— Nunca.

— Nem para os seus amigos?

A pergunta o pega desprevenido.

Para quem escreveria? Rahim levaria um tiro por ele, mas não estaria disposto a trocar correspondência. Poderia escrever para Magda, a governanta com quem fuma escondido na lavanderia do palácio, mas eles são funcionários contratados, não seus amigos. Jennie adoraria receber cartas suas, mas ela é parte da família.

A constatação o acerta como uma avalanche.

Jongin não tem amigos.

Embora esteja sempre rodeado de pessoas aonde quer que vá — em jantares enfadonhos da alta sociedade, em festas VIPs ou encontros em Iate Clubes — suas companhias são efêmeras e não duram mais que algumas noites. Jongin não se lembra de metade dos nomes dos rapazes com quem passou madrugadas bebendo ou das pessoas com quem dormiu.

Ele nunca esteve sozinho. Mas, então, olhando para trás, por que se sente tão solitário?

— Não — murmura ele, enfim. — Para ninguém.

Chanyeol é o mais próximo que tem de um amigo.

É por isso que, depois do café da manhã, Jongin decide acatar a sugestão do colega de quarto e visitar a sala de correspondência.

O que ele encontra não o surpreende. A caixa faz jus à descrição de Chanyeol, com dezenas de cartas amontoadas, revistas contorcidas em ângulos desastrosos e recortes de jornal despontando desordenadamente pelas aberturas na porta.

Ele ignora as cartas de amor e as mensagens de fãs.

Um envelope, preso à fenda do caixote embutido na parede, chama sua atenção. O mesmo papel de cor creme selado com cera dourada e o símbolo familiar de um triângulo invertido. A sensação de déjà vu o deixa enjoado. Era a isso que Chanyeol se referia, afinal?

Jongin luta contra a tentação de amassar a carta.

A correspondência é um convite formal dirigido aos membros honorários da Tríade e seus Escudeiros, convidando-os para passar um fim de semana na casa de veraneio da família Oh, em Gangwon.

Um convite que nenhum deles poderia recusar.

Além disso, há três novos escândalos sobre a Segunda Família Real escancarados em capas de revistas e manchetes impressas da internet. Sua ausência na corrida de cavalos foi mencionada, ressaltando sua "flagrante e notória incapacidade de se portar de maneira apropriada em compromissos reais".

Na última semana, sua mãe proibiu o envio de cartas de amor para ele no internato. A notícia, aparentemente inofensiva, também saiu de controle. As páginas de fofoca ignoraram a nota emitida pela assessoria do palácio de Jeolla alegando não haver suporte em St. Georg para armazenar os envios em massa. Em vez disso, os tabloides começaram a espalhar rumores de namoro e um suposto casamento do príncipe herdeiro.

"Quem conquistou o coração do solteiro mais cobiçado do país?"

Até mesmo Jennie, consagrada como um cristal intocável pela mídia, sofreu retaliação da Royal Daily. O simples gesto de soltar sua mão durante o velório do Rei Song foi distorcido como evidência de uma relação conturbada entre os irmãos. A culpa, evidentemente, recaiu sobre Jongin — o "príncipe rebelde" que não era aceito nem pela própria família.

A imprensa está ávida por fofocas agora que ele não pode alimentá-la com seus escândalos e começou a fabricar histórias de forma desonesta.

O impacto das notícias e da sua crescente solidão fazem com que os dias seguintes passem como um borrão. Jongin visita os lugares que Kyungsoo costuma frequentar — como a biblioteca, a sala de treinamento da equipe de esgrima e o Centro de Artes — e sai para fumar na zona proibida da floresta, esperando que o destino faça sua parte.

Herdeiros do SolWhere stories live. Discover now