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Luiza Marinho ; Point of View

Me joguei no sofá da sala de lucas e fiquei ali no meu celular, nunca imaginei que minha ultima semana na rocinha seria na casa dele...
Beatriz estava doente, e ela não me disse nada, estava com um tumor no cérebro, maligno...
Por um lado eu fiquei irritada com ela, por não me dizer, mas agora estou triste, ela acabou de perder o homem que amava e agora está em risco....

Lucas: ta pensando em que? - ele desceu as escadas, estava com uma calça jeans, uma camisa preta lisa, um tênis branco, correntinha e armado

Luiza: na beatriz...:

Lucas: pô...a situação é complicada

Luiza: ela já está no grau 4....eu to entrando em desespero

Lucas: calma...ela vai fazer um tratamento, não vai?

Luiza: ela disse que não, ela disse que não quer mais sofrer... - falei com os olhos marejados

Lucas ficou em silêncio por um tempo, e largou o que estava segurando, as chaves, a arma.
E me abraçou....
Segurei o choro por alguns segundos mas não resisti, daqui uns dias irei embora e não vou ter mais notícias dela.

Lucas: vai ficar tudo bem princesa... - ele acariciou meu cabelo

Encostei a cabeça em seu peitoral e consegui controlar todo aquele sentimento.

Lucas: vou ficar, certo?

Assenti com a cabeça e soltei o ar que prendia em meus pulmões, lucas foi gentil de uma maneira fofa, até achei engraçado.
Ás 23h20 peguei no sono no sofá, enquanto assistíamos a um filme de comédia.

...

(3 dias após)

Entrei na sala primeiro e já estava coberta de fumaça, logo lucas entrou atrás passando o braço ao redor da minha cintura e me puxando pra perto dele.
Estava acompanhando ele no plantão porque não queria ficar naquela casa sozinha, na verdade eu só não queria estar sozinha.

Estávamos na casa de um dos amigos de Lucas, me sentei no sofá e haviam mais duas garotas meio bebadas e 3 caras fumando pra caralho.
Fiquei quieta enquanto eles discutiam, o clima estava ficando tenso ali...

Lucas: não me importo, você vai pagar

Thiago: Porraaa, eu não tenho os 30 mil agora

Lucas: quem manda ser viciado?! fica bancando geral, vai ficar de exemplo

Bruno: pera chefe, vamo resolver isso namoral

Minutos depois entraram mais 4 pessoas na casa...me levantei e fiquei recatada perto do sofá enquanto as meninas olhavam assustadas, eu não deveria ter entrado nessa porra.
Eram os "amigos" de lucas, estavam armados....

Bruno: pô...eu não tenho nada a ver com isso, a divida é dele - o garoto se afastou do amigo....filho da puta, um verdadeiro judas

Thiago: leva o que quiser, só não me mata - ele falou com os olhos marejados

Lucas: vai ficar de exemplo drogado - ele disse irritado e se afastou

Os outros 4 homens começaram a espancar o garoto, não consegui ficar ali, sai pra fora da casa com falta de ar...
Respirei fundo, felizmente amanhã é sexta-feira, no sábado eu volto oficialmente pra casa...porém isso também me preocupa, pois não verei beatriz.

Lucas saiu da casa com sangue nos olhos, mas sua expressão mudou quando me olhou com aqueles olhos.

Luiza: obrigada pelo trauma

Lucas: desculpa, esqueci de te avisar

Luiza: mataram ele? - engoli em seco

Lucas ficou em silêncio e foi a resposta.

Luiza: mais algum assassinato pra cometer?

Ele começou a rir e eu me irritei

Lucas: não - ele disse rindo - desculpa

Luiza: vamo logo! - cruzei os braços

Demos um rolê pela rocinha, sem muito movimento ou barulho, apenas curtindo a vibe...
Respirei aquele ar gelado, por alguns instantes esqueci de todoo aquele problema, de toda aquela tensão, e tristeza que me consumia.
Eu queria que fosse eu, não ela.

Conheci beatriz aos 12 anos, em uma festa de aniversário.
Ninguém queria brincar comigo, por conta dos meus pais, achavam que eu era metida e eu acabava sendo excluída.
Mas ela tentou, e se tornou minha melhor amiga, meus pais nunca foram a favor da nossa amizade porque sabiam que ela era de uma comunidade diferente, mas isso nunca me incomodou.

E agora, ver que eu vou perder ela...
não ter autonomia pra fazer nada, só assistir a morte da melhor pessoa que entrou na minha vida, me fazia refletir, me trazia culpa.
Minhas bochechas já estavam quentes e as lágrimas rolavam, lucas felizmente não havia percebido meu choro silencioso.
Eu não posso pensar demais, meus pensamentos me sufocam.

Lucas: luiza - ele parou a moto

Tentei secar as lágrimas rapidamente mas não consegui, desci da moto e ele me olhou preocupado, saindo da moto também e a desligando, estávamos no alto do morro, era possível ver a rocinha inteira dali.

Lucas: foi por causa do que eu fiz?

Luiza: não...é a beatriz

Lucas: você vai acabar adoecendo

Luiza: eu queria trocar de lugar com ela

Lucas: ta maluca? calma....ela é forte, vai conseguir superar isso, também tô mal pra caralho, conheço a beatriz desde que nasci...mas.. - ele respirou fundo - eu acredito que tudo tem um propósito meu bem

Luiza: propósito? - ri ironicamente - você fala isso porque não ama ninguém lucas - falei rudemente - pra você tanto faz, você não tem coração, isso não é um propósito, é um desastre - meus olhos já estavam cheios de lágrimas novamente

Lucas desviou o olhar e travou a mandíbula de uma maneira que eu consegui notar em seu rosto, ele parecia irritado, mas, também magoado.

Lucas: eu amei minha mãe....e eu amo uma outra mulher, mas o que eu sinto não faz diferença pra você, enfim luiza, sábado você volta pra sua vida de princesa e eu continuo aqui, se quiser saber algo da beatriz, é melhor manter uma conversa estável comigo

Luiza: vamos embora! - falei irritada

DOIS MUNDOS - Rio de Janeiro Onde histórias criam vida. Descubra agora