22 - Abra Os Olhos

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Por que ela não reage? Era a pergunta que o atormentava.

Poucas coisas na vida o fizeram tremer tento quanto quando se aproximou mais de seu corpo imóvel e olhos fechados, tocando o rosto com um pequeno arranhão na lateral da testa, mas que por este escorria uma linha de sangue. Vê-la daquela forma era o levava ao maior de seus medos... e se ela não reagia porque...

Soltou um pouco do ar que prendia ao ver que muito fracamente seu peito subia e descia. Ela está viva, tentava se reconfortar.

— Ei... — tentou chamá-la outra vez, querendo apenas que acordasse e lhe dissesse que aquele era um péssimo dia para morrer e por isso iria levantar a sair dalí.

Não podiam perder tempo e correrem o risco de serem alcançados, piorando a situação de merda que já estavam. Não podia colocá-la em mais perigo. Por isso passou com cuidado o braço pela parte de trás de seu pescoço para em seguida passar o outro braço sob seus joelhos e carrega-la para fora dalí ele mesmo, mas sentiu algo que fez outra vez o seu mundo parar e a agonia o dominar por inteiro. Todos seus movimentos paralisaram.

Daiana estava desacordada e algum liquido envolveu seus dedos e palma quando tocou um pouco acima de seu pescoço. Desejou com todas as forças que aquilo que tocava fosse na verdade um liquido qualquer de algum daqueles frascos que se quebrou na explosão. Mas estava apenas querendo enganar a si mesmo. Era quente demais para ser o liquido de algum recipiente num frasco em um laboratório refrigerado.

Retirando sua mão lentamente para não machucá-la mais, viu o que fez seus olhos marejarem numa agonia inquietante que ao mesmo tempo que o fazia gelar de medo, o fazia ferver de raiva. Vermelho manchava sua mão na mesma medida que agora passava a colar os cabelos dela contra o pescoço e chão.

— Daiana — a chamou um pouco mais desesperado, dando leves tapinhas em seu rosto e erguendo do chão repleto de estilhaços sua cabeça com muito cuidado, apoiando-a contra seu peito. — Por favor, abre os olhos — pediu com a voz trêmula.

Não estava morta. Ela não está morta! Se assegurava de sentir sua respiração a todo instante.

Ouviu alguém o chamar, mas a voz parecia distante demais para lhe dedicar alguma atenção. Fosse o que fosse, não era importante agora.

— Ei, meu amor — sussurrou a tomando mais em seu colo, as mãos trêmulas como muito dificilmente já estiveram, afastando os cabelos de seu rosto. — Não faz isso comigo — suplicou sofrido. — Por favor — repetia desesperadamente em tom muito baixo, quase num sopro de voz angustiado. — Por favor.

Ouviu um resmungo que quase lhe passou despercebido, mas como uma chama de esperança atraiu toda a sua atenção completamente para ela e suas pálpebras que se apertavam. Não era o suficiente de reação que desejava para suspirar aliviado, mas era bom que tivesse algo. Definitivamente o muito pouco era melhor que nada.

— Ei — a chamou outra vez, incentivando-a a abrir os olhos.

Com muita dor e dificuldade, ainda sentindo tudo girar, Daiana abriu os olhos e piscou algumas vezes. O par de olhos castanhos sem nenhuma mancha vermelha foram um pequeno alivio para Bucky quando se focaram nele demonstrando confusão, pois isso significava que aparentemente não havia dano interno. Deixou que ela observasse ao redor com o cenho franzido e respiração ofegante, seus sentidos voltando aos poucos.

— O que está sentindo? — Precisava que lhe dissesse tudo para saber como prosseguir.

— A gente tem que sair daqui — ouviu uma voz feminina gritar ao fundo, mas não se importou, completamente focado na mulher em seus braços.

Quando os olhos dela se voltaram para ele, refletiam uma confusão que se não estivesse ajoelhado, certamente teria desabado no chão.

Não.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now