Num lindo e tranquilo dia de Primavera, saltitava, de árvore em árvore, entre os galhos mais rasteiros, o corvo Dudu.
Dudu era um corvo solitário e sonhador.
Cedo voou à descoberta de novas paisagens e, ficava horas a fio, a admirar os enormes campos de flores. Inspirado, por tamanha beleza, escrevia poemas que, mais tarde, iria recitar à sua amada. Só que o Dudu nunca se tinha apaixonado por ninguém.
Foi, precisamente, nesse dia que avistou uma nuvem de borboletas sobrevoando um bonito e perfumado campo de flores e, logo sentiu que as flores o chamavam. Nesse mesmo instante, num voo rasante, aproximou-se, de mansinho, para não assustar as borboletas e, aí ficou, deslumbrado com o espectáculo de cores que lhe despertou tanta curiosidade.
Havia flores de todas as cores, mas a cor que predominava era a cor do sol. Era uma visão que o fez extravasar de alegria. O amarelo tinha, nele, esse efeito e fazia-o esquecer os momentos menos bons. E ali ficou parado sem dar conta do tempo que passava.
As borboletas foram, de certo, atraídas pela fragância inebriante das flores...
De todas as borboletas que viu, houve uma que lhe chamou, desde logo, a atenção. Era uma bela borboleta branca e elegante, que voava de flor em flor e sempre que nelas poisava, fazia-o ao de leve de uma forma delicada.
Entre uma for e outra olhava-o com os seus olhinhos doces e meigos. O seu pequeno coração foi sendo inundado de amor. Num descuido, a bela borboleta tocou, sem querer, na asa esquerda do Dudu, o que ele entendeu como um presságio de mudança e transformação.
Ao trocarem olhares, Dudu podia, até, jurar que ela lhe piscara o olho. E isso fez o seu pequeno coração transbordar de paixão. Ficou, então, tão animado e feliz que, nesse momento, desejou tanto, ser, também uma borboleta. Fechou os seus lindos olhos pretos, e quando os abriu, pôde constatar que o seu sonho se tornara realidade.
Tinha encontrado, por fim, a sua cara-metade e, lado a lado, voaram e poisaram em todos os campos de flores que encontravam.
Agora, no lado esquerdo do seu peito saltitava, enfim, um coração apaixonado.
