Atheya: A rainha de Sharon

Capítulo 7

Capítulo 7

Renan entrou na imensa sala de jantar de braço dado com a rainha. Observou a enorme mesa, que poderia acomodar umas trinta pessoas, e achou isso bastante estranho.

Ele olhou para a rainha e, nesse momento, os funcionários entraram, colocando seu lugar ao lado do dela. Esperaram que se sentassem para servir o jantar.

Kenya observava Renan ajudar a rainha a se sentar, e suas antenas se mexiam de maneira curiosa. Ela achou-o fofo.

— Por que está com esse olhar? — perguntou Eliezer, o ajudante do cozinheiro.

— Falo depois — ela respondeu, ainda observando o casal.

Enquanto eram servidos, Renan ficou se perguntando por que o comandante não estava à mesa com eles. Se eram um casal, deveriam permanecer juntos nesses momentos.

— Renan da Terra, tenho algo a lhe propor. Creio que ficará satisfeito. Infelizmente, estamos sofrendo com baixa taxa de natalidade. Os homens deste planeta não têm uma produção rica de espermatozoides como os humanos. Um casal recém-casado pode demorar até 50 anos para ter o primeiro filho. Conversei com um grupo de humanos que trouxemos, e eles aceitaram se casar com as mulheres de Sharon. Gostaria de saber o que pensa sobre isso. — Ela se calou antes de dizer o que estava preso em sua garganta.

Renan não entendeu completamente o que ela disse, mas percebeu que, enquanto os outros teriam uma única esposa, ele teria várias.

— Então... Tenho um grupo de mulheres interessadas em tê-lo como parceiro, caso aceite.

Ele parou de comer, pois finalmente seus pensamentos se confirmaram. Isso significava que a rainha não tinha interesse romântico nele e que Zarek era realmente seu parceiro. O que esteve prestes a acontecer entre eles no quarto provavelmente era apenas devido ao estado dela.

— E se eu não quiser fazer parte dessa "doação de sêmen"?

— Na realidade, não seria uma doação. Queremos que os bebês sejam concebidos de forma natural. Todas seriam suas parceiras.

— Quantas mulheres estamos falando?

— Quantas você quiser — ela disse, com um gosto amargo na boca.

Renan balançou a cabeça, pensativo, e voltou a comer. Olhou para a rainha novamente, que esperava pacientemente por uma resposta.

— Está bem, se é o que a rainha desejava, eu farei — disse, olhando nos olhos arroxeados que pareciam expressar desespero.

— É o melhor para Sharon.

— Entendo. E para a rainha?

Atheya ficou sem saber o que responder, sem entender o que o humano queria dizer com suas palavras. No entanto, não podia se deixar seduzir; era inconcebível que ele aceitasse uma oferta de inúmeras mulheres e, ao mesmo tempo, a desejasse.

Era tentador, principalmente porque fazia muito tempo desde a última vez que teve relações, tanto tempo que mal se lembrava quando foi. Talvez no início de seu reinado, mas não tinha certeza.

Ela abriu os lábios para falar, mas os fechou imediatamente, incapaz de formular uma resposta. Era melhor ficar em silêncio; qualquer palavra poderia fazer o humano mudar de ideia e recusar ajudá-los.

Renan voltou a se alimentar, prestando atenção no que estava comendo. A maioria dos alimentos era composta por legumes, verduras e vegetais, com apenas um prato contendo carne. Ele se perguntou de que animal era aquela carne.

— A carne não está de seu gosto? — a rainha perguntou preocupada, já que não sabia quais tipos de alimentos os humanos consumiam.

— Essa carne é de qual animal?

— É carne de Kobal, um lagarto gigante que começamos a criar em nosso planeta após firmarmos uma aliança com o planeta Mercuryon.

Renan pegou um pedaço da carne branca e o colocou na boca, sentindo um pouco de nojo, mas se esforçou para não desprezar o alimento que, aparentemente, foi preparado especialmente para ele.

Ele deu a primeira mordida, sentindo os sucos do alimento passando por sua língua, o que o fez olhar surpreso para a rainha, experimentando um sabor divino. Então, continuou a mastigar com mais vontade até engolir e continuar comendo até se sentir satisfeito.

A rainha estava satisfeita com ele, pois se alimentou muito bem, o que a fez acreditar que ele seria um excelente parceiro, cheio de vigor para todas as suas parceiras.

Renan se recostou na cadeira, sentindo-se extremamente satisfeito. Olhou para a rainha com uma expressão interrogativa. Ela mal havia comido, se alimentou como um passarinho. Isso não podia ser o suficiente para saciá-la.

— Não vai se alimentar melhor?

— Estou sem fome. E você? Parece satisfeito.

— Não tanto quanto eu gostaria.

— Faltou alguma coisa? Talvez algum alimento da Terra. Posso mandar buscar e aprenderemos a prepará-lo...

— Não se preocupe, eu falei demais. Me referia a outra coisa, algo impossível. Tudo estava divino. Vocês têm cozinheiros muito habilidosos.

Ela sorriu satisfeita com a resposta, ao menos os alimentos de seu planeta eram satisfatórios para ele.

— Está cansado? Como não nos cansamos com facilidade, dormimos poucas horas.

— Estou um pouco cansado, sinceramente, se fosse antes estaria exausto. O que fizeram comigo me deixou mais forte e resistente.

— Eu sabia que tocaria no assunto a qualquer momento. Vou explicar o que aconteceu para ter sido transformado em um homem biônico.

Ela explicou detalhadamente o que aconteceu desde que chegaram à Terra e viram os soldados. Infelizmente, o que aconteceu com ele foi um enorme engano, mas ela estava feliz por ter acesso a tecnologia tão avançada, que permitiu a restauração dos membros superiores, inferiores e a vida, graças às células-tronco.

Ele não disse nada, apenas a observou enquanto ela explicava tudo. Isso a deixou um pouco desconfortável, pois ele estava falando bastante antes de pedir explicações sobre o que havia ocorrido com seu corpo e sua vida.

— Obrigado — disse ele, com sinceridade em sua voz.

— Pelo quê?

— Por ter tomado a decisão de me trazer. Estou satisfeito com a decisão da minha rainha.

Atheya olhou para ele, sentindo seu coração se aquecer com o comentário carinhoso. Seus olhos se encontraram, e o silêncio reinou entre eles.

Kenya apareceu para retirar os pratos e talheres. Ao vê-los se olhando com tanta intensidade, suas anteninhas voltaram a girar até se enroscarem novamente. Com um risinho típico dela, voltou para a cozinha, aguardando o momento mágico do casal passar para voltar à sala de jantar.

— O que você está fazendo? — perguntou Eliezer, ao vê-la parada.

— Estou esperando os dois pararem de se olhar em silêncio.

— Você está prestando atenção no que a rainha faz? Deveria ter vergonha. Ela pode te dispensar.

— Não fiz nada de errado. Pelo contrário, estou torcendo para que o humano dê um beijo nela no fim da noite.

— Você está mais romântica do que o normal. Sabe muito bem que só beijamos nossos parceiros carnais. Para isso, eles teriam que se casar ou terem um romance.

— Seria ótimo. Teríamos um rei lindo, e o melhor, teríamos bebês no castelo. Ah, eu amo crianças... — disse juntando as mãos de uma forma sonhadora.

— Realmente, você não está bem.

A dama de honra da rainha entrou na cozinha, fazendo ambos se calarem e voltarem ao trabalho. Ilsa os observou com um olhar curioso, pois passou horas fora e não sabia o que estava acontecendo no castelo.