Unlimited Trigger

Trigger Green

— É, eu quero. Parte de mim só queria terminar logo isso pra impedir que mais Triggers morram. Até mesmo uma criança é uma Trigger, é inaceitável.

— Se dependesse de mim, eu caçaria até o último monstro restante pra poder livrar esse fardo de uma garotinha como a Carly. Ela não merece ter a vida em risco simplesmente pelo fato de participar dessa competição.

— Vamos seguir nosso caminho original. Se acharmos algum rastro de uma criatura, vamos caçá-la. Mesmo que não seja nosso foco, talvez possamos impedir mais mortes se fizermos a Corrida acabar mais rápido.

— Certo, Red. É bom poder confiar em alguém.

— Ah, é verdade. Falando em monstros, você conferiu as cartas da White?

— Bom, eu não achei nada.

— Hm?

— Ela esconde algumas coisas em uma cinta presa na bermuda de baixo do vestido dela, como alguns carregadores da sniper, mas eu só achei cartas em branco.

— Então ela não capturou nenhum monstro?

— Vai ver ela nem sabe como fazer isso, Red. Ela é só uma criança, talvez nunca tenha saído dessa cidade pra caçar as criaturas.

— Entendo — Red se levantou e começou a andar pela loja, analisando o local. Haviam inúmeros brinquedos, tanto nas prateleiras quanto espalhados pelo chão. O estabelecimento parecia muito bem conservado, como se alguém limpasse com certa frequência.

Red se distraiu quando viu alguns brinquedos familiares. Eram dinossauros de plástico. Quando era criança, dinossauros eram a maior paixão dele, então ver aquelas figuras depois de tantos anos era um bom sinal. Um sinal de que Red ainda era ele mesmo, afinal, estava muito feliz de poder ver em um brinquedo desses naquele lugar.

Outra coisa chamou a atenção de Red. Uma porta aos fundos da loja, que possivelmente daria em uma sala apenas para os funcionários ou coisa parecida. Por algum motivo, essa porta parecia misteriosa. Havia alguma coisa saindo por baixo dela.

Red tentou abrir a porta misteriosa, mas estava trancada. George logo tentou ajudar Red com a maçaneta, mas usar a delicadeza e inteligência não parecia levá-los a lugar algum.

— Red, você tá sentido esse cheiro? — perguntou George, fazendo cara feia. Os dois já tinham certeza que algo sombrio os esperava do outro lado da porta.

— Se afaste.

Com um chute forte e preciso, Red arrombou a porta. Ele entrou em uma sala escura, com o chão totalmente sujo por uma mistura de urina e fezes. O clima daquele lugar parecia completamente diferente do resto da loja de brinquedos. Parecia que a atmosfera era mais pesada. Havia muito lixo espalhado, restos de ossos de animais e, o mais aterrorizante, uma mulher escorada na parede, olhando para Red sem piscar os olhos.

— Meu Deus — disse Red, sem acreditar nos próprios olhos.

A mulher estava presa no chão por arames, enrolados em suas pernas. Ela vestia roupas de policiais rasgadas e sujas, como se estivesse naquele lugar há muito tempo. Para piorar, ela se parecia muito com Carly.

— Que porra é essa?! — gritou George, entrando na sala, tampando o nariz com os dedos. Era aterrorizante ver algo desse tipo, ainda mais em um local dominado por crianças.

— Eu a conheço — disse Red — ela é a Trigger Green.

— Uma Trigger?! — berrou George, quase escorregando na sujeira do chão.

— Eu e ela nos conhecemos no primeiro dia da Corrida das Cartas. Ela era uma atiradora formidável, já que era uma policial.

— Então, como ela parou aqui...?!