranler - Parte III

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ATO V (Zilevo)

Enquanto jazia na lama e um silêncio ensurdecedor engolfava meu mundo, no campo, além das sombras da minha dor, Ézus aperta suas mãos sobre o cabo do machado, seu rosto marcado pela surpresa e incredulidade. - Como fez isso? - Ele indaga para Críngu. - Desde quando você detém o poder da telecinese?

Do outro lado, Gálidus, com uma postura imponente apesar de seus ferimentos, ergue a voz com autoridade. - Rendam-se agora! Estamos em vantagem numérica! - Sua declaração é um rugido de desafio, um lembrete do poder que ainda possuímos.

Ézus, com uma seriedade amarga, cospe um bocado de grama do campo de batalha. - Acham mesmo que estão em vantagem? Não sejam tolos de achar que somos os únicos inimigos aqui.

Bucu, em uma reflexão preocupada, comenta: - Theos e Tanri devem estar enfrentando perigos próprios.

Críngu, observando-me levantar da lama, me chama, quebrando minha introspecção. - Zilevo! - Sua voz é um grito de guerra, uma chamada para a ação. - Vá ajudar seus irmãos! Deixe que eu cuido desses dois.

Mas a fúria me consome, e não consigo me desviar da vingança que clama por justiça. Sem dar atenção ao chamado de Críngu, viro-me para o pequeno guerreiro. - Eles são um perigo para Réslar - A determinação de cumprir minha promessa a Lésnar eclipsando qualquer outro pensamento. meus olhos queimando com um ódio sombrio. - Eu mesmo os matarei! - Profiro com uma voz baixa e ameaçadora, cada palavra pingando com a promessa de um fim brutal.

Avanço impetuosamente contra o pequeno guerreiro, meus punhos cerrados carregando a fúria de minha promessa. Lanço um soco direto, visando o elmo do meu adversário. Mas ele, com uma agilidade irritante, se desvanece como a névoa ao amanhecer, inclinando-se para trás com um movimento torto, desviando-se por meros centímetros.

O pequeno guerreiro, tentando tirar vantagem da situação, lança um soco rápido em meu rosto, o antecipo e bloqueio seu punho. Não dou espaço para ele respirar, minha resposta é imediata: um golpe desferido com a força de minha essência, descendo de cima para baixo, esmagando a articulação do guerreiro.

O braço do pequeno guerreiro visivelmente inchado sob a armadura, tornando-se uma massa deformada e inútil, presa em um ângulo antinatural. Ele grita, um urro de dor e raiva, enquanto tenta se recompor.

Sem hesitar, lanço um chute violento nas costelas do guerreiro. A força do impacto é tão brutal que o som do choque entre a carne e a armadura ecoa pelo campo. Ele cambaleia para trás, cada respiração se tornando um suplício, enquanto tenta conter um grito de agonia.

A dor, porém, não é só dele. Uma onda de sofrimento percorrer meu próprio corpo. Sinto minha panturrilha queimar, o inchaço se formando rapidamente, enquanto fraturas microscópicas irradiam uma dor desmedida em minha mão. O preço de golpear a armadura de arcríris com meus punhos desprotegidos.

Enquanto me recomponho, Ézus se ergue para intervir. Ele sabe que existe uma chave para desestabilizar minha luta: - Nosso pai também veio conosco, Zilevo!

Essas palavras, como uma flecha envenenada, atravessam minha essência, despertando uma tormenta de ódio e vingança. Mas antes que possa digerir essa revelação, o pequeno ser tenta me inflamar com mais uma provocação: - Jamais esquecerei do rosto patético de choro que seu irmão fez quando...

Não deixo que ele termine. Minha reação é explosiva, um caos de raiva irrompendo. Com um movimento preciso, derrubo o guerreiro no chão, suas palavras cortadas por um impacto brutal. Meu pé encontra o rosto dele, empurrando-o contra a grama úmida com força suficiente para que a terra e a lama se misturem ao sangue que começa a se espalhar.

As Crônicas de Marum - O PrimordialWhere stories live. Discover now