"Costumamos encontrar nosso destino justamente onde nos escondemos para evitá-lo."
Yan Jin Chang, um próspero dono de uma rede de lojas de produtos importados, e Lohhana da Silva, uma estudante e estagiária que mal tem tempo para respirar, se conhec...
"Seu cabelo me alucina Sua boca me devora Sua voz me ilumina Seu olhar me apavora Me perdi no seu sorriso Nem preciso me encontrar Não me mostre o paraíso Que se eu for, não vou voltar"
•• Mina de Condomínio — Seu Jorge ••
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•• Yan Jin Chang ••
Por Deus, vou acabar tendo um AVC!
Exalo pesadamente, enquanto tento não gritar com o cara que me dá desculpas ao telefone, criando malabarismos insuportáveis, para justificar que mesmo após três semanas sem notícias dos meus carregamentos de produtos, ainda quer que eu compreenda que irá demorar mais um pouco.
E como se eu tivesse o resto do ano livre, repete "Mil perdões, Yan, mil perdões!" e confia que irei aguardar sua boa vontade.
— Escuta bem, seu porco velho, eu já sei do golpe que você está dando em seus clientes; não vou esperar nem mais um dia, então acho bom que esteja aqui, com todas as minhas coisas, antes do fim do dia, a menos que queira que eu te denuncie. — Ele tenta rosnar algo, perdendo sua postura de pobre coitado, mas eu desligo.
Um grunhido me escapa e suspiro ruidosamente, guardando o celular no bolso traseiro de minha bermuda, passando meus olhos pelo almoxarifado, onde são guardadas as peças para reposição, o estoque.
A sala é um tanto abafada e, pela falta de janelas, até mesmo cheira um pouco a mofo, porém o espaço é grande, e até onde meus olhos alcançam, há caixas e mais caixas de papelão, tanto abertas quanto lacradas, algumas pilhas estão quase no fim e os armários praticamente vazios.
Quando eu acho que dá pra melhorar, piora. Impressionante.
Alcanço a carteira de cigarros no meu bolso, tento não deixar o estresse transparecer quando saio da sala, desligando a luz e fechando a porta. Encontro Souza — meu funcionário mais antigo, que estava comigo no dia em que inaugurei esse lugar — na cozinha, passando café.
O lugar é espaçoso e arejado, foi reformado então tem uma decoração com pequenas plantas em vasos minúsculos, assim como um microondas e geladeira, além de armários que servem como uma espécie de mini-despensa. É muito útil e prático, principalmente quando alguém esquece ou não tem tempo para trazer uma marmita.
O homem de óculos de grau e camisa escura com o logo da loja, demora um pouco para perceber minha presença, mas quando o faz, sorri e indica uma xícara com a cabeça calva, a balançando como se soubesse que estou quase a ponto de enlouquecer.
— Yan, Yan, 'pra que essa cara de bunda, homem? — Ele brinca, me fazendo bufar, enquanto encho minha xícara.
Bebo um gole do café forte e faço uma careta, praticamente não tem nada de açúcar, já que depois que Souza descobriu a Diabetes, decidiu que todos na loja também diminuiriam o consumo de doces. Realmente não sou o maior fã de café, inclusive penso que o cheiro é melhor que o gosto, mas não irei desperdiçar a chance de ter algo do que reclamar.