Capítulo 5 - Henry

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Ok, talvez eu não devesse ter pulado o almoço

Henry está agora na sua cama, depois de ter passado mal no meio da biblioteca. Ele conseguiu ligar pro seu amigo Percy que foi rapidamente buscá-lo na universidade. Quando entrou no carro, só deu tempo de fechar a porta antes de desmaiar

- Você sabe que a sua mãe vai te matar, né? - Percy está sentado no canto da cama de Henry, vendo o garoto fraco e sonolento
- É só você não contar pra ela - ele junta as mãos fazendo uma súplica e seu amigo revira os olhos
- O doutor Soares vai acabar ligando pra tia Catherine. Duvido que você tenha conseguido convencer ele a ficar de bico fechado
- A culpa foi sua de me levar pro hospital. Era só ter me trazido pra casa - o loiro bufa
- Não, mesmo, querido. Eu posso acobertar suas saídas aleatórias, seus passeios noturnos, mas quando se trata disso eu te arrasto pro doutor nem que seja na marra - Henry sabe que Pez se preocupa com ele. Nenhum outro motivo foi mais decisivo para o amigo atravessar o oceano em seu encalço do que a sua saúde

Depois de um pouco de silêncio, Pez volta a falar

- Então, você já está alimentado e sua mãe chegará logo. Me conta como foi seu dia - ele cruza as pernas na cama, saindo do "pez cuidadoso" e entrando no "pez animado"
- Quer dizer, além de passar mal, desmaiar e acordar no hospital?
- Sim, exatamente isso. Hoje foi seu primeiro dia na NYU. O que aconteceu?
- Nada de mais - mas o olhar de Henry vacila
- Mentira, aconteceu. Me conta logo. Qual bofe você já pegou?
- Não peguei ninguém! Só um garoto lá que falou comigo e eu acho que fui um pouco duro demais com ele. Eu tava com fome e fraco e ele interrompeu minha leitura - o loiro explica com uma cara emburrada, porque claramente interromper seu momento de leitura é um crime hediondo em 2 países
- Certo... Como ele é? Quero toda a descrição física e uma nota pro beijo
- Não teve beijo nenhum - Henry revira os olhos - e ele é alto, aparentemente malhado, o cabelo é cacheado e ele tem sotaque texano
- Calma, é o garoto que tava hoje na Starbucks?
- Sim
- AAAAHHHH - Pez dá um gritinho - Não acredito que aquele gostoso estuda na NYU e ainda falou com você hoje, mas acredito que você tenha sido um cuzão, seu idiota
- Ha! ha! - ele solta uma risada falsa - pois fique sabendo que ele tá na mesma turma que eu e me cantou - o moreno vibra ainda mais, se jogando na cama e abafando um grito com o travesseiro
- Ok, ok! Vamos juntar vocês. Só precisa de uma festa. A de sábado vai ser perfeita. Eu já tô sabendo que o curso de Medicina está organizando uma de boas-vindas
- Você tá sabendo mais da minha faculdade do que eu - Henry finge se incomodar com isso - e também é sábado. Eu não posso
- Nesse você pode. Sexta você não tem nada, então sábado você vai tá bom pra dançar, encher a cara e transar com aquele gostoso
- A gente nem sabe se ele vai estar lá. Deve ter umas mil festas rolando no mesmo sábado - ele não tá com nenhuma vontade de sair, mas sabe que vai ser difícil convencer seu amigo a passar o sábado em casa
- Não tô nem aí. Se ele não estiver lá, outros americanos sarados estarão. Você é bonitinho, vai atrair um mar de tubarões. Todos loucos pra provar seu sangue, bebê

Eles ficam rindo dessa besteira que o Pez disse, então escutam o barulho do carro de sua mãe que está estacionando na garagem. Eles se olham e o olhar de Henry já diz tudo: vamos dormir logo pra evitar os possíveis assuntos chatos

Pez não vai a lugar algum, pois se acostumou a sempre dormir na casa dos Fox. Ele levanta pra apagar a luz e volta a se deitar do lado de Henry, como dois irmãos que tramam escondidos da mamãe

[...]

De manhã, os dois estão com a mãe de Henry tomando café. A mulher não puxou assunto sobre o desmaio, então provavelmente não sabe de nada. Henry agradece mentalmente ao seu médico enquanto Percy conversa com ela

- E aí ele me disse que era melhor lamber a calçada do que provar meu café! Como que pode isso? - Catherine dá uma risada sincera. Ela sempre gostou das conversas do garoto
- Eu acho que ele precisa de novos projetos. Fica enjoativo depois de um tempo e seu pai já trabalha com a Starbucks há anos. Eu me lembro que ele falava sobre lançar uma linha de ração vegetariana para cachorros e gatos
- Sei não, tia. Só se for pra dar pra mim. Acho que eu prefiro meu café ruim - eles estão rindo muito, sem notar que Henry está calado faz tempo
- Terra chamando Henry? Tá com a cabeça em que planeta? - Pez estala os dedos na frente do garoto enquanto Catherine começa a tirar a mesa
- Desculpa, o que foi? - o loiro parece perdido nos pensamentos
- Deixa pra lá! - Pez desiste de tentar - vamos embora? Eu posso te deixar na faculdade antes do trabalho

Os dois se levantam e Henry dá um abraço na mãe antes de sair. Ele pega sua mochila no sofá e vai pro carro com o moreno

As ruas de Nova York estão cheias como toda manhã. Henry sempre gostou da vida agitada da cidade grande. Em Londres não era diferente, mas a diferença é que aqui ele pode ver vários cenários que só conhecia nos filmes. Ele mentalmente faz um desejo para ter ânimo e energia para explorar esse mundão novo. Em outra época isso não seria problema

- Então, vai me falar onde tá sua cabecinha?
- Bem aqui, não tá vendo? - Henry tenta brincar pra distrair o amigo, mas sabe que não vai durar
- Muito engraçado, palhaço - Pez debocha - mas, sério, me conta. É o mexicano?
- Não - mas o loiro sabe que o Alex ficou no seu subconsciente. Ele sente que deveria pedir desculpas e ser mais simpático, mas tem outras coisas também pesando no seu peito. Henry decide que prefere falar do garoto
- Vou falar hoje com o Alex. Ele queria me ajudar com o trabalho de genética, eu acho. Como eu preciso, pode ser bom ter ao menos um amigo lá dentro
- É só você não ser um idiota de novo e vai dar tudo certo. E amigos que transam e continuam amigos são as melhores pessoas - Pez brinca pra distrair Henry. O garoto sempre sabe quando seu amigo faz isso, porque seu amigo sempre sabe quando Henry está com seus pensamentos ruins
- É por isso que a gente não transa. Já somos as melhores pessoas um do outro - os dois zoam com esse pensamento estranho, já que eles são praticamente irmãos

Pez para o carro no portão principal da NYU e Henry manda um beijo quando sai do carro. Ele olha pra dentro do campus e finalmente entra, apresando o passo quando escuta seu amigo gritar algo sobre um mexicano e uma sala vazia.

#Nota do autor

Oiii!! Vocês estão gostando? Estou adorando ler os comentários ☺️ vou tentar postar outro capítulo ainda essa semana, mas se não der eu posto segunda sem falta ✌🏻

Sunshine ☀️Where stories live. Discover now