— E eu… vou de suco! — Dereck diz, pegando-me de surpresa.

Sério que ele vai beber suco? Minha testa se enruga.

— Ah, não, D! Achei que fosse beber conosco!

— Gata, tenho que te levar pra casa intacta. Viemos de carro, esqueceu?

"Como esqueceria? Você me beijou no seu carro!"

Kevin torce a boca assentindo.

— Dereck está certo, Amber.
Faço um beicinho. Não é justo que todos se divirtam menos Dereck.

— Se eu soubesse, teria chamado um táxi pra gente.

— Não se incomode. Vai ser um prazer te levar para casa bêbada. Quem sabe hoje… — Ele se inclina e beija meu pescoço.

Dou um tapa forte em sua coxa musculosa.
Ele ri.

— Você está cada vez mais descarado, Dereck Miller. Está perdendo a noção da decência.

Stella e Kevin nos encaram com brilho nos olhos. Estão com um sorriso sincronizado e cheio de felicidade ao ver a nossa discussão fake.

— Amor, olha só pra eles… Dá pra sentir a tensão sexual daqui, dá?

Kevin sorri ainda mais assentindo.
— Dá para cortar de faca. — Diz ele. 

Faca.

Faca.

Faca.

Não, não posso pensar em Elliott agora e nem naquele homicídio.
Sorrio.

Um sorriso forçado e tão falso quanto o preto azulado do cabelo de Stella.

— Não se iludam com as investidas desse cara. Dereck usa mais mulheres por semana do que a quantidade de cuecas que já usou durante toda a sua vida.
Ele beija a lateral do meu pescoço mais uma vez, antes de sussurrar em meu ouvido.

— Você deveria me deixar te usar também.

Bato nele com mais força.

— Vamos ver o quão forte você é, soldado. Se continuar me beijando, vou bater em você a noite toda.
Ele ri.

— Por favor. Vou adorar que bata pra mim. Quer dizer, em mim. — Sua voz é de pura provocação. Não me dei conta de que ele poderia usar a palavra bater em um duplo sentido, mas quando se trata de Dereck e tentativas sexo, não há nada que ele não use para conseguir o que quer. Até palavras que ninguém pensaria em usar, ele usa.

— Dereck! — Dou um tapa forte no seu ombro. Todos riem. Sinto meu rosto enrubescer.

— Fico me perguntando como vai ser com vocês longe um do outro. — Diz Stella olhando de mim para D.

Mas ela tem razão. Eu também fico me perguntando a mesma coisa.

— Já disse que vou mandar cartas pra ela igual ao John.

Stella sorri.

— Aquele do filme? — Pergunta animada.

— É. Na verdade, é de um livro que virou filme. Enfim…

Ela dá de ombros pouco se lixando com a informação. Nem todos se importam com o fato de alguns dos melhores filmes saírem de livros.

— Achei que depois do filme fizeram o livro — Diz, e eu sinto vontade de socar a cara dela.

— Amor, não — Kevin diz com um sorriso — Você viu a cara que a Amber fez quando falou isso?

Aperto o antebraço de Dereck soltando uma risada. Queria poder gritar: “como você é burra e desinformada, Stella”.
Balanço a cabeça sorrindo incrédula com o que ela acabou de dizer.

— Desculpa, é que… Poxa, é o Nicholas Sparks! — Desabafo.

Ela dá de ombros. 

— Sinceramente, não faz diferença para mim, amiga.

Kevin passa a mão pelo cabelo, fitando meu rosto de decepção.

— Sabe que acabou de fuzilar a Amber com suas palavras, não sabe, amor? Ela é fã do Nicholas.

— Ah, vai ver é por isso que vive tão depressiva. Soube que aquele cara só escreve histórias com finais tristes.
Sério, agora vou dar um soco na cara dela.

— Stella, quer mesmo falar do Nicholas Sparks comigo? Garanto que te faço engolir cada palavra. Aquele escritor é maravilhoso! E para a sua informação, ele também é roteirista e os seus livros são sim muito profundos, mas não deprimentes. — Falo tão agressiva que parece que sou filha do próprio Nicholas.

— Oba! Briga de garotas! Soldados, façam suas apostas! — Kevin provoca.
Dereck ri e Stella balança a cabeça reprovando o marido.

— Pouco me importa o que o Nicholas Spartacus escreve, mas achei fofo a atitude de Dereck querer te enviar cartas.

Ela falou SPARTACUS?

— Cacete… — Murmuro cobrindo o rosto com aflição.

Os meninos gargalham.

— Você é fraca, Amber. — Ela diz expondo os dentes — Sei que é Sparks, falei  Spartacus para te irritar.

Reviro os olhos.

— Conseguiu. — Lanço um olhar de raiva para ela, mas seu sorriso maldito não desaparece.

— Enfim, enviarei muitas cartas para a minha Savannah aqui.

D me aperta contra si.

— Já falei que não vou ler carta nenhuma. Como Stella mencionou, sou depressiva.

— Voltamos à quinta série? Vai ficar me alfinetando, Amber?

— Foi você que começou, gata.

— Meninas, chega! Amber, você vai ler sim.

— Não mesmo!
Kevin me reprova balançando a cabeça.

— Ah, Amber. Para ser mulher de um soldado, tem que ter coração de aço. — Fala animado voltando seus olhos para Stella.

— Não sou mulher de ninguém, Kevin. Nem comece!

Dereck passa o braço em volta dos meus ombros e me aperta forte contra si.

— Vamos deixar a Amber em paz, gente. Ela só vai se dar conta de que sou o amor da vida dela, quando eu estiver bem longe daqui.

— Não sei não.  Mas e você, Stella? Como se sente em relação a isso?

Ela lança um olhar entristecido para Kevin antes de me encarar.

— Olha, feliz eu não estou. Mas… sei que Dereck vai estar com ele, então… confio. Acredito que vai dar tudo certo.
Caramba, a pressão pra cima de Dereck só aumenta. Eu sei que é a primeira vez do Kevin em um campo de batalha, mas não dá para fazer de Dereck seu guardião. Poxa. Sinto pena do meu fuzileiro burguês, mas também confio nele. Sei que ele é capaz, e que vai voltar bem, junto com seu irmão.

***

A noite fluiu animada, apesar das farpas entre mim e Stella que continuaram até que eu não estivesse mais sóbria o bastante para ouvir ou balbuciar qualquer coisa de tão bêbada.

Rimos e bebemos muito. E antes do meu cérebro virar um slime, pedi fritas como acompanhamento para o conhaque, rum, vodca e sei lá mais o que.

Conversamos sobre assuntos aleatórios. Na maioria das vezes, eles falavam, mas eu não ouvia por causa da cabeça focada na ausência de Elliott.

Por volta da meia noite, Dereck me trouxe para casa. Ele me ajudou a subir as escadas porque como quase sempre, dei uma exagerada brincando de misturar as bebidas. Ele me deitou na cama e se despediu trancando a porta do quarto, me deixando aqui… Vendo o teto do meu quarto girar e girar, e girar…
Pelo menos sinto sono.

Mas onde está Elliott?

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