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— Sabe desde que eu era pequena minha mãe sempre me fez apaixonada por astronomia, então eu amo vir aqui observar as estrelas, elas me fazem se sentir tranquilizada, não sei porque mas é como se, não importa o que aconteça elas vão estar lá por mim. — Digo a ele, como se quisesse compartilhar a mesma sensação que sinto para ele.
Posso ver o brilho em seus lindos olhos asiáticos, é como se tivesse uma galáxia dentro deles.
— Eu deveria tentar então. — Diz ele se deitando na pedra — Uau, é realmente lindo, meus pais falam que lá na Coreia não da pra ver quase nenhuma estrela, as vezes eu gostaria de ir pra lá, mas nunca conseguiria sair daqui.
Apesar da lei dos incorretos ter sido feita a uns 90 anos atrás, o governo declarou a 20 anos proibido fazer viagens internacionais, para evitar a fuga dos incorretos.
— Ei, Sabe aquela estrela ali? — Digo apontando para o pequeno ponto de luz no céu, um pouco distante a direita de Saturno — O nome dela é Altair, meu nome veio por causa dela e do cometa Halley, por isso: Halley Altair Parker. — admito que amo meu nome, quais são as chances de uma pessoa ter Altair no nome?
— Sua mãe tinha um otimo gosto pra nomes, Aliás, o que aconteceu com ela?
— Ela morreu de câncer quando eu tinha 14 anos, e meu pai nos abandonou quando eu tinha 5 anos.
— Eu sinto muito Halley, gostaria de ter conhecido ela.
— Obrigada, ela iria ter gostado de conhecer você, mas acho que ela não teria durado muito mesmo. — Droga, eu não acredito que disse isso.
— Porque?
Receio do que vou dizer e não acredito que sou capaz de dizer isso em voz alta pra ele, logo eu uma das pessoas mais preocupadas, mas sinto no fundo que posso confiar nele, então simplesmente falo:
— Hyun-Jae… Eu sou incorreta, minha mãe também era. — Pronto já falei, não posso remover as palavras que sairam da minha boca.
O segundo que se segue e desesperador e eu espero urgentemente que ele fale algo, então, ele simplesmente diz:
— Eu já sabia. — ele diz isso com um sorriso carinhoso e fofo, oque me assusta, já deveria ter suspeitado, quando ele me perguntou com expectativa.
— Como sabia? Não se importa com isso? — digo.
— Depois de passar tempo com você, comecei a reparar a base em sua testa, e entendo seu receio, mas respondendo sua pergunta… não, eu não me importo com isso, incorretos são humanos, todos tem o direito de sobreviver, aliás acho injusto eles serem chamados de incorretos, então, quem se importa se minha melhor amiga é incorreta? Você é do jeito que deve ser.
Sinto de súbito uma felicidade que não sentia a um tempo, junto com gratidão.
Mas me sinto burra de ter achado que tinha conseguido enganar ele.
— Muito obrigada, isso é muito importante pra mim, por favor não diga a ninguém.
— Por que eu diria? Se eu quisesse seu mal não acha que eu já teria te entregado?
Uns minutos de silêncio se seguem e Hyun-Jae diz:
— Você tinha prometido ler pra mim, estou esperando.
Ele deita e fecha os olhos esperando, então pego o livro e começo a ler de onde ele parou, ele presta atenção com um sorriso no rosto.

Quando estamos voltando pra casa devagar, eu reparo que não falei com as garotas hoje, o que não acontece a muito tempo, é estranho quando estão fazendo algo.
Me despeço de Hyun-Jae com sorriso e entro em casa, vejo que Krystal já está dormindo e resolvo deitar, estou tão cansada que não reparo quando adormeço.

Acordo assustada com um barulho, e vejo no relogio que são 9:00 da manhã, uma batida, mas de dia? desde que nasci não lembro disso ter acontecido de dia.
Não posso pensar, tenho que agir.
Levanto rapidamente e acordo Krystal, cubro nossa marca e corro pra floresta o problema é que reparo que tem mais policiais na área então tenho que tomar mais cuidado pra fugir, talvez hoje seja meu fim e ai vou morrer, Mas chego perto do bosque, e então reparo que o bosque está cercado de policiais.
Isso nunca tinha acontecido, eles finalmente deixaram de ser trouxas?
Mas poderiam ter continuado trouxas porque agora eu não sei para onde ir.
Não sei o que fazer, tento chegar a casa de Rachel mas vejo que ela foi arrombada.
Fico procupada com ela, e não posso ir pra casa de Ally, preciso tirar Krystal daqui.
Penso na casa de Hyun-Jae e se consigo me esconder naquele muquifo.
Não sei como chegar até lá, ainda mais com o tiroteio na rua principal, olho e vejo que não há políciais na minha frente, corro até onde posso.
Um policial aparece e aponta uma arma pra mim.
Gelo de medo mas consigo raciocinar o suficiente pra lembrar que sei fazer parkour.
Dou um mortal pra trás e jogo a perna fazendo a arma voar da mão dele.
Ela despara pra longe.
Uma vez América Singer me ensinou que um chute nas joias reais podo ser útil, e foi bem útil agora, quando o policial segura minha perna já é tarde e mais.
Krystal só está observando tudo chocada.
Enquanto ele geme de dor pego a arma e jogo forte cabeça dele.
Isso deve manter ele inconsciente por um tempo.
Saio correndo antes que ele acorde, me surpreende nenhum policial ter escutado o barulho, e ter vindo rapido.
Eu nem acredito no que fiz.
Chego na casa de Hyun-Jae pela porta dos fundos, e bato desesperadamente.
Ele abre a porta e me abraça.
— Você está bem? Porque não está no bosque? aqui não é seguro.
— Eles cercaram o bosque e saquearam a casa de Rachel eu não sei o que fazer, não sei se ela e Ally estão bem.
— Você esquceu do detalhe de que acabou com um policial. — Krystal fala, Por um momento esqueci que ela falava, de tanto tempo que passou em silêncio.
— Oque? — Hyun-Jae diz perplexo.
— Acho que deveria explicar. — Diz Krystal.
Ela explica tudo e enquanto escuto eu me pergunto como fiz aquilo.
— Uau, Halley, Uau — Ele parece tão chocado quanto eu. — Depois disso você consegue qualquer coisa, mas Halley aqui não é seguro, como vou manter vocês aqui?
Nessa hora a polícia começa a bater na porta desesperadamente.
Hyun-Jae sinaliza para fazermos silêncio e fala para ficarmos debaixo da cama dele.
Consigo escutar ele falando após ele abrir a porta.
— Bom dia? — Diz ele, quase posso imaginar um sorriso debochado nele.
— Desculpe a gritaria, você claramente não é incorreto, viu alguém que é passando por aqui? Um de nossos policiais foi agredido na rua de trás.
Seguro a vontade de rir, é cômico mesmo que eu possa morrer por isso.
— Senhor policial eu não vi ninguém, porque infelizmente estou sonolento de mais para isso, pois meu sono foi interrompido pelo barulho de policiais atrás de uma coisa que eu não sou, agora se me der licença vou tentar recuperar meu sono, um bom dia para o senhor. — Ele fecha a porta.
Começo a rir não posso evitar.
— Vocês precisam sair, eles devem voltar aqui depois, meu sarcasmo não vai convencer eles por muito tempo. — Diz Hyun-Jae.
Penso um pouco, se sair daqui não sei pra onde ir.
— O que fazemos? — Digo.
— Também não sei, não tem nenhum lugar do bosque aberto?
Balanço a cabeça em resposta.
— Já sei, vá para o mercado.
— Oque?
— Confia em mim.
— Hyun-Jae, daqui ao mercado são 300 metros.
— E temos outra opção? — Diz ele.
Realmente não tenho, estou ferrada.
— Vou sair com vocês.
— Ficou maluco? A rua ainda está em tiroteio, vai se arriscar atoa?
— Relaxa, estou tentando ajudar vocês.
Não discuto, saio na mesma hora e mantenho Krystal atrás de mim, andando por trás das casas.
Estou muito preocupada com as meninas não vi elas, e nem sei se vou vê-las, prometo a mim mesma que vou atrás delas depois que a batida acabar.
Como o mecado fica na rua principal, eu tenho de dar a volta e ir por trás da rua.
Eu não sei qual é a ideia de Hyun-Jae, porque no meu ponto de vista o mercado é muito frequentado para eu me esconder lá.
Vejo outro cadáver no chão, claramente era um incorreto, e mais uma vez repito a mim mesma que essa não é uma visão muito agradável.
  De repente vejo algo que chama minha atenção, de longe consigo ver pessoas com aquela jaqueta azul com o C estampado, mas não tenho tempo de olhar enquanto corro.
Finalmente chegamos no mercado.
Hyun-Jae chama por um tal de Max e eu não entendo nada.
— Quem é Max?
— Depois eu te explico direito eu prometo, preciso que você confie em mim.
Max chega e fala com Hyun-Jae e depois esconde eu e Krystal dentro de uma dispensa.
Realmente dá pra escutar tudo aqui de dentro
e apesar de ser apertado é mais tranquilizante.
— O que ouve com você? Não falou quase nada hoje. — Digo a Krystal.
— O que eu falaria? Você sabe que eu sou pessimista e não ajudaria em nada.
— É... Realmente você tem razão.
Passamos as próximas meia hora lá dentro morrendo de calor, por um segundo em que meus neurônios fritaram eu me pergunto porquê aqui não tem ar-condicionado, aí depois eu lembro que isso é uma dispensa, não uma casa.
Pego uma garrafa de água e jogo em cima de mim, dá para o gasto pra conter o calor, mas está tão quente que em alguns minutos estarei seca, prometo a mim mesma que pagarei Max depois.
Os momentos de calor não duram muito tempo como eu esperava quando Hyun-Jae entra e fala com a gente em um tom de desespero.
— Precisam sair daqui agora, a polícia quer revistar as dispensas e o freezer, Max está tentando enrolar eles, mas não vai durar muito tempo, você sabe como eles são, venha comigo.
Eu não tenho reação, não sei o que fazer, estou totalmente ferrada, o que me resta é ver no que vai dar.
Abro a porta de trás e saio.
Vejo um policial que não pensa antes de disparar o gatilho.
Escuto Hyun-Jae gritar meu nome, e isso é a ultima coisa que escuto antes de tudo ficar escuro.

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