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segunda

De volta à rotina, sentada na sala de aula agarrada a um lenço de papel, devido ao presente que Aveiro me deu: uma constipação. Apontava o que era mais importante do power point feito por professores, focando-me na matéria.

Faltar à escola pesava sempre na minha consciência. Para além disso, o fim de semana ao lado do João deixou-me muito melhor. Que boas recordações e experiências.

No final da segunda aula do dia, dirigi-me ao bar da escola com as minhas amigas, como costume e pedi um chá quente para me aquecer. Estava uma manhã gelada. Não conseguia ter as mãos fora do bolso para mexer no telemóvel.

Assim que nos sentamos, a Inês comentou algo que não me passou despercebido na aula. Achava estar a ser só paranóica, mas não.

- A Bárbara?

- Sim! A Bárbara e a Rita estavam só a olhar para a Amanda. - Voltou a fofocar. - Juro!

- Ela mandou-me aquela mensagem estúpida por causa das fotos que publiquei com o Mica. - Logo, era o centro das atenções. - Não me olhem assim, como se não soubessem de nada.

E se calhar... Não sabiam. Achava ter contado.

- Que mensagem? Não me lembro de teres falado em mensagem. - Olhei para a Francesca. - Olha, é preciso bater em quem?!

- Em ninguém.

- Vais contar-nos ou continuar a adiar?

- Desde que não façam asneira, vou contar. - Não confiava nada no aceno afirmativo delas. Ia saltar a tampa a cada uma delas. - Inês, já tenho coisas a mais para me preocupar, não achas?

- Ei, porquê Inês? A Francesca é que falou em bater. - Encolheu os ombros como se fosse a mais santa de nós as quatro. - Conta!

- Ninguém vai bater em ninguém. Mas conta.

- A Bárbara fez um comentário estúpido na festa e depois respondeu a um story. - Comentei baixo, porque estava no bar com as amigas.

- O que disse?

- Que agora que comecei, não quero mais nada.

- Que grande cabra. - Remoeu-se Filipa, com vontade de se levantar e ir tirar satisfações. - Não te preocupes, não vou dizer nada.

- Vá lá Filipa, sabes como são as coisas. As pessoas querem confusão gratuita e vão procurar qualquer pretexto para tal. Não sou assim. Mas o que a Inês disse é verdade, ela estava só a olhar e a comentar com a Rita na aula.

- Achas que ela sabe quem é?

- Não, duvido que saiba. De qualquer forma, está tudo bem entre mim e o João. - Descansada, nem falei mais do assunto Bárbara. - Voltamos a estar juntos em Aveiro. - Sussurrei.

- Como assim juntos? - O meu rosto aqueceu pela lembrança do que aconteceu.

- Juntos. Mãos e tal.

Elas entreolharam-se e começamos a rir. Era um desafio falar com elas sobre aquilo. Captámos um ou outro olhar mais curioso.

JUST YOU  ➛ JOÃO NEVESOnde as histórias ganham vida. Descobre agora