Cap.1- Ela

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Rosa... esse era seu doce nome, Rosa e mais nada. Como a própria flor, ela era delicada e tímida, soltando seu aroma por onde passava. Cada interação com ela me deixava perdido, vagando em meus próprios pensamentos, muitos dos quais eu mal sabia que tinha até que me pegasse pensando nela.

Rosa. Seu nome ecoava em meus ouvidos com um timbre suave e doce, e, como sua personalidade, ela se revelava aos poucos. Lembro-me de quando, em nossa primeira conversa, perguntei seu nome, e ela somente soltou um sussurro, quase como o miado de um gato assustado encurralado por um enorme e sedento cão. Naquela época, eu não entendia o impacto que minha presença podia ter sobre ela.

Será que eu a assustei?

Ora, o que poderia fazer? Eu era como um tosco num mundo de graciosidade. Ela, tímida como uma rosa desabrochando, e eu, mais parecendo uma moita de espinhos que por vezes acabava espantando todos que se aproximavam. Naquela época, eu pensava que um brutamontes como eu jamais conquistaria o delicado coração daquela moça.

Por um instante, desisti e me encolhi na minha tolice. Mas, logo após, me dei conta de que estava profundamente apaixonado. Ninguém poderia negar isso, pois meus olhos se alegravam só ao vê-la passar por aquele corredor monótono da escola onde estudávamos, desejando que nossos caminhos se cruzassem e que ela caísse delicadamente em meus braços.

No entanto, uma moça tímida como ela raramente se separava de sua pequena panelinha de amigas. Ela parecia esconder um mundo de mistérios por trás de seus olhos castanhos curiosos. Cada olhar lançado na minha direção era como um convite enigmático. Quando nossos olhares se cruzavam, ela parecia querer de alguma forma analisar meu semblante, e quando eu devolvia o olhar, ela simplesmente desviava como uma gazela assustada.

A maioria dos meus colegas não conseguia entender o motivo da minha paixão por ela, e, para ser sincero, eu também não entendia completamente a origem de tanta euforia por uma simples moça de um metro e cinquenta e cinco, que parecia usar sempre o mesmo perfume suave todas as manhãs e tinha uma voz doce que me cativava. Talvez ela tenha me infectado, me atirando seu veneno letal em minha direção com aquelas mãos delicadas, só para me ver doente por ela.

Mal sabia ela que seu plano estava completo. Ela me tinha em suas mãos.

AlusivoWhere stories live. Discover now