— Eu só fiz o meu trabalho. — olho para baixo e depois para a frente de volta a estrada.

— Cuidar de mim bêbada fazia parte do seu trabalho? — pergunta ela, curiosa cerrando os olhos.

— Servir e proteger. — sou policial e este é o nosso lema — Mas, cuidar de você na delegacia, e te "resgatar" do banheiro do Aurora, te levar para o hotel e ver se passa a noite bem, foi apenas, eu. — dou de ombros porque é verdade, me preocupei com ela, queria me certificar eu mesmo que ela ficarei bem e teria feito muito mais, e faria se ela deixasse.

— Eu agradeço por isso, Alan. Quanto tempo eu fiquei no banheiro do Phil? — ela pergunta e desvia o olhar.

— Você estava andando toda torta, foi um milagre chegar no banheiro sem cair. — dou risada com a lembrança daquele momento.  — Você ficou lá uns 25 minutos.

— 25 minutos? — ela responde assustada — Parecia que que tinha só fechado e abertos os olhos bem devagar.

— Não, eu demorei para ir atrás de você, pensei que estava vomitando, mas passou tempo demais. Entrei lá e você estava deitada dormindo no chão. — respondo rindo mais ainda e percebo ela me olhando e seus olhos descem para os meus lábios o que faz com que meu sorriso se alargue ainda mais.

— Que vergonha.

— Não precisa se envergonhar, na hora fiquei preocupado, mas agora lembrar disso é engraçado. Por que você se deitou no chão?

— Eu acho que estava confortável. — responde ela dando de ombros.

Poucos minutos depois, chegamos ao aeroporto e começo a sentir um nó na garganta enquanto andamos até o seu local de embarque. A fila não está muito grande e ela já pode entrar, começo a suar frio, ficar nervoso, ela vai embora e nunca mais vamos nos ver.

— Obrigada por me trazer aqui. Obrigada por tudo o que fez, significou muito pra mim, Alan, obrigada. — Maria diz e posso ver em seus olhos que está realmente grata.

— Servir e proteger. — é tudo o que consigo dizer, e sorrio para ela.

— Servir e proteger. — repete ela sorrindo de volta e me pergunto se mais alguém nessa cidade foi capaz de fazê-la sorrir além de mim.

— Maria, sobre o Jake, eu sinto muito mesmo, lamento por sua perda.

— Obrigada, mas por favor, eu não quero falar sobre isso, sobre ele.

— Maria... — ela me interrompe erguendo a mão, eu respeito sua vontade de não falar sobre isso, então só digo — Foi um prazer conhecer você.

— Foi um prazer conhecer você também, Alan, novamente, obrigada por tudo.

Dou um passo à frente e ela também, então eu a abraço, forte, e demoro para soltá-la, a verdade é que eu não queria a soltar, sinto o coração dela bater, sinto ela relaxando em meus braços, e aperto um pouco mais.

Nos separamos do abraço e ela sorri para mim, e vai até a fila, ela dá vários passos e fica mais vez mais longe de mim, a aeromoça, a autoriza a entrar, mas antes disso, ela se vira de novo para mim e sorri, e meu coração bate em um ritmo tão rápido que sinto que posso morrer.

— Me avise quando chegar em casa. — falo alto o bastante para que me escute, ela acena que sim ainda sorrindo — Se cuida, Maria. — sorrio de também.

Ela entra no avião, e alguns minutos depois eu o vejo decolar, quando me viro para ir embora, começo a me sentir mal, parece aquela sensação antes de desmaiar, mas consigo chegar até o carro, na verdade, me sinto sufocado, agarro o volante com toda a força e vejo meus dedos ficarem brancos, respiro fundo algumas vezes, meu ritmo cardíaco voltando ao normal. Solto o ar, que porra acabou de acontecer?

Chego em casa em pouco minutos, ainda pensando em Maria, penso que ela vai chegar e estar sozinha ou se sentir sozinha, e não queria que ela se sentisse assim. Mordo o lábio, pensando.

Alan: Pode descobrir o endereço da Maria para mim, por favor?

Ben: Me dê 3 minutos.

Alan: Estou esperando.

Ben: 540 Park Avenue, Upper East Side, Nova York, uau, Manhattan, que chique.

Alan: Obrigado, Ben.

Antes que Ben mande mais alguma coisa, começo a pesquisar floriculturas próximas ou que entreguem onde ela mora, e graças aos céus, consegui localizar uma. Não sai barato, mas encomendo um buquê de girassóis, falo o que quero que esteja escrito no cartão e mando enviar para a casa dela, espero que chegue lá antes dela, com certeza isso vai acontecer, só quero que ela fique feliz e não se sinta sozinha quando chegar.

Mais tarde, vou para a delegacia começar meu plantão, mas seria pedir demais que o fofoqueiro do Ben não tivesse dito nada aos outros, mas aparentemente, ele disse, e agora estão ao redor da minha mesa.

— O que você fez? — pergunta Miles.

— O que você quer saber?— pergunto de volta.

— Ben me contou, você pediu o endereço da garota, vai aparecer lá de surpresa?

— Não, eu não vou fazer isso.

— Estamos curiosos para saber e porque você pediu isso ao Ben e não a mim? — Pergunta Julie assistente administrativo da delegacia.

— Você não tem acesso ao sistema da polícia para achar endereços, Julie. — respondo paciente.

— Quem disse que não? — ela fala e tapa a própria boca. — Vocês não ouviram nada.

— Como conseguiu o acesso? — Miles pergunta para ela que apenas dá de ombros.

— Você sabe que isso é crime, Julie. — fala Ben.

— Então, me prenda senhor policial. — ela fala brincando. — Vocês não percebem que mudaram de assunto e que o importante aqui é o por que o detetive Bloomgate queria o endereço de um ex suspeita de homicídio e sequestro?

— Mas ela era inocente. — respondo rindo.

— Conta o que rolou? — pressiona Miles.

— Nada, eu só mandei flores para ela. — Ouço alguns sons de "Aah", animados e desanimados, que platéia difícil de agradar.

— Que fofo! — responde Julie.

— Meloso, você não sai com ninguém desde que se separou, ainda está parado no tempo. — responde Miles.

— De qualquer forma, isso não é da conta de vocês. Me deixem trabalhar. — digo e todos se dispersam e respiro aliviado.

Como todos sabemos, Duskwood pode ser entediante, e desde que tudo aconteceu, não tem mais nada para fazer, o grande caso do sequestro foi resolvido, as coisas mais emocionantes são trotes que nos passam. Então, algumas horas depois que cheguei ao trabalho meu celular vibra com uma mensagem de Maria.

Maria: Acabei de chegar em casa. Não sei como te agradecer pelas flores.

Alan: Que bom que gostou. Descanse, mais tarde nos falamos.

Por mais que eu queria muito conversar com ela agora, eu sei que está cansada, ela vai se sentir melhor quando dormir e ver que mais um dia se passou desde que tudo aconteceu, me preocupo com ela, quando ela se sentir melhor podemos conversar com calma, mas fico feliz e aliviado que tenha gostado da surpresa, das flores, e no fundo espero que ela saiba que estou pensando nela.

Sempre foi ela - DuskwoodWhere stories live. Discover now