Cafuné e toque aveludado

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— Você está bem? — O tom de voz da Kim era preocupado. Estava sentada sobre a cama e os dedos agarravam o edredom.

— E-eu posso... — Siyeon praguejava-se mentalmente por não conseguir falar e ainda mais por aquela ideia ter passado em sua mente. — Posso...

— Pode... — Bora não queria admitir, mas achava a situação engraçada. — Pode o que?

— Eu posso fazer... — Anda, você consegue, Siyeon. A morena pensou. A Kim a encarou, esperando pacientemente. — O cafuné — A última palavra saiu de sua garganta. A morena podia jurar que estava entalada. — Eu posso fazer o cafuné.

Certo, a frase por inteiro soava ainda mais patética. Assim que falou, Siyeon quis esconder a cabeça em qualquer buraco.

Se antes as bochechas estavam quentes, agora com toda certeza queimavam a pele alva de Bora. A morena fugiu do olhar da mais baixa, o que não foi muito difícil, pois o ambiente estava sendo iluminado apenas pela luz que vinha da televisão. A Lee quis voltar no tempo para alguns segundos atrás e sequer tentar dizer algo, ao menos sabia o porquê propôs aquilo.

Na verdade, não só aquilo como muito do que vinha fazendo.

Nenhuma das duas ousou falar algo mais. Um novo silêncio então se fez presente dentro daquele quarto que agora parecia tão pequeno. Nervosas e envergonhadas demais para que qualquer palavra saísse de seus lábios, ambas deitaram sob as cobertas ao som baixo de um programa qualquer e dos pingos de chuva caindo sobre o teto, soando quase como uma bela melodia.

A morena engoliu em seco e focou apenas nas imagens passando a sua frente. Talvez assim fosse mais fácil disfarçar o constrangimento que passou. Os braços repousando atrás de sua cabeça serviam como travesseiro, mesmo que já possuísse um.

Mas por que ela não disse nada? À pergunta circulava a mente da Lee.

Era simplesmente melhor negar e não me ignorar. Siyeon pensou.

Não soube exatamente quantos minutos passaram-se. Talvez um ou dois no máximo, mas em certo momento sentiu o movimento ao seu lado sobre o colchão, não tendo coragem o suficiente para ver o que poderia ser. Sua respiração tornou-se quase imperceptível quando sentiu o calor do braço da outra repousando em seu tronco e um leve arrepio percorrer a sua pele quando os fios dourados fizeram cócegas em seu pescoço.

Bora estava deitada em seu ombro.

Kim Bora.

Siyeon soltou a respiração que sequer sabia estar prendendo. O perfume do cabelo de Bora a embriagava e ela se sentia aliviada pela mais baixa não estar deitada sobre o seu peito ou escutaria os seus batimentos completamente descompassados.

— E-eu... — Perguntava-se por que diabos gaguejava tanto em frente a outra.

— Não diga nada — Bora disse baixo, quase como se contasse um segredo. A mão trêmula permanecia repousada sobre o troco da morena, tentando a todo custo não ceder a vontade de acariciá-la por cima do grosso moletom cinza.

A frase saiu como um pedido silencioso que dizia:

“Por favor, não estrague esse momento?

A morena pareceu entender bem e apenas levou a mão — antes repousando atrás de sua nuca — para os fios rosados. Um sorriso satisfeito desenhou os lábios cheios da Kim.

— Você acha que vai chover muito? — Bora perguntou, em um tom baixo enquanto sentia o toque carinhoso em seus fios.

— Eu não sei — Siyeon tentava não soar nervosa, mas sabia que as carícias feitas, mesmo que um pouco sem jeito, a denunciavam. — Espero que não.

Acaso prometido | SuayeonWhere stories live. Discover now