Eu odeio e sou amada

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Conforme termino de descer as escadas deslizando a mão no corrimão empoeirado, gravo o semblante do meu inimigo. Ele estava acabado. Fora remontado como uma boneca e ainda havia uma rachadura em seu pescoço, lutando para se curar. Seus olhos negros estavam fundos e sua boca estava seca. Seus cabelos, desarrumados.

Ele não se parecia em nada com aquele vampiro que eu conheci.

Ele pode ter sido o meu fim, mas encho o coração ao ter certeza de que sou o fim dele.

Minhas ponderações retornam como uma enxurrada e cenários de tortura se repetem na minha cabeça como se eu pudesse assistir realidades alternativas através de um espelho trincado.

O ódio me domina e dessa vez eu o abraço como um amigo.

Ele é meu.

Ao lado de Edward, parei na frente de Dexter. Eu sorri feito uma lunática.

— E aí, Dex. — Cumprimentei e me abaixei como se estivesse falando com uma criança, apoiando as mãos nos joelhos. Jasper apertou o ombro de Dexter e o vampiro desviou o olhar. — Tá se sentindo um merdinha, não é?

Ele não me respondeu.

Tânia, que claramente estava desconfortável com aquele clima, deu um passo na minha direção.

— O que ele fez para merecer ser tratado assim?

Eu ajeitei a postura e encarei a mulher afligida.

— Ele acabou com a minha vida e a de Edward. — Falei, transformando meu rosto em uma máscara severa.

Uma risada nasalada foi ouvida e todos nos voltamos para o "prisioneiro". Ele me olhou por debaixo das sobrancelhas.

— Se eu tivesse acabado com a sua vida, você estaria morta. — Sua voz sai rouca e doentia. Arranhada por conta de sua sede. — Pelo que vejo, só a fiz florescer. — Os olhos dele passaram para Edward — Os dois.

Ele tinha a audácia de sorrir de forma debochada.

— É. — Aproximei-me dele e segurei seu rosto. Ele fez careta pela força que apertei sua mandíbula e eu achava melhor que estivesse doendo de verdade. Sua cicatrização regrediu quando o obriguei a olhar para cima, encarando o teto. — Muito obrigada. — Rosno com o rosto pertinho do seu.

Olhando no fundo dos seus olhos, não vejo nada além de um homem perdido e encurralado. Ninguém virá salvá-lo e ele sabe que não sairá daqui vivo se tentar fugir.

Ele apertou os lábios e não respondeu.

Não de primeira, pelo menos.

— E você vai brincar comigo agora, princesa? Vai tirar meu poder de escolha e me fará seu boneco ventríloquo? Que malvada, Alysson, que malvada...

— Ela já estará sendo muito piedosa. — Edward retruca pelas minhas costas e seu tio o encara outra vez.

— Até tu, sobrinho? — ele debocha com a voz engasgada e eu o largo abruptamente.  Dexter se inclina para frente, contudo, Jasper o puxa para que ele volte a postura inicial. — Matei o seu pai, você arrancou a minha cabeça... Achei que isso nos deixava quites.

— Estamos longe de ficarmos quites.— Edward rebateu e eu o observei, atenta a seu tom rancoroso.

Não faço ideia de como ele pode estar se sentindo com tudo isso, afinal, sua história se entrelaça com a de Dexter, ele querendo ou não.

— Como vai começar com isso? — Rosalie pergunta, atraindo a atenção para si. Nós duas nos encaramos e eu me lembro do objetivo dessa reunião.

Encaro Dexter e uno as sobrancelhas, decidindo o que ordenar.

COMO MATAR UM VAMPIRO, Edward CullenWhere stories live. Discover now