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Bonnie pov's
Minha cabeça dói.
Meu corpo inteiro dói, sinto que fui atropelada por mil cavalos. Abri meus olhos lentamente, tentando me acostumar com a claridade. Olhei para baixo e vi que minhas roupas foram trocadas, agora uso uma calça moletom e uma blusa larga branca. Meus olhos passearam ao redor e pude perceber que estou em um quarto de luxo com cores claras e escuras. A cama é gigante e macia com lençóis pretos, uma grande tv em frente a cama, um closet e outra porta que acho ser o banheiro, e também um "bar" com uma estante cheia de bebidas caras.
-Minha cabeça...-Gemi baixo, sentindo a dor aumentar.
Respiro fundo e tento me lembrar do que aconteceu e como vim parar aqui, talvez ainda esteja em perigo, mas não consigo lembrar. Só me lembro de entrar no carro e ligar ele. Me levantei devagar, tentando ignorar a tontura que sinto. Caminho até a porta e percebo que está trancada.
Ótimo, não faço ideia de onde estou, por Deus, espero que eu não tenha sido sequestrada de novo.
Respiro fundo e caminho de volta para a cama, estou me sentindo fraca demais para tentar descobrir agora. A fome me atinge com força, me deixando ainda mais tonta.
-Que droga!-Resmungo baixo, tocando minha cabeça.
Escutei a porta abrindo e meu coração acelerou, é melhor me esconder. Por impulso, corri para debaixo da cama e fechei os olhos esperando o pior.
Passos estavam se aproximando e um perfume inconfundível também. Billie.
-Já pode sair daí, Bonnie.-Ela se jogou na cama e suspirou.
Agora ela resolveu aparecer? Que ótimo.
Bolei para lado, saindo de onde estava. Me levanto com dificuldade e sento na cama sem olhá-la.
-O que aconteceu com você, Bonnie? Te encontrei no meio da estrada desacordada em um carro.-Sua voz estava calma, como se ela estivesse mesmo querendo saber.
Franzi o cenho e continuei sem olhá-la, respiro fundo e penso no que falar. Eu ainda não parei pra pensar sobre ontem, mas sei o que fiz. Matei uma mulher, matei alguém e não sinto culpa.
céus.
Meu peito dói e minha respiração falha, meus olhos estão ardendo só de ter que lembrar sobre tudo aquilo.
-As luzes se apagaram e...uma mulher me arrastou, me sequestrou até a floresta.-Respirei fundo, tentando não chorar.
Billie se aproximou de mim, me fazendo sentir sua respiração em minha nuca.
-Diga, Bonnie.-Ela continuou calma, compreensiva.
-Nós brigamos lá, ela me apontou uma arma e disse que queria acabar comigo. Eu não sei quem era, não vi o rosto dela, mas...-Molho meus lábios trêmulos e aperto minhas mãos.-Eu acho que matei ela, Billie.
Olhei para Billie com vergonha, repulsa de mim mesma, mesmo que Billie faça isso e seja normal para ela, me deu vergonha de dizer em voz alta.
Sua expressão é de espanto, ela não esperava. Depois de alguns instantes olhando meu rosto, Billie se aproximou e me puxou para seus braços, me abraçando e me deixando chorar.
-Tudo bem...você fez isso pra sobreviver.-Ela sussurra, passando as mãos em meus cabelos.
Neguei com a cabeça, sentindo seu aperto aumentar.
-Eu não consigo me sentir culpada, mesmo tentando! Eu matei alguém e nem sinto isso, esse peso e culpa.-Levantei a cabeça para olhar seus olhos azuis.-Eu não sou isso. Eu sou uma pessoa boa, Billie! Eu...eu não queria.-Soluço chorosa, negando frenéticamente.
Billie passou as mãos por meus cabelos, negando com sua cabeça lentamente.
-Tudo bem, Bonnie...-Ela me olha preocupada, com seu cenho franzido.
Seus braços me puxaram para sentar em seu colo, enquanto suas mãos ainda acariciam meus cabelos. O toque de Billie nao é agressivo como das outras vezes, é gentil e cuidadoso. Me faz esquecer da dor que sinto em meu corpo, me faz querer dormir em seus braços fortes. Deitei minha cabeça em seu ombro e parei de chorar, começando a sentir sono.
-Acha que sou má pessoa, Billie?-Pergunto baixo, sentindo meu corpo arrepiar só de pensar.
Eu não sei porquê estou me respondendo aos toques dela agora, mas sei que isso é bom demais para mandar parar.
-Você é a única pessoa boa que conheço, Bonnie.-Ela sussurrou para mim, deslizando sua mão em minhas costas com leveza.
Respiro fundo e fecho meus olhos, me rendendo ao cansaço.
(...)
