Capítulo 11 - Quando ficar sabendo te conto

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Ariel acordou, mas não abriu os olhos, se revirou um pouco na cama, não queria sair do seu conforto. Estava lembrando da sua conversa na noite passada com Akira, fazia tanto tempo que não via o demônio que estava começando a achar que ele era uma alucinação.
Para acabar com os pensamentos estranhos, o anjo decidiu se levantar, ele seguiu sua rotina da manhã, com muita preguiça, mas seguiu. Desceu escadas e andou corredores até a cozinha para pegar alguns biscoitos e, assim que sua fome passou, se lembrou da sua missão pessoal de hoje: Devolver à sua tia o que ela merece.

Ariel não tinha esquecido da história do dinheiro desviado do abrigo, na verdade estava tentando arranjar uma maneira pacífica de resolver isso, mas quando descobriu que sua tia desviou dinheiro para "reformar as ruas", segundo os papéis, ele percebeu que algo estava errado, por que se preocupar com ruas sendo que tem crianças precisando de apoio?Ele não sabe o que sua tia fez ou vai fazer com o dinheiro, mas, precisa repor a quantia perdida, e para fazer isso, precisava de dinheiro, mas como ele iria tirar o dinheiro da sua tia? Foi nesse pensamento que ele se lembrou das jóias que sua tia ganhara dos poucos maridos que teve, e achou uma oportunidade incrível.

Andando calmamente e silenciosamente, como alguém que não deseja nada, ele chegou no quarto de sua tia e bateu na porta, viu que não tinha ninguém e seguiu com seu caminho, abriu a porta e começou a procurar nas gavetas da penteadeira, achou coisas bem valiosas feitas de prata, mas ele queria ouro, ouro para tirar da sua tia o brilho que ela achava que tinha. Começou a procurar no guarda roupa, na cabeceira, mas quando abriu a primeira gaveta da cômoda, achou seu objetivo, começou a cantarolar enquanto procurava jóias com rubis ou cristais.

...

— ARIEL! — A tia de Ariel se assustou com ele em seu quarto.

— Hm — Ele continuou cantarolando, enquanto procurava mais duas jóias, para completar cinco.

— O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? PARE DE MECHER NAS MINHAS COISAS! AGORA! — Ela corre para sua cômoda para tentar parar Ariel aos gritos, mas o anjo continua.

— Acho que essas duas servem, não seja escandalosa tia, estou devolvendo os fundos desviados do abrigo, se quer que eu fique calado sobre isso é melhor não fazer escândalo, aliás, nem descobri sozinho, boatos circularam e eu só fui conferir, até mais tia.

Ariel fechou a gaveta da cômoda e deixou o quarto, quase pulando de alegria e satisfação ao ver a cara de boba que sua tia fez, pensou em contar tudo isso para Akira, ele iria cair de tanto rir.
Com a única missão pessoal importante do dia cumprida, o anjo voltou ao trabalho monótono do hospital, não houveram batalhas desde que Ariel viu Akira pela última vez, mas os anjos estão planejando um ataque para hoje, então talvez mais pacientes virão conforme a tarde passa.

...

Ariel a cada intervalo tomava um gole da sua bebida preferida, finalmente seu turno estava acabando, ele poderia encontrar sua cama macia novamente, mas quando mais estava distraído com sua garrafa de vinho na mão, pessoas conhecidas chegaram pela porta.

— AMBER?! — Ariel escondeu a garrafa em suas costas.

— Eu vi, não vou te xingar, temos companhia — Amber entra na sala e Jack segue.

— Oi Ariel! — O menino acena.

— Jack! Como foi passar um tempo com essa maldade em pessoa?

Jack se aproxima do anjo para conversar — Eu vi a outra aparência dela hehe...

— Bonita né?

— Maravilhosa!

— Dá pra parar de falar de mim bem na minha frente? — Amber afastou os dois com os braços.

— É melhor falar na frente ou pelas costas? — Ariel dá tapinhas no ombro da mulher.

— Não fale! — Amber bate no braço do anjo como forma de parar com os tapinhas.

Jack estava dando risadas, Ariel ficou feliz de encontrar sua amiga, parecia que não via Amber à séculos, os dois podem ter se desentendido na última vez, mas Amber continua sendo a melhor amiga de Ariel.

— Mas então, o que vieram fazer aqui? — Ariel questiona enquanto guarda sua garrafa.

— Viemos te buscar, Marco chamou todo mundo... fique feliz, seu namoradinho vai estar lá — Amber revirou os olhos.

— Mas já estão namorando?! — Jack se assusta.

— NÃO! Não ouve ela — Ariel puxa o menino para perto e sussurra em seu ouvido — Quando for oficial você vai ser o primeiro a saber!

— HAHA!

— Vamos logo! — Amber saí da sala às pressas, os dois tentam a acompanhar enquanto gritam "Espera a gente!".

Eles seguiram o caminho para o Éden, mas desta vez pegaram um caminho diferente, o caminho que fizeram pela primeira vez com o portal da Dona Morte foi um atalho, o que vão fazer agora é o caminho principal, Ariel estava louco para caminhar por essa entrada, muito se diz sobre a beleza da nação, e o anjo vai ver com seus próprios olhos.

Estava tão nervoso que seus olhos mal detectavam o lugar, mas o anjo coçou levemente o olho e ajeitou os óculos para conseguir apreciar a primeira impressão do local. Suas barreiras montanhosas pareciam portões que se abriam, as árvores eram abundantes, várias de cores e formatos diferentes, além do verde que preenchia a estrada, e dos pássaros que cantavam em vários sons e tons. Ariel ficou admirado, não conseguia fixar o olhar em um só canto, parecia uma criança curiosa, e quando começou a reparar nas flores desejou que Akira estivesse com ele, cada flor de cada cor e cheiro admirava até aqueles com o coração mais frio, Ariel desejava muito que Akira estivesse ali, para pegar uma flor e presentear o demônio, mas sentiu que não precisava que ele estivesse ali, deixou Amber e Jack irem na frente e procurou com a maior paciência a flor que mais lembrava o demônio. Não demorou muito para achar uma flor que curiosamente era uma Violeta, ela era vibrante, o roxeado de suas pétalas lembrava levemente o cabelo do demônio.
Ariel pediu gentilmente para que a flor acompanhasse ele para ser entregue como presente e a arrancou do galho com cuidado, Jack e Amber estavam quase sumindo de vista, então o anjo se apressou, guardou a flor no bolso da sua calça, com muito cuidado para não amassá-la, e correu em direção aos amigos.

— Ah eu nunca estive num campo de batalha, eu sou mais alguém que fica com a tediosa papelada... — Jack e Amber conversavam quando Ariel voltou a caminhar.

— Ainda bem, é um lugar horrível — Amber responde o ruivo.

— E você Ariel?

— Ah, sempre estive no hospital, não tenho noção de como usar uma arma, mas tenho noção do quanto ela fere.

— É verdade que Akira corta braços de anjos fora? — Jack ouviu rumores sobre.

— Sim, e ainda tem a audácia de falar que ninguém mais pode fazer isso além dele!
— Ariel não gosta muito de ver anjos desmembrados.

— Deve ser horrível! Mas porquê ele faz isso?

— Sabe que eu também quero perguntar pra ele? Quando ficar sabendo te conto.

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