Por um breve momento, Jaehyun me encarou, seu olhar estava um misto de ansiedade e felicidade. No entanto seu olhar se direcionou ao japonês e o estadunidense, que caminhavam em sua direção, possivelmente sérios.

Seja lá o que for que Nakamoto e o Suh falaram para ele, pude notar seu rosto nervoso enquanto acenava com a cabeça em confirmação. A tensão entre os três aumentava ao ponto de poder senti-la de longe.

— O que será que eles estão conversando? – Questionei ao canadense que talvez tivesse alguma noção.

— Nem ideia. Mas provavelmente estão dando um belo aviso. Com os seus amigos aqui, nada acontecerá igual a antes, bubu! – Lee disse entusiasmado, me abafando pela lateral. Sorri grato com a sua compaixão.

Depois de poucos minutos, Yuta e Johnny retornaram, sorriram para mim e sussurraram "Boa sorte", antes de entrarem no carro juntamente a Mark e saírem dali. Finalmente pude ir até o Jeong, minha respiração estava descompassada. Sentia vontade de vomitar de ansiedade e medo.

— Oi. – Ele me disse.

— Oi.

— Era sobre aquilo que você estava falando? – Questionou possivelmente se referindo aos meninos.

— Bem, sim. Mas não tenho noção do que eles te falaram. – Dei de ombros. Meus olhos encaravam tudo ao redor, menos Jaehyun ali, na minha frente.

Jaehyun tossiu limpando dia garganta. As mãos de enfiaram no bolso de sua calça e seu corpo pendulava para frente e para trás levemente.

Ele estava ansioso também.

O frio gélido do outono se fez presente entre nós, erguei os ombros pelo frio, sentindo meus pelos se arrepiarem por de baixo do fino casaco que eu vestia. Jaehyun apenas sorriu de escanteio e finalmente quebrou o silêncio.

— Vamos ir andando. Aposto que quer ver os patos que restaram no lago. – Ele disse. Me encarou nos olhos. Pude sentir uma vaga lembrança daquele teu olhar. Tão terno e carinhoso. O quão sua mão era quente quando repousava sob minha bochecha e a acariciava.

Reprimir um sorriso a força e concordei. Andamos lado a lado. As folhas alaranjadas pairavam no ar conforme caminhávamos em direção ao lago do parque. Era bonito. Amava outono por ser uma das estações mais belas que se tem para presenciar e viver. Tudo era tão calmo e confortável, que me sentia em casa.

Ao lado, pude ver Jaehyun abrir e fechar a boca inúmeras vezes. Resmungar. Bufar. Suspirar. E até mesmo choramingar pela falta de coragem. Nenhum de nós está pronto para a conversa. Mas era necessário, para ambos os lados.

— Eu sei que pedir desculpas não vai ajudar muito no momento. – Ele começou atraindo a minha atenção para o seu rosto nervoso. Ele sempre foi ansioso dessa forma. — Mas eu queria lhe pedir perdão, Taeyong. Por tudo o que eu te fiz passar. De coração.

— Tudo bem, Jaehyun. Eu aceito suas desculpas, até porque foi algo que ocorreu há bastante tempo. – Dei de ombros, mas parecia que ele não estava convencido.

— Não, Taeyong. Eu te fiz chorar, sofrer e sentir uma solidão descomunal. Eu fiz teus amigos me odiarem de uma hora pra outra, e por anos. Eu sei. Da para ver nos olhos deles o quão irritados estão com a minha meta presença no mesmo país que você. – Ele dizia tudo esfregando o rosto corado e nervoso, vez ou outra sua voz tremia, falhava e pensava no que dizer. Seus hábitos nunca mudaram.

Suspirei fundo e observei de longe o lago de aproximando, alguns patos estavam andando na água gelada, grasnando e recebendo pão de outros visitantes. A vida parece ser tão simples.

— Para onde você foi esse tempo todo, Jaehyun? Eu fui até a casa de seus pais a procura de ti. Eu estava tão desesperado que fui até aonde me odiavam. – O Olhei nos olhos. Tão expressivos mesmo sem espairecer absolutamente nada. Estava surpreso e um tanto quanto culpado. Jaehyun sempre foi fácil de ler.

— Argh... – Grunhiu frustrado puxando seus fios negros do cabelo, desarrumando deu penteado bonito. - Prometo que você nunca mais terá de voltar lá.

— Promessas podem ser quebradas, Jaehyun.

— Quebradas por pessoas imaturas e confusas.

Paramos no meio do caminho. Os patos grasnando em alguns metros, crianças rindo alto e chamando a atenção de seus pais com algo legal, passarinhos cantavam juntos.

Jaehyun me encarou novamente. Dessa vez não era apenas uma mera memória. Pude sentir suas mãos acariciando meu rosto gentilmente. Sua respiração ofegante, causando ar quente saindo de suas narinas.

— Taeyong, eu era imaturo, ingênuo, burro, inseguro e confuso. Não compreendia a complexidade de um relacionamento com alguém que me amava ao meu lado. – Seu polegar fazia movimentos circulatórios em minhas bochechas. Era cauteloso. Sempre foi. Menos no dia em que decidiu me deixar. — Eu era burro naquela época, um jovem que acabara de começar a vida. Nunca nem sequer havia me relacionado com outra pessoa, quem dirá me descobrir gay e assumir a toda a minha família. Sei que nada disso justifica o erro que cometi.

Suas mãos se afastaram de meu rosto lentamente pude deixar de sentir o calor emanando em minhas bochechas. Seu olhar mesmo perdido, dava para ver a culpa e o medo estampado.

— Eu estava assustado. Queria continuar ao seu lado, te amando e cuidando de você como sempre quis. Mas eu era imaturo demais para as coisas que você almejava de mim. – Ele suspirou, as mãos novamente foram para dentro do bolso de sua calça. — Sei que não foi a decisão mais inteligente que eu tomei.

— Não foi.

— Mas era a que me apareceu no calor do momento. Queria evoluir como pessoa, ser realmente um adulto de verdade e que tivesse responsabilidade emocional agora. Tenho noção total do quanto eu te machuquei por ser egoísta e pensar apenas em mim próprio.

O silencio parou entre nós dois. Cogitava a ideia de ser babaca como Donghyuck havia pedido, ou ter me vingado como Johnny sugeriu uma vez. Mas não. Queria ser racional e ser o adulto que me transformei nesses últimos anos. Eu era compreensível demais, ou apenas estava farto de confusões complicadas.

— Você respondeu algumas perguntas minhas. Mas ainda tem uma em questão. – Sua face confusa e ansiosa me encarou. Seus dentes arrancado a pele do interior de sua bochecha. O vento bagunçando seus fios que uma hora estavam arrumados.

— E qual é essa pergunta?

— Você ainda me ama?

Try again | JAEYONGWhere stories live. Discover now