— Então quer sentar em uma sala com esse cara? — Sam voltou a andar e James fez o mesmo acompanhando-o. — Depois de tudo?

Por causa desse cara, eles passaram meses sendo fugitivos do governo. Sharon sumiu do mapa. Uma guerra entre os Vingadores foi travada e Sam foi preso. Bucky abriu a boca e puxou o ar para responder, mas demorou-se um pouco mais do que gostaria, refletindo profundamente sobre suas palavras e os fatos passados.

A verdade é que não. James não queria vê-lo nunca mais em sua vida, principalmente depois do que o sujeito o obrigara a fazer. Por culpa dele, poderia ter matado Daiana, foi acusado de um crime que não cometeu e quando teve um pouco de controle sobre si mesmo, lhe tirou isso.

— Quero — respondeu por fim, mas nem ele e nem Sam sentiam segurança em sua afirmação, tanto que o Wilson ergueu uma sobrancelha bastante insinuativa.

Não obtendo mais nenhuma palavra do soldado, revirou os olhos e soltou um suspiro balançando para os lados a cabeça, pois era totalmente contra aquela ideia e não se importaria de deixar isso explicito até que desistisse daquela loucura. Esbarrar com aquele cara foi uma péssima experiência da primeira vez, o que esperar de uma segunda?

— Então, tá — suspirou estressado, pois na arte de encarar, Bucky era especialista e Sam se deu por derrotado. — Mas você sabe que não temos permissão para falar com o Zemo sozinhos.

— Eu sei — pôs as mãos na cintura e olhou para baixo num suspiro frustrado, outra vez parando de andar.

— Envolve muita coisa, muita permissão e só há duas pessoas que eu conheço que teriam permissão do governo para entrar e sair de uma visita para aquele cara sem toda burocracia que teria caso fosse um de nós, principalmente você pedindo por isso — bateu com o indicador no peito de Bucky. — E uma delas nos odeia.

Haviam apenas duas pessoas ao seu alcance que poderiam liberar o caminho até Zemo sem muitos problemas e, honestamente, não lhe agradava nem um e nem outro. Saber que o Wilson estava correto e que o forçaria a levá-los até a única pessoa acessível no momento para pedir aquele favor era revoltante, pois não queria envolvê-la.

— Sei que não quer envolver ela nisso, James — com a voz mais calma, disse quando o viu esfregar as pálpebras, não sendo difícil imaginar seu estresse. — Mas se você insiste tanto nisso, é a nossa única opção para resolver esse problema o quanto antes.

— Eu sei — bufou e desviou o olhar para o outro lado da rua agora deserta com apenas os dois parados no meio da noite.

....

Durante todo o caminho de volta, Daiana e John se mantiveram calados sentados lado a lado dentro do carro. O ambiente pequeno parecia diminuir a cada instante que aquela quietude ensurdecedora se apossava cada vez mais dos dois, dando brecha para que a tensão também crescesse entre o casal.

Daiana sentia. Ela sabia que havia algo errado com o marido, especialmente naquele dia. Algo que ia além de apenas um desentendimento com Bucky. Via em sua expressão a forma como seu maxilar estava travado, como constantemente suspirava pesadamente, como sem perceber acabava acelerando mais que o adequado, mas ela não o repreendia além de apenas segurar o cinto com força e pedir aos céus que depois do que passara, não a deixasse morrer, desta vez definitivamente, em outro acidente de carro. Olhando para as bordas brancas de suas mãos devido a força com que apertava o volante, ela agradecia mentalmente por elas não estarem em volta de seu pescoço, como uma vozinha maldosa no fundo de sua mente sugeria que era o que ele desejava.

Quando chegaram em casa, porém, seu primeiro instinto prevendo uma discussão foi pegar Alpine no colo e envolvê-la protetoramente em seus braços assim que a felina veio naturalmente até a porta recebe-la ao perceber a aproximação da dona desde o corredor.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now