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O fim de semana passou como um vento de um furacão. Passou tão rápido, mas deixou muitos rastros.

O fim de semana inteiro passei ao lado de Seokmin. Depois da balada a gente foi para o meu apartamento e só dormimos. Ele no sofá e eu na cama. Eu insisti que ele ficasse na cama, mas ele disse que nem tinha avisado que iria ficar, então seria injusto de ficar com a minha cama. No sábado acordamos um pouco depois do horário do almoço. E o lance do lamen deu certo, fomos comer em um dos melhores restaurantes aqui do bairro, o que foi bem divertido quando Seokmin acrescentou pimenta demais no prato dele e ficou todo vermelho.

Ele foi pra casa logo depois, já que ele disse que precisava tomar um banho e trocar de roupa. Só que no domingo, para a minha surpresa, ele reapareceu na minha porta com marmitas de lasanha. O que é meu prato favorito, e para melhorar, era também do meu restaurante de massas favorito. Eu disse, ele sabe como surpreender. Depois disso assistimos um dorama que passava na TV que nem conhecíamos, mas prestamos atenção na história como se fôssemos viciados por aquele drama e que não poderíamos perder nem um segundo do que estava sendo exibido. Só que aí nós nos beijamos de novo.

E a partir disso, não teve mais nada que nos interrompesse, nem dorama, nem comida, nem ninguém. O beijo se intensificou igual como jogar álcool no fogo já aceso, e nós acabamos transando. Era tão bom, que parecia insaciável. Depois, ficamos deitados na minha cama, com os corpos completamente molhados de suor, sem forças para ir tomar banho.

E eu já estou com saudade.

Mas agora a realidade me chama, então eu estou no banheiro dos funcionários da casa dos Jeon, vestindo o meu pijama médico azul bebê. Coloquei o meu crachá e eu estava pronto para encarar a realidade.

-Jimin, me acompanhe, vou lhe apresentar o meu irmão.

A jovem mulher hoje tinha o cabelo preso, usava um blazer quadriculado, preto e branco, com uma saia um tanto justa que alcançava as panturrilhas.

Eu a segui até o quarto, quando ela abriu a porta, um aroma de lavanda invadiu as minhas narinas e a claridade que refletia pelas paredes deixou os meus olhos meio sensíveis. Ao contrário dos meus outros pacientes, o quarto de JungKook não dizia nada sobre ele. As paredes eram brancas, havia uma TV presa no meio da parede, ligada em um seriado que eu não conheço. As demais paredes vazias não possuíam nenhuma decoração. JungKook estava em uma cama hospitalar daquelas bem caras que regulam até a posição do seu pé. Ele estava com os olhos abertos, olhando fixadamente para a TV, os lábios ressecados e esbranquiçados, sem esboçar nenhuma reação quando a irmã toda alegre disse:

-Kook, olha só o seu novo companheiro--ela pegou na mão dele--esse é o Jimin, tenho certeza que você irá adorar ele.

-Oi JungKook, prazer em conhecê-lo--entrei na onda.

Mas como esperado, nenhuma resposta.

-Ele é bem reservado--ela disse, sorrindo.

"O estado vegetativo dele já diz muito", pensei, mas permaneci calado.

Era triste o fato daquele rapaz tão jovem não poder aproveitar as coisas boas da vida. Ela me entregou a ficha médica dele, contendo informações básicas - como altura, peso, idade, data de nascimento, nome completo... - e informações mais compexas - como o diagnóstico, medicação e as prescrições.

-Não conheço essas medicações--falei em voz alta quando vi as medicações que deveriam ser aplicadas no acesso dele.

-É porque todas são importadas--ficou séria de repente--o médico de JungKook é dos Estados Unidos, um dos melhores do mundo e as medicações são todas manipuladas no laboratório dele.

E o vento me levou até você - JikookWhere stories live. Discover now