Demorou? Sim. Mas fazer o quê se não tenho mais tanto tempo e ânimo para escrever?
Pelo menos estamos na ativa ainda rsrs
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O medo absoluto pode fazer o sistema sensorial de uma pessoa entrar em colapso. Junto à ele, os demais sistemas se desregulam. Tudo o que sobra é a necessidade de fuga, puro instinto de sobrevivência.
O último recurso para evitar a morte.
Enganar o inimigo.
Escapar da armadilha.
Se afastar do algoz.
Fugir do predador.
E de todas as definições, essa era sem dúvida a mais fiel para descrever o vilão que estava parado à frente de Bakugou, erguendo-se como uma muralha, um demônio noturno ansioso para estraçalhar seu pescoço usando as presas que exibia em uma fileira perversa em um sorriso macabro.
Era motivo o suficiente para sua mente gritar "CORRA!". O instinto primitivo impresso em seu subconsciente, que agora era seu último recurso de sobrevivência, deveria ser o suficiente para o salvar já uma vez que a capacidade de raciocínio o tinha abandonado.
Contudo, algo estava travando esse gatilho. E Katsuki sabia o motivo.
Traumas.
O medo potencializou a necessidade de escapar. O trauma o paralisou impedindo que tomasse qualquer providência, mesmo que a mais primitiva, alimentando por sua negligência e descaso pela própria saúde mental. A voz de Shinso reverberou em sua mente, os avisos o fazendo se culpar e autopunir pela desprezo por si mesmo.
Seus músculos não respondiam e sua mente era um caos.
Katsuki se sentiu encarcerado dentro do próprio corpo enquanto o verdadeiro prisioneiro gozava da liberdade de movimentos que ele não era capaz de realizar, deleitando-se ao notar sua expressão de pânico absoluto. A sensação do toque em sua pele foi potencializada pela descarga de adrenalina e ele sentiu a superfície queimar e se arrepiar quando o indicador maciço do vilão deslizou pela lateral de sua maçã do rosto em uma carícia sutil, desenhando um caminho até os lábios. O sangue que cobria o dedo tornou a sensação asquerosa.
O sangue de inocentes oficiais que estavam apenas cumprindo o seu dever. Mortos pela incapacidade de Katsuki de manter o cu dentro de casa. Mortos pela paralisia que o impedia de se mover enquanto eram massacrados, um a um, vítimas da força bruta de um vilão que não deveria ser capaz de fugir de sua cela.
Kirishima o queria alcançar, e Bakugou não considerou que ele seria capaz de fazer qualquer coisa para conquistar seu desejo. Um sujeito doente, perturbado e asqueroso.
A respiração de Katsuki estava ruidosa, seu peito subindo e descendo em um frenesi enquanto os demais músculos não respondiam aos comandos que tentava desesperadamente realizar. O fundo de seus olhos queimou anunciando as lágrimas de pavor e impotência que desceram por seu rosto.
