O homem assentiu sem objeções, retirando-se após um aceno para cumprir o que lhe foi designado. Namjoon se encaminhou até o balcão e se apresentou, mesmo que não fosse necessário. Um oficial o conduziu até a sala de interrogatório no final do corredor. O advogado murmurou um agradecimento baixo antes de entrar na sala.

— Park Namjoon. — Seojoon sorriu para ele, como se não se importasse com a situação em que estava.

— Seojoon. — Comprimentou-o de volta, sentando-se na cadeira. — Como você está?

— A cadeia não é bem como os hotéis cinco estrelas que estou acostumado, mas não é tão ruim. — Deu de ombros, erguendo as mãos algemadas. — O que está me incomodando é isso aqui.

— Não se preocupe, quando você for transferido para o presídio regional, elas vão sumir. — Namjoon jogou as costas largas na cadeira e o encarou com seriedade. — Jungkook já desembarcou no aeroporto.

Seojoon balançou a cabeça. — Você sabe que ele vai te odiar, não sabe?

— Eu sei. — Suspirou, massageando a nuca. — Mas não importa, vou manter minha promessa de ajudá-los.

O semblante de Seojoon mostrou-se entristecido pela primeira vez. — Não me agrada a ideia dos meus filhos estarem desamparados. Você me colocou aqui, me deve isso.

— Seus crimes te colocaram aqui, eu só fiz o meu trabalho. — Entrelaçou os dedos sobre a superfície de metal da mesa e arqueou as sobrancelhas ao receber um olhar afiado do homem que um dia fora seu amigo chegado. — Você parece muito calmo para quem está sujeito a pegar de vinte a trinta anos de prisão.

— Eu sabia que uma hora ou outra, eu ia cair. — Disse simplesmente. — Você é bom no que faz, Namjoon. Não é à toa que é considerado o melhor do estado, mas lembre-se que eu ainda tenho muitos contatos.

Namjoon umedeceu os lábios e se inclinou sobre a mesa, ficando mais próximo de Seoojon. — Tenho provas o suficiente para que nenhum dos seus contatos consiga te tirar daqui.

— Veremos. — Seoojon deu um último sorriso ladino antes do guarda abrir a porta da sala. — Cuide bem dos meus filhos, Namjoon.

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Namjoon chegou em casa por volta das nove horas da noite e, ao estacionar o SUV prata em frente à garagem, permaneceu no carro por alguns minutos, permitindo-se pensar nos acontecimentos daquela semana. Certamente, Jeon Nara, sua melhor amiga, estaria triste com toda aquela situação. Contudo, Namjoon sabia que ela não aprovaria as atitudes do marido e, quem sabe, se ainda estivesse viva, teria o impedido, e ele não precisaria estar naquela posição de vilão perante a família Jeon.

Havia feito a coisa certa e não havia dúvidas disso. No entanto, no fundo, sabia que aquilo causaria uma rachadura em sua relação com os pestinhas do outro lado da rua, em especial com Jungkook. O mais velho dos Jeon não era alguém com um temperamento muito fácil de lidar, tampouco maduro o suficiente para entender seus motivos. Jeon Jungkook, apesar de ter vinte anos, não passava de um garoto mimado e arrogante que se achava o dono da razão, mesmo que visse somente a ponta do iceberg.

Com um suspiro, Namjoon abriu a porta do carro e desceu do veículo, atravessando a rua até o jardim da mansão. Tudo parecia silencioso visto de fora; talvez suas pestinhas já estivessem dormindo naquele horário. Namjoon levou a mão até o painel da casa, mas parou no meio do caminho ao perceber que talvez não fosse uma boa ideia usar da intimidade que tinha naquele momento. Portanto, optou pelo modo tradicional. Tocou a campainha e esperou ser atendido.

Não se passaram nem dois minutos, e a porta se abriu.

— Não achei que você fosse tão cara de pau de vir aqui depois do que fez.

Jungkook estava diferente do que Namjoon lembrava. Os cabelos possuíam mechas azuis, o corpo mais robusto e repleto de tatuagens, assim como o piercing no lábio. No entanto, a rebeldia parecia a mesma de sempre.

— Oi, Jungkook.

— O que você quer? — Jeon não suavizou o semblante irritado ao se dirigir a ele.

— Vim ver como seus irmãos estão.

— Estariam melhores se o nosso pai não estivesse na cadeia.

— Eu prometi ao Seojoon que eu cuidaria de vocês e…

— Posso muito bem cuidar de mim e dos meus irmãos. Não preciso de um traidor dentro da nossa casa. — Interrompeu-o, fechando a porta atrás de si para impedir que fossem ouvidos.

— Você não sabe o que está dizendo, Jungkook. — Namjoon tentou argumentar, mantendo-se paciente. — Seu pai escolheu esse caminho, não me culpe por isso!

— O que eu sei, Namjoon, — Jungkook deu um passo à frente. — É que eu vou fazer de tudo para provar a inocência do meu pai. Até lá, eu sou o responsável aqui, e não quero você perto dos meus irmãos.

Namjoon arqueou as sobrancelhas. Não se sentiu verdadeiramente ofendido, mas sentiu pena do garoto. Jungkook era muito próximo a Seojoon, e saber da verdade iria acabar o decepcionando muito. O mais velho balançou a cabeça e se virou para sair da propriedade.

Jungkook o observou sair sem dizer nada. Seus dentes cerrados ressaltaram a mandíbula. O garoto se recusava a aceitar os fatos, recusava-se a acreditar que o homem em quem possuía uma grande admiração não passava de um corrupto. Jungkook voltou para dentro da mansão e retornou para a sala de estar onde seus irmãos estavam deitados no tapete.

— Quem era, mano? — Mina perguntou sem desviar o foco do desenho em que se empenhava em colorir.

— Ninguém importante. — Jungkook se jogou no sofá outra vez.

— Era meu padrinho? — Taehyung entregou o controle do videogame para ele, enfiando um pedaço de pizza na boca.

Jungkook resolveu ignorá-lo. Não estava com cabeça para explicar nada aos mais novos.

— Vamos jogar a última partida e depois vocês dois vão subir. Eu ‘to cansado e vocês têm escola amanhã.

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#Mercedespj

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