𝟒𝟏 | 𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐃𝐀 𝐕𝐈𝐑𝐀𝐃𝐀

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— Oito semanas.

— 'Tá bem no comecinho — Clarisse diz para me tranquilizar, mas isso só faz com que eu fique ainda mais pensativa sobre. Não completei nem dois meses certinho, ainda falta sete meses para que esse bebê nasça. Sete meses para eu organizar a minha vida até vinda desse novo bebê. Até o atual momento, nada está organizado. — Tem muita coisa pra acontecer ainda.

— Realmente. — Respiro fundo e me afundo naquele assento. Sinto uma pontada na têmpora e faço uma careta de dor, massageando a região para conter o incômodo.

— Você conversou com eles? — Clarisse pergunta notando meu desconforto e a forma como fiquei pensativa.

— Já — respondo, respirando fundo. — Tivemos uma discussão quando o Veiga descobriu sobre o Piquerez. E aí o Piquerez soube sobre o bebê e se tornou toda essa bagunça.

— Independente de quem seja o pai — ela alisa minha perna, fazendo um carinho necessário para me consolar — eles não vão sair do seu lado. Principalmente o Veiga, ele já sabe o que fazer porque vocês já tiveram um filho. Ele não vai te abandonar, você sabe disso.

— O problema não é se o Veiga vai me abandonar ou não. O problema é que... — meu peito dói enquanto expresso o que venho pensando esses dias desde domingo onde passei com a família dele e despertou esse sentimento indesejado em mim — que estou passando por isso de novo. Do mesmo jeito de 2017. Um vacilo. E eu engravidei mais uma vez. Além de nem saber quem é o pai o que é pior. E isso 'tá acabando comigo.

— Se acalme — Paula abadona a pipoca com o enteado e se senta do meu lado. Ambas com as mãos em minhas pernas agora para me oferecer o máximo de conforto possível. — Não pense assim. Pense que você vai ter outro filho. Que Thomas terá um irmãozinho e que a família irá crescer.

— Ah — suspiro, cansada. — Eu... eu 'tô tão confusa. Levei anos para superar o que aconteceu comigo em 2017. Anos para conseguir me relacionar com alguém de novo. E então me sentir bem com o Piquerez, tendo ele na minha vida de novo como nos tempos bons em casa. Para que, um dia de vacilo e deslizes, me faça ser a mesma Isabella de dezenove anos.

— Você não é a mesma Isabella — Clarisse diz com a voz firme. — Você sabe disso. Olha quem você é hoje. Quem se tornou. Você é gigante, Isabella. Uma mulher foda com uma carreira de respeito. Uma mãe incrível, não duvido que será tão maravilhosa quanto para esse novo bebê.

— Como uma mulher que engravida, e nem sabe de quem, pode ser gigante, Clarisse?

— Você se menospreza demais, Isabella.

— Eu 'tô presa num triângulo amoroso! — Minha voz sai mais elevada que o normal e eu rapidamente abaixo o tom preocupada que as pessoas nos ouçam. — E 'tô grávida. Porra. Não sei quem é o pai.

— Se acalme — Paula decide acariciar meu braço e me oferece aquele maravilhoso gesto de carinho. — Não pense nisso. Que tal a gente mudar de assunto? Olha, vamos assistir o jogo porque...

Nesse momento, nós três paramos de falar ao mesmo tempo em ver o gol que o Palmeiras acaba de tomar.

Puta que pariu.

A gente já tinha tomado um gol quase agora. Esse é o segundo. Como assim? Estamos perdendo de 2x0 em casa desse time que eu nunca nem ouvi falar? Só pode estar de sacanagem com a minha cara. O Palmeiras só pode ter pegado o dia pra me zoar.

Até me coloco em pé, decidindo esquecer os problemas da minha vida, para ser a palmeirense que surta com uma derrota feia dessa. 2x0 só no primeiro tempo é de foder, o que será que nos espera no segundo? Quero nem pensar.

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now