A Bela Criatura

VIII

•Desperto•

Lina corria pela floresta escura se esgueirando como uma criatura selvagem, sua raposa a seguia em uma corrida.
Seus pés descalços saltavam em passos largos pisando na terra úmida até a saída da floresta, o vento gelado chicoteava suas longas ondas em seu rosto.

-Ganhou de mim de novo Cometa..-A garota disse ofegante sorrindo para a raposa.

-A lua está linda está noite Lina. -O pequeno animal de pelagem vermelha disse dando um pequeno pulo.

-Está mesmo. -Os olhos esverdeados focaram no astro brilhante.

O céu estava com linhas alaranjadas do por do sol, assim como as de seus cabelos, as flores do início da colina e o azul do profundo do céu deixavam a paisagem quase irreal.

-Amanhã já começa o outono. Na cidade as árvores já começaram a mudar de cor.

-Poderíamos fazer uma festa de Outono. Uuulll você poderia cantar e fazer uma fogueira. Todos os outros iriam adorar.

-Depois vemos isso. Estou sentido o cheiro da chuva. Melhor irmos para casa.

A raposa saiu na frente tagarelando sozinha indo até sua toca.

Já no alto da colina, a jovem princesa se deitou na grama ainda recuperando o fôlego, assistindo o céu ficando cada vez mais escuro.
Seus olhos se fecharam, deleitando-se dos sons das árvores, do cheiro de peônias e lavanda.

Seus pensamentos logo se tornaram um pequeno sonho, com memórias distantes de seu Reino florido. Havia algo ali...naquela lembrança de seus sete anos de idade escalando uma árvore alta. Ela olhava para baixo mas antes que pudesse ver a figura que a observava, uma gota de chuva caiu em sua testa a trazendo de volta do sonho.

-Droga. -Ela abriu os olhos se levantando com dificuldade.

Se deu conta de seu estado pós corrida com os pés totalmente sujos de terra. O vestido não estava tão diferente, sujo, molhado ,e com alguns pequenos cortes na barra.
Só de imaginar entrar na casa e sujar seu chão de madeira a fez procurar alguma outra solução em sua volta.
Havia um balde de água perto da varanda, sem muito esforço ela levitou a água até si, tirando a sujeita de seus pés, secando-os no tapete de entrada.

Na lavandaria retirou seu vestido se enrolou em uma toalha e foi até o banheiro.
A vapor entrava por seus poros relaxando totalmente seu corpo, seus longos cabelos definidos já estavam lavados e agora ela brigava com o secador de cabelo.

Desceu as escadas em busca de algum lanche mas se satisfez com saladas de frutas.

Finalmente se alinhando no calor do cobertor.

•Sonhar•

"Eu não a quero".

"Eu não a conheço".

"Porque ela".

Agonia, tristeza, raiva, frustração.

Sonho sentiu todos os sentimentos possíveis naqueles últimos dias, mas ele tinha tomado uma decisão.

Sentia-se cansado, mas ao mesmo tempo sentia culpa, pois o seu cansaço era estrutural, interno, injustificável do ponto de vista lógico. Como explicaria que passou os últimos quatro dias à toa, sem nem colocar os pés para fora, mas que mesmo assim sentia-se pesado, inerte, como quem fora atropelado pelas próprias reflexões e incertezas. Como confessar isso tudo e ainda poder dizer, hoje não, estou cansado. não dizia nada, não respondia.

-Morpheus...... -Uma voz sussurrou.

Uma corrente elétrica percorreu seu corpo ao ouvir ela o chamando.