45-Confissões de adolescentes

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-E as bonitas resolvem dormir na casa de seus namorados bem quando eu precisava conversar com vocês. – Cláudia adentrou o meu quarto aparentemente brava.

-Eu estava em casa o dia inteiro. – Lia se defendeu.

-Mas não atendeu uma ligação minha.

Cláudia não dá sossego nem quando não está de TPM.

-O que você tinha para falar bonita? – perguntei.

-Vocês também querem me contar alguma coisa que eu sei. – disse parecendo prever o que queríamos. – Então contem você primeiro e deixem o melhor para o final. – ela se sentou em minha cama junto a Lia.

-Quem começa? – Lia olhou para mim e eu apontei para a mesma. – Eu tive minha primeira vez. – suas bochechas coraram após a notícia que deu.

-O que? – Cláudia olhou desacreditada. – Você e Caíque?

-Sim, com quem mais?

-Não acha que foi muito cedo? – Cláudia indagou mais uma vez.

-Falou o exemplo a ser dado. – Lia olhou para a barriga de Cláudia e depois para a mesma. Insinuando que Cláudia também foi precipitada em suas escolhas.

-Quietinha tá? – ela pediu. -E você, o que tem para contar dona Andréia?

-Nicolas e eu não brigamos como vocês pensaram. Ele não ficou bravo no final das contas. – declarei.

-Como não, o Nicolas destruiu a cara do Eduardo. – Cláudia comentou.

-Com o Eduardo, mas comigo não. – expliquei. – Eu tinha mais do que certeza que ele iria terminar comigo.

-Ainda bem que ele não foi idiota para terminar o namoro. – dessa vez o comentário veio de Lia. – E você Cláudia, o que tem para contar para a gente?

Cláudia

-Eu contei ao David sobre a gravidez.

-E como ele reagiu? – Andréia perguntou.

Respirei fundo contando tudo desde o começo tentando não me esquecer de nenhum detalhe.

David e eu estávamos saindo da festa de aniversário que acabou em um tremendo desastre. Ele me ofereceu carona até a minha casa, mas eu recusei dizendo que poderíamos curtir o resto da noite. – não pensem merda, por favor – então fomos até uma casa de shows onde estava rolando um karaokê. Foi terrível ter que ser obrigada a ouvir os patetas desafinados cantando, mas beleza.

-Eles são terríveis. – David disse rindo daquela cena de dois casais super desafinados cantando em cima do palco.

-E porque não vai lá canta? – tentei repreender David de tirar sarro dos pobres coitados.

-Se você for eu vou. – eu achava que David estava brincando.

-Nem a pau, passe vergonha sozinho. – resisti.

-Tudo bem. – deu uma piscadela para mim e se levantou da cadeira.

Alguns minutos depois David subiu ao palco com o microfone na mão, eu achava que ele tinha ido ao banheiro ou algo assim, mas ele estava em cima do palco se preparando para cantar uma música.

Assim que a música começou a tocar eu já descobri qual era, Razões e emoções do NX Xero.

- Dizer, o que eu posso dizer
Se estou cantando agora pra você
Ouvir com outra pessoa
É que às vezes acho
Que não sou o melhor pra você
Mas às vezes acho
Que poderíamos ser
O melhor pra nós dois
Só quero que saiba (...)

Assim que David acabou sua performance foi bem aplaudido, mas não era a toa, ele era o único que fez uma boa apresentação naquela noite.

Ele se aproximava de minha mesa quando senti uma forte ânsia de vomito, sai correndo a procura do banheiro mais próximo. Eu já estava cansada de quase todas vezes que eu comia eu vomitava, aposto que eu tinha um aliem dentro de mim e não um bebê.

-Credo Cláudia, é assim que você fala do seu bebê?! – Lia me repreendeu atrapalhando minha narração.

-Deixa eu terminar de contar. – exigi.

Assim que sai do banheiro David estava me esperando na porta.

-Está acontecendo alguma coisa com você? – David me perguntou, provavelmente por ver a minha cara nada amigável.

-Não, está tudo bem. – menti.

-Cláudia você anda muito esquisita esses dias. Tem alguma coisa acontecendo e você não quer me contar.

Eu não iria dizer que eu estava grávida para David, não naquele momento, mas eu me lembrei do conselho da loira que me disse para eu contar a David sobre a minha gravidez. Só assim eu saberia se David ficaria comigo ou me largaria de vez.

-Eu tenho sim uma coisa para te contar. – falei.

-Então conte.

-Melhor a gente ir lá para fora. Aqui está muito barulho.– pedi.

Depois que saímos da casa de shows ficamos caminhando por um longo tempo até eu tomar coragem para dizer.

-Não vai me dizer o que está acontecendo? – ele perguntou, um tanto aflito pelo meu silencio.

-David eu estou grávida. – falei de uma vez antes que eu pensasse demais e acabasse desistindo de falar.

-Você está gravida. – ele repetiu as mesmas palavras parecendo não acreditar.

-Sim, eu estou. – confirmei.

-Cláudia, meu amor, eu vou ter um filho. – ele segurou meus braços e por um momento eu fiquei assustada. – Eu vou ser pai! – seus olhos se encheram de brilho e eu fiquei com um ponto de interrogação enorme em cima da minha cabeça.

-Você não está assustado? – estranhei total a sua reação.

-Estou, muito. – ele me deu um abraço.

-Eu estou com medo! – despejei minhas lágrimas sobre sua camiseta.

-Não precisa ter medo Cláu, eu estou aqui, para cuidar de você e do nosso filho. – ele disse como se tivesse o remédio para todos os meus problemas.

-David isso não se trata de uma brincadeira. É uma criança de verdade, ela vai precisar de nós, vai depender totalmente de nós para tudo. E por conta disso iremos perder nossa juventude, não poderemos mais continuar estudando, não podemos fazer mais nada por conta dessa criança. – mandei a real para ele. – E os nossos pais, já pensou em como irão reagir, eles irão...

-Mantenha a calma. Eu sei que você está confusa, eu também estou, mas acredite, tudo irá se resolver com o tempo. Não adianta se desesperar, precisamos arrumar um jeito de contar isso aos nossos pais, vai ser difícil eu sei, mas não tem pessoas melhores para nos aconselhar do que eles.

-Eu sei.

-Então mantenha a calma, meu amor! – David me deu um abraço me confortando ainda mais.

-Eu achava que você iria me deixar, ou que iria surtar com a notícia. – confessei o que eu pensava.

-Claro que não, eu te amo Cláudia e o que importa e estar ao seu lado. – ele acariciou minhas bochechas.

-Você falou o que? – eu queria novamente ouvir as três palavrinhas que ele disse.

-Eu te amo! – ele sorriu, as palavras pareciam tão naturais em seus lábios, era como se ele dissesse um simples "olá" para mim todos os dias.

Não teve como eu não me emocionar diante daquelas palavras.

Gata IndomávelTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang