𝟒𝟕 | "𝐏𝐎𝐑 𝐕𝐎𝐂𝐄̂"

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Quê??? Como assim? 

— Vocês se conhecem? — As questiono. 

Minha mãe parece cair na real ao ouvir minha voz e me olha com tanto medo que sei que tem algo rolando. Algo pelo qual não pode me contar e eu não deveria estar sabendo.

Esse é o problema de ser uma pessoa transparente. Você não consegue esconder seus sentimentos. Minha mãe é assim. Uma característica que eu claramente não herdei.

E eu compreendo seu sentimento agora. Ela me esconde alguma coisa.

— De onde vocês se conhecem, mãe? — Pergunto de novo, me ajeitando na cama, sentindo minha cabeça explodir com um monte de informação bugando meus neurônios.

Será que é por essa ligação desconhecida que Camilla quer tanto me ajudar? Ela tem alguma relação com a minha mãe?

— Não é nada — Camilla responde, vendo que minha mãe não é capaz de se explicar. — Somos só velhas conhecidas.

— E se conhecem de onde?

— Coisa do passado. — Minha mãe mente que só por Deus. — Nada de mais, filha.

— Então me fala, se não é nada de mais.

— Eu vou esperar lá fora — Camilla se levanta e se retira com a mesma rapidez, fugindo desse b.o.

— Hum?? — Cruzo os braços e fico no aguardo de uma explicação. — Vai me contar que que foi isso? Camilla me ajuda no estúdio desde o dia que a conheci e eu nunca pude entender o motivo. É por isso? Por sua causa?

— A Camilla te ajuda? — Minha mãe parece ouvir só essa parte do que digo. — Por que ela faria isso por você?

— Essa é a minha dúvida, mãe. Como vocês se conheceram? Me fala.

— Calma — minha mãe toca em meus braços, sua respiração meio alterada pelo nervosismo de estar sendo pressionada. — Calma, filha. Você não está bem.

— Ô, mãe! — Faço uma careta de indignação. — Sério que a senhora vai ficar desconversando? Agora vai ter que falar.

— Eu 'tô mais perdida que cego em tiroteio — diz Tini realmente com uma cara de perdida. — Ou a senhora anda escondendo uma filha da gente ou já trabalhou num estúdio e nunca quis nos contar.

— Esconder filha, Martina?

— Então o que foi??

Tini e eu olhamos para a minha mãe com o mesmo olhar de curiosidade. Com a mesma dúvida. Desesperadas em saber uma única coisa. A mesma coisa.

— Bom... — minha mãe segura as próprias mãos e olha para baixo. — Eu conheço a Camilla porque... bom, é meio complicado, mas ela é... A Camilla é... — Caralho, que dificuldade toda é essa pra explicar? — ela é filha de um... do...

— Licença — uma mulher de jaleco branco pede passando pela porta. — Desculpa incomodá-las, mas eu sou a doutora Andreia e eu 'tô com os resultado dos exames.

— Agora não — Tini sussurra passando a mão pela cabeça, apenas eu a ouço.

— Oi, doutora — minha mãe recebe a doutora como se ela fosse sua salvação. E é. Minha mãe quer se livrar das minhas perguntas. — Que bom que chegou, estava tão preocupada com minha filha.

— Fica tranquila, senhora, não tivemos nenhuma alteração nos exames.

— Mesmo? — Pergunto, interessada. Até esqueço que preciso confrontar minha mãe. Me perco totalmente no que escuto. — Meu bebê está bem?

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now