Não vou te esperar para sempre

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Meses depois, estou com um pacote cheio de comida chinesa indo para a casa da Maria, quando eu chego ela normalmente me recebe com um belo e grande sorriso, mas hoje, não. Logo, eu sei que tem alguma coisa errada.

Arrumamos a mesa e ela me pergunta como foi meu dia, essa é praticamente nossa nova rotina de amizade, eu conto sobre o trabalho e ela me conta como foi o dia dela.

Quando ela termina de colocar o garfo na mesa, ela respira fundo e fecha os olhos, eu a observo cerrando os olhos, sua respiração fica exasperada, ela coça a testa.

— Alan, eu... — ela para, não está conseguindo me olhar nos olhos.

— Maria, você está bem? — pergunto preocupado.

— Eu não sei como dizer isso... — ela abre um sorriso, mas parece triste e ainda não me olha diretamente, está batendo as pontas dos dedos na mesa. — Alan, Jake e eu estamos juntos. — ela finalmente me olha, mas desta vez sou eu que não consigo sustentar o seu olhar.

— O quê? — pergunto incrédulo.

— Estamos juntos, como um casal. — ela fala.

— Você sabe que ele mentiu pra você, tanto quanto eu, né? — disparo sem nem pensar — Ele ficou um ano vivo e livre por aí, morando perto de nós igual um psicopata nos vigiando e não te disse nada e nem sequer te procurou, te ligou ou te mandou mensagem, ele preferiu fingir estar morto, sabendo que você ia sofrer, e de novo, ele MENTIU pra você.

Você era meu noivo e ele não. — responde rápida.

— Ainda assim, vocês tiveram uma relação durante o sequestro e isso não o ausenta em nada, então ele mentiu — repito — Traiu sua confiança do mesmo jeito e tanto quanto eu.

— Cuidado com o que diz. — ela me alerta com a voz firme e um pouco alta.

— Como você queria que eu reagisse? Dando os parabéns? E mesmo sabendo disso, você escolhe estar com ele? Mas que porra de balança é essa?

— Você está sendo duro.

— Eu não estou sendo duro, estou tentando entender como isso aconteceu? Estou indignado por você confiar nele o bastante para estar com ele agora e não comigo, porra. — exalto minha voz jogando o pano de prato na mesa com raiva enquanto começo a andar pela sala de jantar.

— Alan, você pode estar esquecendo, mas eu não devo nada a você. Te contei sobre o Jake e eu por educação e por consideração.

— Eu não vou te esperar para sempre, Maria.

— Eu não pedi para me esperar, Alan, e se somos amigos agora é porque eu permiti, por tudo o que fez por mim em Duskwood.

— Você está brincando comigo? — pergunto com um gosto amargo na garganta. — Não somos amigos, Maria, nunca fomos amigos. Você sabe tão bem quanto eu que me mantém por perto porque nem o Jake e nem ninguém faz você se sentir tão bem, tão amada, tão desejada e tão completa quanto eu. — respondo me aproximando dela vendo suas pupilas dilatarem.

— Essa é a coisa mais arrogante que já ouvi você dizer. — responde ela cruzando os braços sem dar um passo mesmo eu me aproximando, ela sorri ironicamente enquanto ela levanta as sobrancelhas supresa com o que eu falei, mas não recua.

— Não é arrogância, só estou sendo brutalmente honesto com você. E de novo, te pergunto se está brincando comigo todo esse tempo, enquanto eu recebo essas suas migalhas de afeto, carinho e amor quando você está entediada com o hacker? — abaixo o tom de voz me aproximando ainda mais.

— O quê? — sua voz falha.

— Ok, vamos dizer que "somos amigos", — faço aspas no ar — Trata todos os seus amigos desse jeito? Troca de olhares, toques sutis, ligações, mensagens de madrugada e chamadas de vídeo até dormir, escolher sair comigo ou invés dele — sinto meu coração pulsando rápido enquanto meu cérebro grita pra eu calar a boca, mas continuo — Eu te conheço, sei como faço você se sentir e já que é a "senhorita honestidade", me conte: é assim que se sente com seus amigos? Faz isso com a Jessy? Com o Dan ou com qualquer outro amigo? — eu a olho intensamente vejo seu peito subindo e descendo com sua respiração, nosso corpos e rostos a centímetros de distância, ela me encara ficando em silêncio e sei que estou certo.

Sempre foi ela - DuskwoodWhere stories live. Discover now