Prólogo

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1981

Seu coração estava partido em milhares de pedaços em seu peito, cravados como cacos de vidros em seus órgãos. Cada respiração dói, cada batida do coração doía, cada pequeno movimento doía. Estar vivo nunca foi tão doloroso.

E tudo é culpa dele.

Sirius se enrolou em posição fetal no chão frio e escuro de sua cela. O cheiro de podridão e maresia não parecia uma grande coisa em meio a toda a dor dentro dele.

Foi sua ideia colocar Pettigrew como fiel dos segredos. Ele não prestou atenção nos sinais, e por Merlin, houveram sinais. Ele apenas associou tudo ao peso de estar lutando em uma guerra e com a morte de Marlene...

Ele era um inútil que não fez qualquer bem sobre a terra, sua vida e existência se resumem em dor e atrapalhar a vida dos outros. Ele lutou tanto por todos que amava e no final ele era apenas uma grande falha ambulante.

Falhou com seus pais, com seu irmãozinho, com sua família, com seus amigos e com ele mesmo. E agora aqui está ele, vivo enquanto todos que ele ama estão mortos. Por sua causa, porque ele é fraco e tolo, estupido demais para ver a verdade.

Infantil demais, apegando as esperanças de uma vida melhor. Uma vida feliz ao lado de James, Lily, Harry e Remus...

Seus olhos se elevaram brevemente para a pequena janela no canto da cela, e ele viu pelas grades negras a luz prata da lua cheia.

Remus está sozinho, de novo, e dessa vez para sempre e é tudo culpa de Sírius.

Se ao menos ele tivesse morrido no lugar dos Potter. Harry ainda teria seus pais, Remus ainda teria seus amigos, James ainda teria Lily e eles poderiam ser felizes.

Mas agora não resta mais nada além da dor e da solidão. A culpa se agarrando ao seu corpo como uma segunda pele, em um ar frio constante como se ele estivesse deitado nu na neve em uma tempestade. E não há nada que ele pudesse fazer para sair de lá, porque não há razões para ele sair de lá.

Ele merece isso, merece estar aqui, porque eles estão certos Sirius Black matou os Potters.

Não, ele não os entregou ao Lorde das Trevas diretamente, mas o entregou por meio de um rato imundo em quem ele confiou por anos de sua vida.

A ideia foi dele, quem imaginaria que o pequeno Pettigrew teria uma informação tão importante quanto a localização exata dos Potters em uma época em que eles já estavam marcados pelo Lorde das Trevas? Quem confiaria no frágil jovem com um segredo de tamanha importância?

Sirius, ele o faria. Porque é um idiota, rico e estupido que nunca foi bom em nada além de decepcionar as pessoas.

Ele via os rostos de seus amigos caídos, seus olhos acusadores o assombrando. Ele quase podia ouvir suas vozes condenando-o, suas palavras eram um lembrete doloroso de suas mortes prematuras e do papel que ele tinha nelas.

Com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele chorou pelos amigos perdidos, pela família roubada de Harry, pelos danos irreversíveis que causou. Seus soluços angustiados ecoaram pelos corredores desolados de Azkaban.

O Prisioneiro de Azkaban: Regulus Black, O Mestre de Poções (Livro 3)Where stories live. Discover now