Capítulo 3 - "Reencontro"

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Eu estava distraído que nem percebi quando a garçonete chega até mim.

— Bem vindo ao Divino Café, já quer fazer seu pedido?

Passo os olhos pelo cardápio mesmo sabendo que só iria querer apenas um café, mas eu estava afim de convencer Lucy a viajar comigo então eu teria que compra-la.

— Dois cafés e um donuts, por gentileza.

— É pra viajem?

— É sim.

Ela anota meu pedido em em seguida se retira de minha presença, enquanto esperava pude apreciar a paisagem através da janela. Estava um dia frio e chuvoso, as gotículas de água que escorriam pelo vidro tornavam tudo mais harmonioso.

Minutos depois a garota volta com um embrulho e os cafés.

— É só pagar no caixa, tenha um bom dia! — ela lança um sorriso gentil.

Apenas aceno com a cabeça e caminho em direção ao balcão, passo as mãos pelos bolsos procurando minha carteira; faço o pagamento e quando eu ia me retirar do estabelecimento, olhei de relance pelo pequeno vidro da porta que dava acesso ao que parecia ser uma cozinha, e mais uma vez eu vi aqueles inconfundíveis olhos azuis.

Fico paralisado por alguns segundos e sou tirado do transe por um homem que esbarra em mim.

— Olha por onde anda, babaca. — escuto o rapaz reclamar.

O reconheci, era o mesmo homem que acompanhará aquela moça ao hospital.

Era aquela a cafeteria que Lucy mencionou, a garota trabalhava ali.

— Me perdoe! — desculpo-me com o homem e me retiro dali.

Sigo o percurso até o hospital completamente pensativo, aquele relance que eu havia visto eram os mesmos olhos, ou eu  estava enlouquecendo, a garota era exatamente igual. Os mesmo olhos, como poderia? Eu só vi aquele olhos nos meus sonhos.

Estaciono em frente ao hospital, desligo o carro e apanho os cafés e o doce que havia comprado para Lucy, desço do veículo e tranco o mesmo.

Passando pela porta consigo enxergar minha amiga debruçada sobre o balcão da recepção, me aproximo dela e lhe ofereço um sorriso.

— Bom dia, querida e melhor amiga! — lhe estendo o café com o embrulho.

— Bom dia — ela pega o café desconfiada. — O que é isso?

— Vamos, abra!

A observo abrir o embrulho que estava o donuts.

— Você adivinhou meus pensamentos — ela da uma mordida no doce. — Nossa, que delícia. Obrigada Victor, parece que adivinhou que eu estou na TPM.

— É, bem.. como eu posso explicar..

Ela para de comer e me olha com uma carranca em seu rosto.

— É óbvio, você nunca traria nada pra mim se não fosse querer alguma coisa em troca. — Ela constata o óbvio. — Desembucha logo, o que você quer?

A observo lamber o açúcar de seus dedos, enquanto penso na melhor maneira de lhe convidá-la para viajar.

— Fomos convidados para visitar meus pais! — finjo animação.

— E correr o risco de encontrar seu irmão?! Não, obrigada. — ela bebe seu café.

— Por favor, você sabe que eu jamais pediria se não fosse importante.

Lucy me encarava desconfiada, e bufa frustada.

— Está bem, eu vou, mas qualquer gracinha daquele babaca, eu não responderei por mim! — ela diz se referindo ao meu irmão.

A abraço contente por ela ter aceitado, em seguida Lucy caminha para o andar da pisicologia; fico ali por um tempo aguardando os prontuários dos meus pacientes e assinando alguns papéis, depois de resolver burocracias, checo o quadro de cirurgias e percebo meu nome em uma revascularização.

Começo a me preparar para a cirurgia, quando me dou conta de que não havia comunicado Lucy que sairíamos naquela tarde para a casa de meus pais; parei o que estava fazendo e segui para a sua sala, chego no andar e vou em direção a porta e abro sem bater, como sempre faço.

— Lucy, eu... — minha voz desapareceu quando vi a garota sentada em seu sofá.

Era ela, a garota misteriosa.

Eu não conseguia vê-la por completo, ela estava de costa, mas o lenço cor de rosa era inconfundível.

— Me desculpe, eu volto mais tarde. 

Fecho a porta e automaticamente coloco a mão sobre o peito, verificando se ainda havia batimentos; minha boca estava seca e o ar faltava, a sensação que eu sentia ao vê-la era estranha.

Como se o meu corpo a reconhecesse e reagisse a isso, a forma como minhas mãos suam por conta do nervosismo era diferente, eu nunca havia sentido aquilo antes.

Aquele reencontro foi diferente, o meu corpo não obedecia mais aos meus comandos; eu estava diferente, meu coração acelerado sabia dizer o quanto estava feliz em revê-la.

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