Kyungsoo assente.

— Tem razão. E a melhor forma de fazer isso seria denunciá-los durante o Baile de Máscaras, com vários jornalistas e pessoas da alta sociedade presentes.

Jongin comete o erro principiante de olhar para o lado, e seus olhos recaem sobre a figura de Kyungsoo, focada em seu exercício. Ele aproveita que Baekhyun está se alongando para admirar como os cabelos dele, negros e reluzentes como azeviche, oscilam graciosamente na testa conforme se move.

Ele veste o uniforme esportivo do internato — um conjunto de calças de moletom e uma camiseta justa — que ressalta seus braços bonitos e os músculos tensionados das costas. Jongin sorri, satisfeito com a visão, mas algo pesado se remexe em seu estômago.

St. Georg é o próprio Inferno na Terra. Em um lugar tão rígido e conservador, Jongin nunca sabe quando poderá beijá-lo ou tocá-lo outra vez.

— Kyungsoo — chama Baekhyun, voltando sua atenção à conversa, e Jongin desvia o olhar rapidamente para sua própria máquina. — Como sabia que não eram cavalos?

Kyungsoo nunca contou, mas Jongin consegue imaginar.

Crescer em uma família real antiquada e com expectativas altas em relação ao casamento não deve ter sido fácil para alguém como ele. A família de Kyungsoo parece ser implacável na tarefa de reprimir e apagar quem ele verdadeiramente é, nem que para isso tenha que comprar mulheres para fazer companhia em sua cama.

Jongin engole em seco e pisca, tentando não pensar nessa terrível possibilidade.

— Você não precisa falar se não quiser — grunhe ele, agarrando o puxador do aparelho com um solavanco alto.

Do outro lado do ginásio, o instrutor Brown vira a cabeça na direção deles, cruzando os braços grandes como rochas diante do peito.

Quietos! — brada ele, o vozerio potente fazendo estremecer os vidros úmidos das janelas. — Se as garotinhas gostam de conversar, eu sugiro que peguem suas coisas e se mudem para St. Marien. — Ele aponta na direção do espelho. — Kyungsoo, Jongin. Vinte voltas no ginásio quando a aula terminar!

Eles abaixam a cabeça, envergonhados.

— Sim, senhor — murmuram em uníssono.

— Bom, parece que me safei dessa — sussurra Baekhyun, mordendo a boca para ocultar um sorrisinho perverso.

Após o fim da aula, Jongin e Kyungsoo percorrem as vinte voltas mais lentas do mundo. Caminham e trotam lado a lado, como em um passeio secreto e particular. Ombros se esbarrando, mãos empurrando um ao outro com o simples desejo oculto de tocar.

Entre rodopios, tropeços, quedas e risadas, eles se sentem livres e apaixonados. Vacilam e desabam, então se levantam de novo e iniciam uma perseguição animada, como garotos desfrutando de verdadeiras férias de verão.

Com o Centro Esportivo agora vazio, o lugar é só deles.

Está frio. Mais tarde, na luz pálida e azulada do vestiário, Jongin consegue ver o peitoral e os mamilos perfeitamente desenhados na camiseta de Kyungsoo. A curva tênue da escápula sob o tecido de lycra.

O Monitor-Chefe começa a se alongar diante do espelho, resmungando ao apertar os músculos tensionados nas costas.

— O que foi? — questiona Jongin, observando-o do banco.

— Acho que dei mau jeito nas costas. Ou exagerei no treino. Meus músculos doem.

Jongin está sentado para desamarrar os cadarços dos tênis, mas desiste num piscar de olhos. Ele se põe de pé e caminha lentamente até Kyungsoo, espalmando as mãos em suas costas doloridas, logo abaixo da escápula.

Herdeiros do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora