· Welcome to Café's Pizzaria!! ·

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Era cerca de onze da noite,eu e Mandy estávamos limpando algumas mesas enquanto Guizo estava sentado no balcão jogando lol no seu computador - esse garoto me tira do sério.

Enquanto me preparava para chegar por trás dele e lhe xingar,alguém entra na loja.

Seja bem vindo ao Café's Pizzaria! — Eu e Mandy dissemos ao mesmo tempo. Solto a vassoura no canto e vou até o cliente,com meu caderninho e caneta a postos.
Olá,boa noite,eu gostaria de um energético de manga. Só isso por enquanto. — A garota diz,se sentando numa mesa e abrindo seu computador. Eu anoto seu pedido e quando me viro para ir pega-lo,ela me chama novamente.

Ei,cê estuda na UPPI né? — Ela pergunta enquanto prendia o cabelo em um coque.
Me admira ver alguém que estude na UPPI em uma lanchonete de quinta categoria...Mas vou relevar isso.
Sim,você também? — Vejo um sorriso abrir em seus lábios,ela parecia surpresa e contente.
Prazer em conhecer,me chamo Hitto,eu te vejo todo dia. Eu faço direito lá,e você enfermagem,né? — Ela se levanta,se aproxima e estende a mão para mim,logo se curvando - Se eu achava que ela era asiática,agora eu tenho certeza.

O prazer é todo meu! Finalmente alguém que não é mimado daquela universidade!! — Eu digo,e ela ri,concordando com a cabeça.

Ficamos alguns minutos conversando,até começar a chegar mais clientes,que por incrível que pareça,durante a madrugada também é movimentado.  Adolescentes,viajantes,turistas,todo o tipo de gente aparece naquele lugar,e isso me assusta um pouco.

Hitto tinha cabelos não muito longos e pretos,aparentemente,natural. Seus olhos eram puxados e pretos. Assim como Guizo,ela tinha diversos piercings,mas nem tanto como meu primo - que parecia um body piercing.
Depois que levei o energético a ela,voltei ao balcão e lá fiquei,organizando algumas coisas no caixa.

Passaram-se horas e Hitto permanecia sentada na mesma mesa,mas agora com duas latas vazias de energético e comendo waffles com morangos e calda de chocolate.
Passaram-se horas e Guizo permanecia no balcão com os olhos vidrados na asiática.

— Ei... — Mandy puxa minha manga,me chamando para mais perto dela.
Diga. — Me aproximo,olhando para seu sorriso diabólico e expressão de quem quer fazer alguma maluquice.
Seu primo gostou da japinha,ajuda lá! — Ela da um tapinha no meu ombro,tentando me incentivar a ajudar Guizo a se aproximar da garota.

Reviro meus olhos,largo Mandy sozinha na cozinha e começo a caminhar,dando a volta no balcão e me aproximando de Guizo.
Sento em uma banqueta ao seu lado,ele mal se mexe,aparentemente,nem me notou aqui.

— Porque não vai falar com ela? — Esbarro meu ombro no dele,tentando incentiva-lo.
Oque? — Guizo desperta do seu transe,voltando o olhar para mim um tanto desnorteado. Parecia que ele havia tirado um cochilo durante a tarde e tivesse acordado agora.
O nome dela é Hitto,vá lá e diga ao menos um oi! — Digo,praticamente apontando para a garota concentrada no seu notebook.

As bochechas de Guizo tomaram um tom avermelhado instantaneamente,seu olhar intercalava por todo o estabelecimento.  Estava constrangido,não sabia nem como formular uma frase. Depois de tanto gaguejar,ele desiste de tentar dizer algo,solta um longo suspiro e se debruça no balcão.

E se ela me der um fora? — Guizo me olha como um cachorrinho que caiu da mudança,esperando que eu dissesse algo motivador para aliviar sua insegurança.
Para de frescura e vai logo. — Sou o mais curta e grossa que consigo.
Guizo continua a choramingar sobre o balcão,se lamentando sobre suas inseguranças por causa de uma paixonite de quarto ano. Minha paciência é grande,mas tudo tem limite.

Se você não for lá,eu vou chamá-la aqui. — Ameaço,com o mesmo olhar repreenssivo que sempre fazia para ele quando éramos mais novos.
Guizo me encara,um tanto nervoso pelo que eu poderia fazer - ele aprendeu da pior forma que nunca se deve duvidar de mim.

— Tá. Eu vou lá,mas só vou pedir o insta.. — Ele se levanta,relutante,solta um longo suspiro e dá o primeiro passo em direção a mesa da garota asiática.

Mas em um piscar de olhos,Guizo gira na ponta dos pés,como uma verdadeira bailarina. Ele gira e se volta para o balcão.
Me levanto relutante,impaciente por ter que lidar com um marmanjo de vinte e quatro anos que ainda é inseguro por causa de uma paixonite de infância,agarro seus ombros com toda a força que tenho,olho no fundo dos olhos e digo;
— Você é um homem ou um saco de batatas? — Pergunto,olhando fixamente nas orbes castanhas do garoto a minha frente.
— Um saco de batatas. — Ele responde,a voz trêmula,o suor escorrendo na testa. Solto um longo suspiro e começo a arrasta-lo pelo chão da lanchonete,guiando o corpo - que agora mais parece uma estátua - de meu primo até a mesa da garota de cabelos negros.

Assim que nos aproximamos da mesa,solto seus ombros,e ligeiramente,volto ao balcão para observar o desastre que seria Guizo tentando flertar com alguma mulher.

— Você curte the last of us?! — Ele diz com um mix de emoções estampado no rosto,estava animado,ansioso,feliz e surpreso,sorrindo e apontando para um adesivo no notebook da menina.
— E tem como não gostar?! — Ela o responde com o mesmo tom de entusiasmo,arregaçando uma das mangas de sua blusa e mostrando uma tatuagem de uma mariposa com algumas folhas.

Não demorou muito para que eles estivessem conversando - e eu não entendia bulhufas do que eles estavam falando.

— Extra! Extra! — Mandy desliza no chão da cozinha a minha frente,fingindo que sua vassoura era um microfone. — O impossível aconteceu! Guilherme Santos conseguiu flertar com uma garota sem parecer um rato com convulsão!! — Ela praticamente grita,fazendo sua voz ecoar por toda o estabelecimento.

Ignoro totalmente o comentário de Mandy,voltando minha atenção ao meu trabalho - caso contrário,nem voltaria para casa hoje.

Não demora muito para que dê onze e meia,o horário em que finalmente sou liberada. Termino de trancar a lanchonete,passando as correntes e fechando os cadeados.

Mandy e Guizo saíram na frente,rindo como se não fosse quase meia noite e metade o bairro estivesse dormindo. Mandy ria e fazia piadas sobre o quão travado Guizo era perto de uma mulher,e ele parecia querer pular dentro de um bueiro.

Começo a caminhar atrás deles,dando passos largos para alcança-los com agilidade.

Quando finalmente alcanço os dois,eles param na frente de um muro qualquer,embaixo de um poste com luz amarelada.
Guizo aponta para um poster,um anúncio sobre um show que teria no centro de eventos da cidade,neste sábado.

— Aí ó! É disso que eu tava falando. — Ele direciona seu olhar para mim,me fazendo lembrar sobre oque tinha dito sobre Alexandre na lanchonete.
Me aproximo mais do anúncio,tentando ler as letras miúdas do pôster. O show começaria às nove e meia da noite,e dependendo da sua sorte,poderia se encontrar com o artista no camarim.

Os olhos de Guizo brilham,me encarando como um cachorrinho que caiu da mudança.

— Ei Dada... — Ele cita meu apelido de infância — A gente deveria ir,né? Rever o Xandinho... Nosso amiguinho de infância! — Guizo tenta me convencer com a voz manhosa,piscando freneticamente.

— Não tenho dinheiro pra isso. — Me viro e continuo minha caminhada para o ponto de ônibus,deixando um Guizo esperançoso para trás.

Guilherme foi do ponto de ônibus até o meu ponto enchendo a minha paciência,falando o quão incrível e maravilhoso seria encontrar Xande.

Assim que chego em casa,abro a porta de meu apartamento,jogo minha bolsa sobre o sofá e pega minha gata do chão. Piluta,uma gata gordinha de pelos marrons e olhos esverdeados.

— Boa noite meu benzinho! — Encho minha bola de pelos de beijinhos,enquanto ela ronrona e se esfrega no meu rosto.
A solto no chão e vou para meu quarto; tomo um longo banho e me deito,pronta para dormir e relaxar.

Talvez,a idéia de Guizo não seja tão ruim.
Vou considerar a hipótese.

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⏰ Última atualização: Mar 24 ⏰

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