𝟏𝟗 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐉𝐔𝐍𝐈𝐍𝐀

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— Isabella é uma menina frágil — minha mãe começa a falar, olhando para a televisão a nossa frente enquanto junta as palavras que a descrevem. — Ela se reveste com uma armadura para tentar se proteger. Isabella tem de ser forte. Mas tudo que aquela menina precisa é de alguém pra deixá-la em segurança.

— Ela não precisa de ninguém. — E não precisa mesmo, é forte o suficiente para lidar com tudo e mais um pouco. Se pá é mais forte do que eu. As coisas que ela faz pelo Tom e o jeito como administra a própria vida. Está longe de ser alguém frágil.

Mas minha mãe não vê assim. Ela tem um olhar materno em cima da Isabella e a enxerga com o mesmo amor que sente por mim ou pelo Gabriel. Um amor de proteção que quer sempre o melhor.

Não é atoa que ela aperta minha mão com mais força e me lança um olhar mortal.

— Raphael — ela fala com os dentes cerrados e os olhos estreitos —, eu vou te bater até que você perceba que é um completo idiota CEGO!!!

— Cego? — Protesto. — Mãe, a senhora está falando de algo que não é real. Está falando sobre uma Isabella frágil. Nós sabemos que isso não é verdade.

— Se você sentasse com ela e conversasse.

— Ela não quer conversar comigo! — Bufo irritado. — Entendeu?

— Ah, sério, vocês dois são tão difíceis.

Por que esse assunto de repente? Parece até que minha mãe sabe de alguma coisa.

— Por acaso — inclino o corpo pra frente, apoiando os antebraços nos joelhos —, a senhora 'tá sabendo de alguma coisa que eu não sei?

— Que coisa, Raphael?

— Não sei, a senhora 'tá falando da Isabella de um jeito que faz parecer que ela chegou em ti desabafando. Ela fez isso? Ela te disse alguma coisa?

— Hã? — Minha mãe faz cara de quem não sabe o próprio nome e é aí que ela se entrega. — Não sei do que 'cê 'tá falando.

— Ah, sabe sim, senhora — ela se coloca de pé e tenta se afastar, mas eu rapidamente a impeço. — Vai, mãe. O que a Isabella te disse?

— Ela não me disse nada — minha mãe resiste. — Pare de maluquice, só estou tentando abrir seus olhos. Conversei com a Lúcia, apenas.

— E o que a Dona Lucia te disse? Isabella contou alguma coisa pra ela?

— Raphael, claro que não!

Puta que pariu, minha mãe mente muito mal.

— Mãe, por favor — estou implorando, querendo entender direito o que minha mãe sabe que não pode me dizer. — Me conte.

— 'Tá — ela suspira, rendida aos meus pedidos. — Mas você precisa...

— Vamos, cara!? — Gabriel brota na sala, terminando de fechar os botões de cima de sua camisa xadrez. — Você não tem que estar na escola do Tom às duas??

Por impulso, ergo o pulso e verifico as horas no meu Apple Watch. Cinco pra as catorze, estou bem atrasado. Merda.

— Vai, Rapha! — Minha mãe começa a me empurrar, junto de meu irmão, em direção a porta da casa. — A gente conversa quando você voltar.

Ela não está querendo fugir do assunto, está? Bem típico dela.

— A senhora promete que vai me contar tudo? — Insisto, porque preciso que ela me prometa. — Me prometa, por favor.

— Prometo — seu tom não é nada confiável, mas decido confiar mesmo assim —, agora vai! Tchau, amo vocês!

Percebo que eu cometi uma cagada em não insistir sobre o assunto e descobrir o que minha mãe me esconde assim que saio porta a fora. Foi uma péssima ideia manter o silêncio. Porque eu fiquei pensando nisso o restante do dia.

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now