𝟒𝟖 | 𝐍𝐎𝐕𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎

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— Certo — Veiga, já ficando impaciente, passa a mão pela cabelo, tentando não se abalar com as palavras do cara em pé ao seu lado. — E lembrar do passado resolve no que exatamente?

— Não resolve, mas resolveria. Agora... puta que pariu! — André Cury está putasso. Preparando um sermão do caralho. — A gente precisa dar um jeito de limpar a imagem de vocês.

— O que você quer que a gente faça, Cury? — Veiga pergunta com a voz também elevada. Mais elevada que o normal. Ele está começando a se alterar, mas tenta se conter ao sentar na poltrona mais perto e deixar sua mão em cima da mesinha ao lado, onde com os dedos fica batucando a madeira. — Por acaso você tem a porra de um plano decente aí? Sei lá. Uma joia do infinito pra voltar no tempo e mudar o passado.

— 'Tá engraçadinho, hein, caralho. Mas 'tá se esquecendo que foi vocês que causaram isso! — Cury não está muito bem, não. Tenho a impressão que alguém vai sair destruído daqui hoje. Por isso decido ficar com minha boca bem fechada, até mesmo quando ele direciona as palavras a mim: — A culpa é totalmente de vocês. Irresponsáveis que não pensam nas merdas que fazem!

Cury diz olhando especificamente para mim, pois eu sou a grande responsável de todas as merdas dos últimos dias. Não é só meu nome que está sendo dito pela imprensa, mas eu sou a mais falada por ser mulher e estar com a reputação completamente manchada.

Eu que saí por aí pegando o amigo de time do pai do meu filho. Eu que dei uma nova chance ao pai do meu filho também. Eu que estou nesse triângulo amoroso. E eu que acabei engravidando.

— Você quer que ela te peça desculpas? — Veiga pergunta, notando o jeito como Cury me olha. — Ela é uma pessoa que comete erros que nem todo mundo, caralho!

— Isabella é uma pessoa pública — Cury corrige com a voz firme para que a gente compreenda a seriedade do assunto. — E está com a imagem manchada.

— Ela ainda é uma pessoa livre. 

— Livre? — Cury debocha, rindo. — Acorda, garoto. Isso aqui não é um filme da Disney. Isso aqui é a realidade e vocês nunca foram livres. Você é um jogador de futebol, Piquerez também e ela — o cara aponta para mim e meu coração acelera — é uma atriz. Se vocês queriam tanto ser livres, não deviam deixar de ser anônimos. A fama traz consequências.

— E o que você sugere?

— Primeiro de tudo — Cury olha para o homem sentado ao meu lado —, precisamos de uma namorada louca o suficiente para você, Piquerez, que aceite fingir estar grávida.

— Quê? — Penso que foi a minha indignação sendo exposta, mas foi apenas Veiga, preocupado com o que seu amigo terá que se meter. — Ficou louco, Cury?

— É a única solução.

— Pensé que la situación más obvia sería que Isabella e eu assumíssemos um namoro de mentira — Joaco fala e isso me pega de surpresa. Não conversamos sobre isso. Muito menos sabia que ele pensava assim. — Las fofocas recientes fueron sobre nós dois. Acabei, sin querer, soltando que voy a ser pai, entonces... ¿por qué no namorarmos?

Olho para Joaco, tentando compreender o tom de suas palavras. Por que parece que ele planejou isso?

— É a coisa óbvia a se fazer e que todo mundo espera que aconteça. — Cury concorda. — Mas isso limpa apenas a sua barra, garoto. Já a dela... porra! O que você acha que vão falar da atriz que teve filho com um jogador e pouco tempo depois teve outro filho com outro jogador do mesmo time??? A não ser que queira afundar a carreira e imagem dela, essa opção está fora de cogitação.

— Você não pode estar falando sério — Veiga abafa uma risada, meio atordoado ao olhar de Cury para o piso. — Onde arrumar uma namorada e fingir uma gravidez faz sentido, então, Cury??

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now