— Não faz ideia do que está falando — interrompeu-a numa risada amarga, os olhos fulminando.

— Eu sei, sim — retrucou com convicção antes de lhe dar as costas, não mais interessada em lhe dizer tudo o que pretendia.

....

Já havia anoitecido quando o trio retornou à casa alugada de mãos vazias. Procuraram Zemo por todos os cantos, mas não havia sequer um vestígio dele pela cidade. Era como se ele literalmente tivesse desaparecido da face da terra e era extremamente frustrante, principalmente quando a culpa disso recaía sobre eles.

Era reconfortante, ao menos, saberem que John não estava mais no local quando retornaram e também não esbarraram com ele pelo caminho. Daiana sabia que ele não estava mais agindo como costumava agir e a preocupava que sua atitude de mais cedo tenha o influenciado a tomar alguma atitude perigosa, pois o peso em seu peito não diminuía desde que lhe dera as costas e partira com Sam e Bucky em busca do Barão.

Daiana saía do banheiro, após um relaxante banho de água quente, para o quarto quando viu a distância o celular vibrar sobre a cama. Ao aproximar-se, deparou-se com uma chamada de vídeo de Melinda, o que a fez franzir o cenho, pois praticamente nunca conversaram daquele modo.

A atendeu e inicialmente a imagem estava instável, como se alguém tivesse dificuldade em segurar a câmera.

— Melinda? — A chamou incerta.

— Dai? — Ouviu a voz da amiga meio risonha.

Foi quando a câmera focou-se no rosto bonito da mulher que sorria apesar da expressão estar lhe dizendo algo como um pedido de desculpas que deixou Daiana ainda mais curiosa.

— Tudo bem? — Sentou-se na cama.

— Desculpa o horário — pediu num tom quase envergonhado. — Mas a mãe insistiu que queria porque queria falar contigo.

Aquilo a fez erguer as sobrancelhas em surpresa, pois há dias não conversava ou visitava a Dona Olivia. Sabia de sua demência e que costumava confundir a realidade com ficção de sua cabeça, tal como as vezes esquecia-se de algumas pessoas, mas aparentemente não se esquecera dela e isso era um bom sinal.

— É mesmo? — Então reparou na parede completamente branca e lisa atrás da amiga, deduzindo que ela estivesse no hospital naquela noite. — Ela está aí?

— Está, sim — houve um movimento de câmera, pois o celular estava sendo passado para outra pessoa. — Segura assim, mãe — instruiu. — Está vendo ela aqui? — No canto da tela apareceu parte da testa de Melinda e seus cabelos escuros.

— Ah... — Olivia exclamou surpresa quando seus olhos azuis se apertaram para enxergar melhor a imagem na tela e então um sorriso se abriu ao reconhecer a mulher que sorria de volta. — Oi — ergueu a mão livre para lhe dar um aceno.

— Oi, Dona Olivia — sorridente, Daiana a cumprimentou de volta como se o peso do dia inteiro tivesse desaparecido de seus ombros, pois com elas não haviam problemas. — Como a senhora está?

— Estou bem — respondeu com a voz rouca e arrastada devido a sua dificuldade para respirar. — E você, mocinha?

Viva, quis lhe responder, mas conteve-se.

— Muito bem — mentiu um pouco para não a preocupar e ter que se explicar. — Soube que queria falar comigo — tratou de mudar o assunto.

— Ah, sim — disse como se tivesse se lembrado disso. — Steve esteve aqui hoje de manhã — contou alegre. — Ele fala muito de você.

— É mesmo? — Esforçou-se para manter a naturalidade. — E o que ele fala?

— Só coisas boas, eu garanto — deu uma risadinha e foi acompanhada pelas outras duas que a ouviam. — É um bom homem. Eu ficaria muito feliz em juntar vocês dois, seriam um casal muito bonito, mas ele riu me contando que na verdade você e o melhor amigo dele são apaixonados e irão ficar juntos.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now