EUDAIMONIA ◠ Gyuhoon

CAPÍTULO UM: Lee Jihoon só queria um pouco de paz.

Jihoon soltou o ar forte pela boca e nariz, tentando, nem que só um pouquinho, se acalmar porque estava perdendo a paciência com o jeito que Mingyu lhe olhava. O Lee foi assistir ao treino de basquete de Seokmin e Soonyoung, não tinha quase ninguém no local, os bancos da arquibancada quase vazios e Jihoon estava sentado em um dos bancos, já Mingyu estava sentado no banco acima só que no outro canto, bem afastado de si, mas os olhos não desgrudava uma vez sequer de si e isso já estava irritando Hoon.

Tentou ignorar, diversas vezes na verdade, e tentou se concentrar no jogo, mas já estava sentindo suas costas ardentes, era como se olhos alheios fossem como lasers - Ou talvez era só seu corpo que reagia demais à Mingyu e ficava quente só com um mero olhar; o garoto puxou a pele da mão e estalou a língua no céu do boca, levantando e andando com uma rapidez que nem mesmo Mingyu conseguiu prever para que pudesse sair dali, porque Woozi parou em sua frente com os braços cruzados e uma carranca que, evidentemente, deveria dar medo mas Gyu só conseguia achar ele ainda mais fofo.

- O que você quer, hein? Porquê não para de me olhar? Quer me falar algo, Mingyu? - Despejou as perguntas de uma só vez, em um único puxar de fôlego, deixando o grandão a sua frente confuso e sem conseguir pensar direito.

- O quê? - Falou depois de alguns segundos calado, pendendo a cabeça para um lado inconscientemente, como um cachorrinho. Woozi revirou os olhos.

- Eu perguntei se você quer me falar algo, porque não para de me olhar.

- Ah... - Sorriu perigosamente atraente. - Não é nada, é só que você é lindo, Hoon.

Merda.

Lee Jihoon desviou o olhar para qualquer canto daquela quadra que não fosse aquele idiota de tamanho maior a sua frente, sentia suas bochechas quentes e era capaz que elas estivessem rosadas - Contra sua vontade, óbvio, porque não queria parecer venerável e ou frágil as coisas que Kim fazia, não quer demonstrar que tudo que ele fazia e falava se causava algo.

O estudante de letras só saiu dali, rápido, ignorando o chamado do outro e o treino dos amigos.

***

Ji se olhou no espelho, observando o corte novo, não tinha certeza se tinha gostado mesmo... Quer dizer, resolveu inovar e fazer um corte novo, o cabelo estava mais curto que normalmente era e a franja também, mas, não sabia ao certo, parecia que ela tinha ficado curta demais e agora não tinha certeza se foi uma boa ideia mudar. O universitário buscou uma das suas toucas, aproveitaria que o dia estava frio para usar a touca como desculpa para não mostrar o corte, mas infelizmente não achou, apenas uma boina que deixava sua franja ainda aparente. Sem escolha, colocou o acessório sob os frios e correu para fora do apartamento, trancando a porta e saindo do prédio o mais rápido possível até o ponto de ônibus mais próximo, por sorte, assim que chegou no local viu seu ônibus se aproximando.

[...]

Seu dia estava dividido entre prós e contras, porque, honestamente: estava sendo difícil lidar.

Prós: Conseguiu pegar o ônibus assim que chegou no ponto e ainda deu tempo de tomar café devidamente.
Contra: Seu cabelo estava um porcaria, estava se sentindo feio, tinha esquecido de fazer uma atividade que valia ponto (e que não dava para fazer na universidade porque tinha aula da matéria no primeiro horário) e ainda por cima deu um escorregão colossal por causa de um skate na frente de todo mundo na entrada.

O último acontecimento tinha acabado de acontecer e quase lhe causou uma queda, quase, porque antes mesmo de seu rostinho ir de encontro com o chão sentiu um braço musculoso rodear sua cintura e uma mão grande pousar ali também, do lado esquerdo. De quem que fosse aqueles brações, Jihoon seria eternamente grato porque lhe salvou de passar uma vergonha daquelas.

- Ei, você tá bem? - O braço falou, ou melhor, seu herói falou com a voz rouca.

"Retiro tudo o que eu disse", pensou revirando os olhos. Claro, mas é claro que o culpado pela sua quase queda (e também o herói que lhe salvou dela, mas isso já não importa) tinha que ser Mingyu. Só um idiota daqueles seria capaz de deixar um skate jogado por aí.

- Hum, sim. Obrigado... - Se afastou quando viu que estava em uma situação embaraçosa demais. Provavelmente estava tão vermelho quanto uma cereja. - Mas vê se segura esse skate antes que provoque um acidente, idiota.
E saiu andando, envergonhado, ainda sentindo Mingyu apertando seu corpo, deixando o grandão para trás. "Esse brutamonte idiota", praguejou em pensamento entrando na sala.

[...]

- O que foi, Woozi? Você parece triste. Aconteceu alguma coisa amigo? - Joshua, seu amigo estudante de letras, perguntou. Tinha o encontrado assim que saiu de sua sala, coincidentemente, suas salas ficavam uma de frente para a outra e assim que o americano o viu com uma expressão melancólica, não demorou em atravessar o corredor e ir falar com o garoto.

- Não é nada, Shua... só não estou no meus melhores dias hoje, só isso. - Suspirou.

- Hum, entendi... - Bateu de leve no ombro alheio, um gesto de conforto. - Gostei do novo corte, Hoon. Achei que combinou contigo.

- Sério mesmo? Eu não sei ainda se gostei, me parece estranho...

- Sério. Eu adorei, achei que você ficou mais fofo ainda. - Apertou as bochechas do amigo e Ji fez uma cara de tédio porque odiava que fizessem isso, não que Josh tenha ligado para isso no momento.

- Tudo bem, já deu. Eu tenho que entregar uma atividade, te vejo depois. - Se despediu do estrangeiro, caminhando entre aquele mar de gente. Notou, ao longe, Mingyu, até porque ele se destacava bastante com a sua altura gigantesca e era impossível confundir aquele sorriso brilhante com qualquer outra pessoa; claro que sua intenção era passar pelo garoto despercebido, sabia que se desse uma brecha, Min iria encher seu saco como sempre fazia.
Não que tenha dado certo dessa vez, seu esforço foi todo em vão.

- Ei, Woozi. - Saudou, sorridente, como sempre era. - Sobre mais cedo... desculpa mesmo te fazer quase cair, fui descuidado em deixar o skate solto, por sorte eu te segurei a tempo, né.

- Er, sim... - Torceu a boca, desconfortável. - Se era só isso, eu já vou indo, tenho uma atividade para entregar.

Deu alguns passos, mas uma mão segurando seu pulso o impediu de continuar. O Lee olhou para o outro, com uma interrogação estampada no rosto.

- Hum, é que... bem, gostei do novo corte, Jihoonie.

Woozi puxou o ar rapidamente e cerrou os dentes, estava com a cabeça cheia e de saco cheio daquilo. É sério que Mingyu iria zoar com a sua insegurança?

- Você... você é idiota insensível, Mingyu. - Puxou o braço e saiu pisando duro, com um bico nos lábios.

Gyu fez uma careta, sem entender nada, realmente tinha gostado do novo corte do Lee, tinha o deixado ainda mais fofo do que já era; achava uma gracinha ele se irritar com tudo e mesmo que às vezes ficasse triste e melancólica com os constantes foras, adorava provocar, pelo menos, um reação sequer nele, mesmo que fosse o ver como uma bola de fogo fofa.

Woo entregou a atividade avaliativa ao seu professor a tempo, marchando para o refeitório, pensando no quanto precisa de férias e o quanto gostaria de um pouco de paz.