Capítulo 11

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O som de um rosnado familiar invade meus ouvidos, fazendo com que eu pegue minhas facas automaticamente e olhe ao redor. Gostaria de dizer que estou em alerta ou completamente pronto para o combate que virá, mas tudo que sinto é cansaço.

Meu corpo inteiro dói como se tentasse avisar que estou excedendo todos os limites, minha visão está turva, minha cabeça a ponto de explodir e meus movimentos são lentos. Eu facilmente teria ficado na cama o dia inteiro para recuperar minhas forças, mas Gael não me deixou escolha quando decidiu caçar os últimos membros das hordas que restaram.

Quando acordamos mais cedo, ele quis partir para a floresta e limpar os arredores, uma atitude que eu de fato entendo. Mesmo que os poucos infectados não representem uma grande ameaça, é impossível ficar em paz sabendo que eles estão próximos, então decidi vir para acabar de uma vez com isso.

E estou falhando miseravelmente.

Sem dar aviso prévio, um infectado avança em minha direção conforme tento me preparar para a luta da melhor forma possível, gosto de combate corpo a corpo, mas as condições não são favoráveis então acabo desistindo da ideia.

Quanto mais rápido acabar, mais rápido poderei voltar e descansar. Com um movimento rápido lanço minha faca sem muito teatro e observo ela passar diretamente sobre ele, atingindo por fim uma árvore aleatória.

— O QUE? — grito.

Eu literalmente acabei de errar? Não é possível, isso nunca aconteceu antes, minha mira é ótima! Eu nunca erro, o que está acontecendo?

Minha crise de frustração se encerra ao observar o vírus aproximando-se rapidamente, ele se choca contra meu corpo e me derruba no chão, gemo sentindo a dor se intensificar e tento socar seu rosto em contrapartida, contudo o movimento acaba machucando minha mão. Solto um grito frustrado diante da cena, já fui capaz de enfrentar hordas inteiras sozinho e agora estou apanhando para uma simples carcaça desengonçada? Só pode ser brincadeira.

Apesar de odiar admitir isso, me sinto impotente, frustrado, e não deveria ter aceitado vir, nem mesmo para proteger Gael. Como posso protegê-lo nesse estado? Vou acabar atrapalhando, pondo minha vida em risco ou dificultando a caçada.

Afasto os pensamentos e tento focar, preciso tomar controle da situação antes que seja tarde. Olho para o lado e avisto uma pedra, algo que pode me ajudar, porém um tiro é disparado e antes mesmo que eu possa alcança-la o infectado cai para o lado.

— Matt, tá tudo bem? — Gael pergunta, colocando sua arma no chão e se abaixando ao meu lado. — O que aconteceu?

— Nada de armas, quantas vezes eu preciso falar? — respondo, soltando um gemido ao me sentar.

— Vem, te peguei. — ele diz, me ajudando a levantar. — Você parece péssimo, sabia que ia me arrepender de te deixar vir, olha pra você!

— Não preciso da sua permissão pra fazer o que quero. — rebato. — Estou bem.

— O que aconteceu aqui? — Gael segura meus ombros, fazendo com que eu encare seus olhos estreitos.

— Só fui pego desprevenido. — minto.

— Você? Pego desprevenido? Essa é a melhor desculpa que consegue me dar? — questiona, me encarando.

— Você está bem? — digo, tentando fugir da pergunta. — Encontrou mais algum deles?

Ele me solta e olha com reprovação, em seguida pega sua arma do chão e começa a falar.

— Pelas minhas contas, treze ou quatorze. A maior parte estava concentrada do outro lado. — diz, encarando o infectado morto. — Não é comigo que tem que se preocupar, vamos! Você precisa descansar, e eu não quero saber de...

MATTEOOnde histórias criam vida. Descubra agora