Unlimited Trigger

Trigger Green

— Mamãe? — perguntou Carly, encontrando os dois homens dentro da sala escura, na frente da mulher. — O que vocês querem com a mamãe?

— Oh — disse Red — entendo. Essa mulher é sua mãe, então. Eu devia ter percebido.

— O quê? — perguntou George, tentando entender o motivo da mãe de Carly estar presa naquele lugar.

— Uma cidade dominada por crianças com uma líder escolhida para os representar na Corrida das Cartas. Ainda por cima, a única adulta que encontramos por aqui tá presa em uma sala insalubre, sendo torturada a cada segundo.

— O que quer dizer, Red?! — George balançou o homem mascarado, enojado mais e mais a cada segundo que passava naquele lugar.

— Estamos no lugar conhecido como Orfanato. Eu já ouvi falar sobre essa cidade. Aqui, adultos são estritamente proibidos. Agora, eu não faço ideia do motivo da Green estar presa nessa sala horrenda e fétida.

— A mamãe foi má — murmurou Carly — muito má. Ela me seguiu por causa de umas cartas que eu não tinha.

— Ela queria suas cartas? — perguntou George.

— Sim — respondeu Carly, dando um passo para trás, apreensiva — ela tentou me machucar. Eu não tenho carta nenhuma, só as cartas branquinhas...

— Foi você que prendeu ela aqui, White? — Red perguntou olhando para a garotinha, a intimidando, mesmo que sem querer.

— Meus amigos queriam matar a mamãe, mas eu não deixei...

— Hm — Red sacou sua pistola, deixando George em alerta — entendo. Você insistiu pra que deixassem sua mãe viver, mas tudo que eles permitiram foi dar essa vida miserável pra essa mulher.

— Todos odeiam adultos — disse Carly — todos odeiam a mamãe. Eu tenho medo dos outros, então não consegui soltar a mamãe.

— Tudo bem — murmurou Red, destravando sua Five Seven — eu não consigo odiar as crianças desse lugar. Vocês têm regras, o erro foi da Green de invadir o Orfanato e tentar machucar você, que suponho que seja uma das líderes daqui.

O sangue de Red subiu à cabeça. Seus pensamentos estavam divididos. Se continuasse, faria a pequena criança inocente sofrer. Se parasse, a mulher implorando por misericórdia continuaria sofrendo. De qualquer jeito, suas ações fariam alguém sofrer e chorar. Talvez, exatamente por isso, ele começou a sorrir.

Em um estado de êxtase, Red virou-se na direção da mãe de Carly. O corpo dele havia se mexido sozinho. Ele já não conseguia mais conter sua empolgação. Sem hesitar, Red atirou na cabeça da mulher, encerrando aquela existência miserável na frente da própria filha.

Carly e George não conseguiram nem reagir ao que aconteceu. Os dois ficaram completamente estáticos. A garotinha não processou o assassinato da própria mãe em sua frente, e George não conseguia acreditar que Red tinha feito isso tão facilmente.

O homem mascarado se aproximou do cadáver da mulher e começou a procurar pela roupa dela. Tudo que encontrou foi uma única carta de um monstro parecido com um crustáceo, com as informações "Ataque: 4", "Vida: 10" e "Especial: Campo de força".

— É uma pena — Red falou sozinho, como se estivesse conversando com a mulher que acabou de matar — você parecia tão promissora. E pensar que só derrotou um único monstro. Se não tivesse atacado a própria filha, talvez você pudesse ser a vencedora, Green.

Red saiu da sala, desviando de George e Carly no caminho. Ver a expressão de choque da criança fez o coração de Red palpitar de satisfação. Por muitos anos ele reprimiu esses sentimentos, mas agora, eles foram mais fortes.

— Eu vou procurar por sobreviventes — disse Red — eu volto em alguns minutos.

Quando Red saiu da loja e começou a explorar o shopping, finalmente suas ações vieram à tona. Enquanto procurava por pessoas nas diversas lojas e praças do prédio, sua mente parecia queimar.

— Eu matei ela — sussurrou Red, falando sozinho, com o corpo trêmulo — eu matei mais uma. Três Trigger morreram por minha causa. Eu sou um assassino. Eu...

Red desabou no chão, sem forças para ficar em pé. Ele não estava fraco ou ferido fisicamente. Na verdade, ele caiu por não conseguir se manter em pé de tanto rir. Seu peito estava doendo de gargalhar sem parar. Depois de tudo isso, ele só conseguia rir.

Podendo ouvir os risos cada vez mais distantes de Red, George pegou Carly pelo braço e a tirou da sala, fechando a porta daquela sala infernal de uma vez por todas. Ele puxou a menina e se sentou no colchão, ao lado dela. Tudo que ele podia fazer naquele momento era abraçar Carly, confusa com o que havia acontecido, como se não tivesse percebido o que aconteceu com sua mãe.