Chega de guerra. Chega de pessoas se ferindo.

— Daiana! — Uma mão tocou-lhe o ombro e a puxou um pouco para trás.

Sobressaltou por ter sido arrancada dos pensamentos de forma tão abrupta, fitando confusa a mulher frustrada em sua frente.

— Não estava me ouvindo te chamar, não? — Melinda cruzou os braços e passou o peso do corpo para uma perna.

— Desculpa — pediu largando a garrafinha no chão. — Estava distraída.

—Sei — olhou-a de cima a baixo como quem não acredita. — E posso perguntar o que a distrai tanto esta tarde?

— Estava pensando sobre ontem — deu de ombros tentando fazer pouco caso para não abrir brechas para mais perguntas. — Só isso.

— Hum... — murmurou ainda a olhando daquela forma estranha que fez Daiana semicerrar os olhos.

— O que é que foi?

— Nada — curvou os lábios para baixo. — Você só está... diferente.

— Diferente? — Ergueu uma sobrancelha olhando de canto.

— Mais distraída, e isso tem uns dias — esclareceu. — Mas quantas vezes eu já chamei a sua atenção hoje? — Ergueu uma sobrancelha como ela e Daiana suspirou, reconhecendo que realmente sua mente estava voando alto desde de manhã.

— Tem muita coisa acontecendo.

— Por que não somos sinceras aqui? — Aproximou-se um passo. — Fala sério, Daiana. Eu sou sua amiga, me preocupo contigo, mas ultimamente a gente mal tem conversado sobre os seus sentimentos.

A morena suspirou outra vez e desviou o olhar para qualquer outra direção, o que costumava fazer quando estava desconfortável com algum assunto.

— Fala comigo — pediu quase suplicante tentando fazer com que seus olhos se voltassem a ela outra vez. — Tem alguma coisa a ver com o John? Vocês não estão legais, é isso?

— Mais ou menos — abaixou a cabeça, ainda sem olhá-la.

— Eu estou uma pilha de nervos por você há dias. Preciso de mais que um "mais ou menos" — imitou sua voz de forma estupida.

— Mel... — havia cansaço em sua voz, hesitando por alguns instantes. — Eu sou uma esposa horrível?

— Do que você está falando? — Olhou-a como se outra cabeça tivesse surgido de repente em seu pescoço. — Tu é maravilhosa.

— Mesmo quando me sinto mal vendo meu marido vestido de Capitão América todos os dias, andando pro aí com aquele escudo, mas mesmo assim sorrio para ele todas as vezes como se o apoiasse verdadeiramente? — Desabafou.

Apesar de ter insistido, Melinda não esperava por algo assim sendo jogado para fora tão facilmente quando Daiana costumava resistir mais, mas talvez o cansaço nítido em seu semblante fosse a causa.

— Não — disse após se recuperar da surpresa, pois pensava que o casal não enfrentava mais este problema e que Daiana tinha aprendido a apoiá-lo. — Ninguém te julgaria por isso. Está tudo bem que você não se sinta bem, é compreensível.

A outra riu de uma maneira amarga, calando-a.

— Ele me julgaria.

— Quem?

— O John.

— O John? — Franziu o cenho. — Bem, ele quer que as pessoas o aceitem e o seu apoio como esposa é importante, mas não acho que ele te julgaria.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now